Pesquisar este blog

terça-feira, 7 de setembro de 2010

10 lições curtas para curar o criacionismo dos criacionistas

Eli Vieira

Fonte: Evolucionismo - I think
http://evolucionismo.org/profiles/blogs/10-licoes-curtas-para-curar-o

1) Teoria é o melhor tipo de explicação que a ciência pode produzir.

Computadores, vacinas, carros e aviões funcionam baseados em teorias científicas. E funcionam bem na medida em que essas teorias científicas explicam o mundo bem.[1]

2) A Terra é antiga.

Se ignorar toda a teoria do decaimento radioativo e fizer deduções simples baseadas no resfriamento da Terra, você vai encontrar no mínimo mais de 50 mil anos para a idade do planeta (isso foi feito séculos atrás por mais de um pensador, incluindo Isaac Newton [2]). O decaimento radioativo simplesmente mostra que o sistema solar como um todo se estabilizou como matéria há 4.540.000.000 de anos. Portanto a Terra tem no mínimo 4,54 bilhões de anos. Isso é tão estabelecido em ciência quanto a gravidade.[3]

Quem nega simplesmente é ignorante (e se quisesse negar de forma honesta e sistemática, teria que entender as teorias científicas de geocronologia, não ficar batendo na tecla de textos religiosos milenares).

3) As características dos seres vivos são passadas de geração em geração pelos genes.

Os genes são trechos de uma molécula longa chamada DNA (e temos 46 fitas de DNA no núcleo de cada célula do corpo, em geral). Qualquer pessoa, usando os instrumentos adequados, pode ver que este DNA é copiado imperfeitamente ao longo das gerações. Isso significa que os genes mudam. Isso significa que os seres vivos mudam. E a implicação inescapável disso é que os seres vivos mudam coletivamente.[4]

4) As populações dos seres vivos mudam porque os organismos mudam.

A biologia tem um nome para essa mudança, e este nome é “evolução”. E por usar este nome, não quer dizer que a biologia queira dizer mais que o que já foi dito: evolução é mudança (de características das populações ao longo das gerações). Nada mais.[5]

5) Assim como uma estalactite no teto de uma caverna qualquer...

...é o resultado de microscópicas acresções de carbonato de cálcio quando a água se evapora em sua ponta, as mudanças grandes da história da vida são o resultado inevitável de mudanças pequenas nos seres vivos. Não há mecanismo de parar a macroevolução, assim como não há mecanismo para evitar que a estalactite cresça ao longo dos séculos. [6][7]

A não ser que a estalactite se quebre, ou a espécie se extinga, coisas que também acontecem naturalmente.

6) Os nativos de Ruanda, no passado, separavam seu povo em três “raças”.

Eles pensavam que cada uma dessas “raças” tinha vindo de um casal. [8] Estavam errados. Assim como os ruandeses estavam errados, os cristãos fundamentalistas estão errados ao dizer que a Humanidade veio de um único casal. Isso é geneticamente impossível. [9] Adão e Eva nunca existiram.

As teorias científicas que mostram de onde veio a humanidade são a genética e a teoria da evolução. Ambas se complementam harmonicamente, como qualquer grande geneticista de humanos pode confirmar. Perguntem a Alan Templeton, perguntem ao octagenário Francisco Salzano da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: a resposta vai ser a mesma: a humanidade veio de uma população africana de hominídeos, porque isso está escrito nos genes.[10]

Por que o ser humano se parece tanto com os macacos: olhos estereoscópicos, dedos preênseis, quase sempre um só bebê por gestação? Até mesmo Carl von Linné (Carlos Lineu), o inventor da classificação biológica, disse há mais de 200 anos:

“Se tivesse dito que o homem é um macaco ter-me-ia exposto à irritação de todos os eclesiásticos. Talvez devesse ter feito isso.”[2]

Qual é a explicação para dois irmãos ou dois primos serem parecidos? Qualquer pessoa em sã consciência dirá que é porque herdaram essas características de um avô ou um pai.

A analogia é a mesma em relação à espécie humana e os macacos: a melhor explicação para nossa semelhança é que temos uma espécie ancestral comum, E NÃO QUE O HOMEM VEIO DO MACACO, assim como você não veio do seu irmão nem do seu primo.

7) As teorias da cosmologia...

...que explicam o estado em que o universo se encontrava há 13,7 bilhões de anos atrás são completamente independentes da teoria científica da evolução biológica. Uma galáxia não é uma ameba. Uma estrela não é um grão de pólen. Uma nebulosa não é uma colônia de bactérias.

Então, por favor, parem de misturar big bang com evolução biológica, de uma vez por todas. Parem de emitir certificado de ignorância de graça, não fica bem para vocês!

8) A teoria da evolução tem tanto a ver com o holocausto dos judeus...

...quanto a teoria atômica tem a ver com as bombas de Hiroshima e Nagasaki. Teorias científicas são moralmente neutras, e podem ser usadas para o bem ou para o mal. Pode-se usar a teoria da evolução para o bem ao ressaltar que a humanidade é única e não se divide em raças, porque é uma espécie recente (surgiu entre 150 e 200 mil anos atrás, na África).

Desde que a humanidade fabricou a primeira lança, os homens poderiam usar a lança para caçar e alimentar seus filhos ou para furar os torsos de outros homens. A lança nada tem a ver com as decisões morais humanas. A lança simplesmente funciona para estes fins. Teorias científicas simplesmente funcionam para explicar fatos da natureza.

9) Mesmo se Darwin fosse um crápula,

canibal, pedófilo, ladrão, ou assassino, isso em nada prejudicaria a teoria da evolução. Saibam separar pessoas e ideias. Os biólogos não amparam a teoria da evolução sobre a pessoa de Darwin (nem precisariam fazer isso, pois mesmo se Darwin não tivesse existido, ainda haveria outras figuras na história para descobrir a evolução biológica e o mecanismo que a causa). Teorias científicas são explicações, só precisam se amparar em experimentos e dados do mundo, e não sobre figuras de autoridade. O fato de Darwin ter sido uma pessoa com um forte senso de moralidade e ética, e um pai e marido amoroso, também não contribui para a teoria da evolução.[11]

10) Você não vai ser uma pessoa melhor nem pior se aceitar a evolução.

Aceitando, a única coisa que você ganha é estar mais informado sobre o mundo que te cerca. Não seja preconceituoso, leia textos básicos de evolução como os de Stephen Jay Gould e Ernst Mayr. Se você não gosta de ver pessoas que nunca leram a Bíblia falando dela, por que você poderia passar por cima do trabalho dos biólogos e saber a origem das espécies sem nem ao menos estudá-las?

Aceitar a evolução não vai fazer de você um ateu, porque há muitos evolucionistas que acreditam em um deus ou vários deuses. Há biólogos espalhados por todo o mundo, com criações religiosas diferentes. O motivo pelo qual todos concordam que a evolução existe é simplesmente porque eles sabem que o DNA muda, portanto os organismos mudam, portanto as populações mudam, portanto as espécies mudam.

Assim como espeleólogos sabem que o gás carbônico vira um ânion carbonato em contato com água, e se esta água for rica em cátions de cálcio e evaporar, esse ânion se unirá a este cátion por força de suas cargas, produzindo um sólido chamado carbonato de cálcio, e que o ambiente das cavernas garante que isso ocorra sem perturbações ao longo de séculos causando o crescimento das estalactites e estalagmites.

Será que sua vaidade te proíbe de estudar as conclusões dos biólogos? Pense se você agiria diferente se achasse que as estalagmites só podem ser feitas por escultores inteligentes e não por processos naturais.

Referências

[1]Gregory, T. (2007). Evolution as Fact, Theory, and Path Evolution: Education and Outreach, 1 (1), 46-52 DOI: 10.1007/s12052-007-0001-z
[2] Gribbin, John. Science: A History. Penguin, 2002.
[3]Dalrymple, G. (2001). The age of the Earth in the twentieth century: a problem (mostly) solved Geological Society, London, Special Publications, 190 (1), 205-221 DOI: 10.1144/GSL.SP.2001.190.01.14
[4] Snustad, DP & Simmons, MJ. Fundamentos de genética. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2008
[5] Ridley, M. Evolução. Porto Alegre, Artmed, 2006
[6] Short MB, Baygents JC, Beck JW, Stone DA, Toomey RS 3rd, & Goldstein RE (2005). Stalactite growth as a free-boundary problem: a geometric law and its platonic ideal. Physical review letters, 94 (1) PMID: 15698145
[7] Gee et al. (2009). 15 EVOLUTIONARY GEMS Nature DOI: 10.1038/nature07740
[8] Strickland, D. (2009). Kingship and Slavery in African Thought: A Conceptual Analysis Comparative Studies in Society and History, 18 (03) DOI: 10.1017/S001041750000832X
[9] RALLS, K., BALLOU, J., & TEMPLETON, A. (1988). Estimates of Lethal Equivalents and the Cost of Inbreeding in Mammals Conservation Biology, 2 (2), 185-193 DOI: 10.1111/j.1523-1739.1988.tb00169.x
[10] Wilson AC, & Cann RL (1992). The recent African genesis of humans. Scientific American, 266 (4), 68-73 PMID: 1566032
[11] Moore, J & Desmond, A. Darwin: A vida de um evolucionista atormentado. Geração Editorial, 2000.

Estatuto do Nascituro: ameaça para todos

Fonte: Aborto em Debate
http://www.abortoemdebate.com.br/wordpress/?p=1168

O Projeto de Lei 478/07, mais conhecido como Estatuto do Nascituro, ameaça a saúde de todos os brasileiros e brasileiras, mas principalmente das mulheres grávidas, em especial as enfermas, as mais pobres, e as sem acesso a informação e cuidados de saúde adequados.

Basicamente, o que o Projeto de Lei faz é dar “plena proteção” e “prioridade absoluta” ao nascituro, definido como “o ser humano concebido, mas ainda não nascido”, incluindo os seres humanos “concebidos in vitro, mesmo antes da implantação no útero da mulher“, além de determinar a punição de qualquer “violação” de seus direitos, por “ação ou omissão”. Com isso, impede a pesquisa com células-tronco embrionárias, restringe o acesso de mulheres grávidas ao aborto terapêutico e a uma série de tratamentos de saúde, e pode criminalizar gestantes por atos tão simples como fazer o trabalho doméstico. Cria ainda a surreal situação em que um embrião fertilizado in vitro, mantido no estoque de uma clínica de fertilização, merece uma proteção mais ampla do que uma pessoa já nascida, e um embrião implantado há um dia no útero da mulher teria prioridade de atendimento (por exemplo, em assistência médica) sobre um recém-nascido.

Veja abaixo quais são os problemas com o Estatuto do Nascituro:

- Proibição do aborto terapêutico e restrição da gestante a tratamentos de saúde contra doenças como o câncer: O Art. 4º do PL diz que o nascituro deve ter assegurado, com absoluta prioridade, entre outras coisas, seu direito à vida, à saúde e ao desenvolvimento. “Absoluta prioridade” significa prioridade sobre qualquer direito de qualquer pessoa, inclusive os da mulher que o carrega. Isso significa que a gravidez não pode ser interrompida mesmo que ameace a saúde da gestante, pois a “vida” do feto tem prioridade sobre a saúde da mulher. Como o Art. 5º do projeto determina que qualquer “violência” contra o nascituro será punida na forma da lei, um tratamento de saúde que ameace a continuidade da gravidez pode ser considerado ilegal, com a consequente punição dos profissionais responsáveis por ele e da paciente. Quando os abortos terapêuticos foram proibidos na Nicarágua, em 2006, os profissionais de saúde passaram a trabalhar com tanto medo de persecução penal e perda das licenças profissionais, que a consequência foi que gestantes tornaram-se incapazes de ter acesso a tratamentos como quimioterapia, radioterapia, cirurgia cardíaca e até mesmo analgésicos, pois tudo isso pode afetar o embrião ou feto. O medo de participar em um processo de abortamento (espontâneo ou provocado), mesmo que seja para interrompê-lo, é tão grande que mulheres com hemorragia simplesmente não recebem atendimento médico. Segundo a organização internacional Human Rights Watch, só no primeiro ano de legislação proibitiva, 82 mulheres morreram.

- Criminalização de mulheres grávidas e do aborto espontâneo: Em países com legislações que punem atos contra o nascituro, como os EUA, mulheres grávidas são tratadas como criminosas em potencial. Em alguns Estados, elas podem ser investigadas e processadas se consideradas responsáveis por atos que ameacem o feto. Em outros, podem ser internadas contra sua vontade em hospitais, mesmo que a existência de filhos pequenos ou a necessidade de trabalhar tornem a estadia extremamente desaconselhável. Em alguns lugares, podem ser condenadas por homicídio se consideradas responsáveis pelo nascimento de um bebê natimorto. Essa lei criminalizaria principalmente mulheres pobres por não ter acesso a informação e a uma rede de apoio adequada. Talvez fazer trabalhos domésticos pesados, carregar crianças no colo, andar de moto ou de bicicleta, apenas para citar alguns exemplos, não sejam os atos mais recomendáveis para uma mulher com uma gravidez de risco. Mas muitas vezes não existe alternativa para a mulher que é pobre, mãe solteira, não pode deixar de trabalhar e não tem ninguém que possa cuidar de sua familia, ou que possa fazê-lo permanentemente. Embora algumas gestações exijam que a mulher faça pouco ou nenhum esforço, o repouso absoluto não é uma opção para a grande maioria das mulheres brasileiras. E nenhuma mulher deveria ser punida por tentar prover sua subsistência e a de sua família.

Mesmo quando o ato é claramente prejudicial, como o fumo ou o uso de drogas, a criminalização do comportamento da mulher durante a gravidez é desaconselhada por todos os organismos de saúde que já conduziram estudos sobre o tema. Nos EUA, onde gestantes podem ser presas e perder a guarda dos filhos por uso de drogas durante a gravidez, algumas cidades chegam ao cúmulo de conduzir testes toxicológicos em todas as pacientes que chegam ao hospital para dar à luz ou buscando cuidados pré-natais. Se é descoberta a presença de drogas no organismo, a polícia é chamada e a mulher é imediatamente presa (algumas ainda sangrando devido a complicações do parto). A Associação Americana de Saúde Pública, Associação Médica Americana, e o Conselho Nacional de Uso de Drogas e Álcool são contra a persecução criminal de gestantes por uso de drogas, já que numerosos estudos comprovam que tal política evita que as mulheres procurem cuidados pré-natais e tratamento contra a dependência, causando muito mais mal a sua saúde e à do feto.

Existe ainda o problema de determinar exatamente o que foi responsável pela “violação ao direito do embrião”. Há que se perguntar se é sensato submeter uma mulher que acabou de passar pela experiência traumatizante de um aborto espontâneo (evento que pode ocorrer em cerca de 25% das gestações) a uma investigação para determinar sua culpa no evento, e quem sabe puni-la por isso. É um verdadeiro atentado contra sua saúde mental, considerando que a maioria das mulheres experimenta sensação de culpa pelo abortamento, independentemente de sua responsabilidade nele, e sintomas de depressão e luto que, sem tratamento, podem inclusive agravar-se para um quadro de depressão clínica. Apontar o dedo para esta mulher em busca de sua parcela de culpa no evento é violar o direito constitucional de não sofrer tratamento cruel, desumano ou degradante.

- Proibição e criminalização de pesquisas com células-tronco: a pesquisa com células-tronco embrionárias, realizada com embriões fertlizados “in vitro” , é de enorme importância na busca de cura para doenças hoje consideradas incuráveis, como a distrofia muscular progressiva (doença que gera degeneração dos músculos, culminando em comprometimento dos músculos cardíacos e respiratórios), diabetes, doenças neuromusculares, renais, cardíacas ou hepáticas. Ela é realizada com embriões que seriam descartados por clínicas de fertilização in vitro. O Supremo Tribunal Federal decidiu em 2008 que esse tipo de pesquisa não viola o “direito à vida” do embrião, pois este direito é inexistente, e integra o direito fundamental à saúde. Já que o Estatuto do Nascituro pretende punir qualquer violação ao direito à vida de embriões, inclusive os fertilizados in vitro, o Projeto passa por cima da interpretação do STF, guardião e intérprete maior da Constituição, viola o direito inviolável à saúde, e pretende reinstaurar a vergonhosa situação em que embriões que poderiam salvar vidas eram descartados no lixo.

CHAMADO PARA AÇÃO: ASSINE A PETIÇÃO CONTRA O ESTATUTO DO NASCITURO
Powered By Blogger