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sábado, 31 de maio de 2008

Um espiritismo ovino

O médium Medrado, fundador da Cidade da Luz, fez publicar um artigo no jornal A Tarde, de Salvador, BA, no dia 28 de maio, em que argumenta sobre as tantas lutas judiciais em que se mete, tal qual um cavaleiro andante em busca de aventuras e fantasias.

Não quero nessa mensagem entrar no mérito de seus embates pirotécnicos, mas sim comentar o eixo de sua argumentação. Seguem abaixo alguns trechos daquilo que ele considera "bom senso" (ave Descartes!):

"[...]
"Então, para que não pairem dúvidas, nem distorçam, guardo o respeito a você e explico humildemente:
"1 - Sou um pastor, e, como tal, você crendo ou não no que prego, gostando ou não do meu jeito, quero também pregar à minha comunidade minhas verdades, quero levar o que julgo certo a todos;
"[...]
"Agora me responda, ouvindo o bom-senso
(sic), a razão:
"1 - Não foi justo o meu pleito de pastor, na minha fé, na minha religião?
"2 - Não tenho o direito de buscar para os meus fiéis o que o seu pastor busca para você?
"3 - Não tenho o direito de reclamar, como pai que me sinto, do alimento espiritual para os meus filhos?
"Foi isto o que eu fiz.
"[...]"


Se você é espírita, não morra de rir. Contenha-se, por favor. Afinal, esse é o primeiro pastor espírita assumido! Quem se habilita a ser seu filho... ou ovelha?!

O ridículo é quase insuperável. Confesso que poucas vezes na minha caminhada espírita vi, ouvi ou li tamanha descaracterização das propostas espíritas. Ao reler Kardec nalguns artigos da sua Revista espírita ou em trechos de sua Viagem espírita em 1862, fico a pensar se sou tão toscamente obtuso a ponto de nada (absolutamente nada!) compreender daquilo que foi originalmente proposto.

Se você é espírita, imagine Kardec falando em ser pastor e ter fiéis seguidores, ou mesmo sentindo-se "pai" espiritual de seja lá quem for. Nada é mais disforme, mais incoerente e mais insólito do que essa patuscada religiosa, que certamente não encontra eco algum no bojo das propostas espíritas kardecistas.

É o sincrético movimento espírita religioso, que se imiscui no grande filão dum mercado religioso já tão bem explorado por pastores de diversas denominações. Mais uma, menos uma... nenhuma diferença.

Olha no que deu o espiritismo...

Confesso minha extrema dificuldade em assumir uma identidade espírita diante de exemplos tão eloquentemente desconexos e pouco elaborados.

2 comentários:

Forum de Direitos Humanos disse...

olá sérgio.

sou espírita a alguns anos e nessa trajetória busco não só as orientações da codificaçãso, mas tambem o diálogo com outros irmãos, espíritas e não espíritas, acerca dos ensinamentos trazidos pelos espíritos com o objetivo de uma sólida formação como espírita.
quando lí a proposta do blog na parte superior, me animei. no entanto ao ler o comentário sobre o artigo de josé medrado acima citado fiquei surpreso, pois não condizia com a proposta inicial.
incoerentemente é destacado um trecho do referido artigo e em seguida comentado sem a menor contextualização. prefiro acreditar tratar-se de um equívoco de abordagem, por isso faço o presente comentário.
estarei sempre passando pelo blog a espera de novas mensagens e aguardo uma resposta ao que aqui escrevi.
ciente de sua compreensão,
eneas andrade.

Sergio Mauricio disse...

Caro Enéas,

Não houve equívoco de abordagem nem incoerência em relação aos objetivos desse espaço. Aqui não há dogmatismos nem idolatria de nenhuma espécie. O texto reflete exatamente o que penso. Sugiro a leitura dos anteriores sobre o mesmo tema, pois darão a visão clara sobre como vejo tal postura.

Abraços fraternais.

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