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sábado, 26 de dezembro de 2009

The Out Campaign

The Out Campaign: Scarlet Letter of Atheism

Campanha OUT

Ateus sempre estiveram na vanguarda do pensamento racional, e agora você pode compartilhar seus ideais fazendo parte da Campanha OUT.
come out

Ateus são muito mais numerosos do que a maioria das pessoas imagina. Saia do armário! Você se sentirá livre, e seu exemplo vai encorajar outros a sair também (Não "tire" ninguém, espere que eles saiam por si mesmos quando estiverem prontos).
reach out

A Campanha OUT permite aos indivíduos mostrar aos outros que não estão sozinhos. Também pode ser uma boa forma de se iniciar uma conversa e ajudar a demolir os estereótipos negativos dos ateus. Deixe o mundo saber que não estamos prestes a desaparecer e que não vamos permitir que aqueles que nos condenam empurrem-nos para as sombras.
speak out

À medida que mais e mais pessoas aderirem à Campanha OUT, menos e menos pessoas se sentirão intimidadas pela religião. Nós podemos ajudar os outros a compreender que existem ateus de todas as formas, tamanhos, cores e personalidades. Somos trabalhadores e profissionais. Somos mães, pais, filhos, filhas, irmãs, irmãos e avós. Nós somos humanos (somos primatas) e somos bons amigos e bons cidadãos. Somos boas pessoas que não têm necessidade de se agarrar ao sobrenatural.
keep out

É tempo de deixar as nossas vozes serem ouvidas quanto à intrusão da religião nas nossas escolas e na política. Ateus, juntamente com milhões de outros estão cansados de ser intimidados por aqueles que empurram seus próprios conceitos religiosos garganta abaixo de nossos filhos e nossos governos. Precisamos manter o sobrenatural fora de nossos princípios morais e políticas públicas.

É hora de dar um passo a frente e... sair do armário.
stand out

Temos muitos planos e atividades para a Campanha OUT, por isso não deixe de visitar OutCampaign.org para as últimas informações.

Mais informações em:
http://outcampaign.org/
http://richarddawkins.net/

domingo, 20 de dezembro de 2009

Já vi esse filme...

Pensando bem, vamos aos fatos: Flamengo campeão, Internacional vicecampeão e Sport na segunda divisão. Já vi esse filme antes... Daqui a pouco a CBF inventa outro título de araque para os bâmbis do Nordeste...

Aos que inventam títulos...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Por que hexa?

Ronaldo Helal
Texto publicado na coluna Opinião de O Globo em 8 de dezembro de 2009.

O Flamengo é hexacampeão brasileiro nos gritos da torcida, nas faixas, na imprensa e até no site da Fifa. Por que então uma minoria questiona o hexa? A discussão em torno da pergunta expressa o dilema da cultura brasileira, como colocado pelo antropólogo Roberto DaMatta: a tensão entre códigos impessoais e pessoais. A Copa União, idealizada pelo então recém-fundado Clube dos 13, vencida pelo Flamengo e pivô da polêmica, foi um marco no futebol brasileiro, obtendo a segunda melhor média de público da história até aquele momento.

A presença do dilema brasileiro aparece já nos antecedentes.

As regras do campeonato de 1986 haviam sido infringidas para favorecer um grande clube a entrar na segunda fase da competição, com três outros de menor expressão, apesar de não terem se classificado pelo regulamento. O campeonato de 1986 retornou em 1987, com o início dos torneios regionais, gerando complicações, pois os clubes que disputavam as semifinais recusaram-se a competir, naquele período, em seus campeonatos locais.

Em maio de 1987 a CBF afirmou que não tinha recursos para organizar o campeonato daquele ano.

Em 1985 um presidente civil assumiu o poder, após duas décadas de ditadura, sendo que desde 1984 a luta por eleições diretas e por uma nova Constituição espalhou-se pelo país. É neste cenário que surge o Clube dos 13.

Entre outras coisas, o Clube dos 13 propunha o campeonato com 13 clubes e a adoção do voto proporcional na CBF.

A política de troca de favores sustentava o poder político da CBF que, sob a égide do voto unitário, proporcionava às pequenas ligas e clubes um poder de decisão maior do que o dos grandes clubes

De um lado, a CBF, entidade amparada na legislação, e, de outro, o Clube dos 13, integrando os grandes clubes. Um campeonato sem esses clubes seria inconcebível. Mas se abandonassem a CBF a Fifa não os reconheceria. A disputa entre o legal e o legítimo foi a base para o acordo entre as partes.

No dia 4 de setembro de 1987 foi noticiado o acordo. O campeonato teria 16 times no módulo verde e 16 no amarelo. O Clube dos 13 negociaria o evento enquanto a CBF incluía três times. Restava uma dúvida. O campeão do módulo verde (Copa União) seria o campeão brasileiro? No comunicado entregue à imprensa pela CBF estava escrito que "a classificação dos representantes do Brasil na Taça Libertadores da América ocorrerá na abertura da temporada de 1988, sob forma de um torneio quadrangular, integrado pelos dois primeiros colocados dos módulos verde e amarelo" (O Globo, 04/09/87). Por que esta cláusula esdrúxula? Por que os representantes nacionais na Libertadores teriam que sair de um quadrangular entre os campeões da primeira e da segunda divisão? Simplesmente porque o poder da CBF estava assentado no apoio de clubes de menor expressão, em uma política nociva de troca de favores que, por muitos anos, produzia campeonatos inchados e deficitários.

O Clube dos 13 não aceitou o quadrangular, visto como um retrocesso em relação as suas reivindicações e uma depreciação à competição, e a CBF, por razões políticas, manteve o que estava escrito. A conquista do campeonato de 2009 pelo Flamengo traz o impasse à tona outra vez. Fora do âmbito das relações jocosas entre torcidas, a desconsideração da CBF ao título do Flamengo em 1987 é um desrespeito aos atletas, aos torcedores e aos dirigentes dos clubes que participaram da competição. Retirar do Sport um título, ainda que esdrúxulo, que ele ostenta há 22 anos seria, no momento, indigno. A conciliação é inexorável. A CBF declararia dois campeões em 1987: o Flamengo e o Sport. Não seria a primeira vez com dois campeões. O Campeonato Carioca, por exemplo, teve dois campeões durante os anos de 1933 a 1936, já que a entidade máxima do futebol não reconhecia a recém-criada liga profissional. Mas é preciso dar um basta nesta oscilação entre códigos impessoais e pessoais. Este dilema, tal como colocado por Roberto DaMatta, não pode ser uma marca indelével de nossa sociedade.

Ronaldo Helal é sociólogo e professor da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

sábado, 25 de julho de 2009

Não existe fé raciocinada mas, mesmo assim, Rivail estava correto

Antônio Margarido

Fonte:
http://avessodoavesso.zip.net/

Postagem dedicada ao amigo Antônio Margarido.

O título é provocativo. Sabemos que ao filósofo espiritualista Hippolyte Léon
Denizard Rivail (1804-1869), mais conhecido como Allan Kardec, combatia a fé
cega – devendo ser raciocinada. Com isso chamava a atenção para sermos sempre
racionais em todos os assuntos. Radicalmente racionais. Isso diferenciaria, na
concepção de Rivail, o conceito espírita daquele próprio da religião cristã,
seja em sua vertente católica ou protestante, e também do espiritualismo em
geral. Afirmamos, no entanto, não existir a fé raciocinada. E mesmo assim Rivail
tinha razão. Como isso é possível?

Fé raciocinada: contradição em termos

Por que não existe fé raciocionada? Fé raciocinada é uma contradição em termos.
Há contradição numa expressão quando seus termos exprimem ou referem-se a idéias
incompatíveis. Fé e razão são termos incompatíveis, referindo-se a realidades,
situações totalmente diferentes, onde uma nega a outra.

O termos fé tem origem na palavra latina fides que significa fidelidade.
Fidelidade, por sua vez, é tanto a adequação mais perfeita possível a um modelo
como o compromisso com aqueles que defendem e adotam esse modelo. Diz-se fiel
aquele que incorpora de corpo e alma o modelo. Vale dizer: todos os pensamentos,
palavras e atos da pessoa estão em consonância absoluta com o modelo, expressam
o modelo.

A fé pressupõe portanto conjunto de crenças assumidas incondicionalmente em
termos subjetivos e objetivos pelo adepto. Essas crenças independem de qualquer
evidência na realidade, seja material, seja espiritual. Por esse motivos seus
conteúdos expressam-se de forma dogmática, colocando-se como verdades absolutas
e inquestionáveis.

Essa dogmática é estabelecida por um grupo de especialistas (sacerdotes,
teólogos, etc), que se impõem junto à multidão de fiéis como autoridades,
vinculados a alguma instituição. Assim a dogmática é posta e imposta de forma
inquestionável, mantida através dos pensamentos, palavras e obras dos fiéis. Com
isso se estabelece a ortodoxia em conjunto com a ortopraxia, vale dizer: um
sistema de pensamento correto e inquestionável (ortodoxia) e um conjunto de
práticas igualmente corretas e inquestionáveis (ortopraxia). Em síntese: a fé
não admite questionamento.

A razão, desde os pré-socráticos entre os gregos até os dias atuais tem como
ponto essencial ser reflexiva, através de contínuo e infindável questionamento.
Diante da razão a ortodoxia e a ortopraxia não resistem como também a fé e o
dogma. Tudo é objeto de reflexão e questionamento.

São duas visões de mundo contraditórias: aquela do homem de fé e aquela do homem
racional. Para o primeiro a dúvida não existe: existem somente certezas; para o
segundo somente a dúvida existe: não existe certeza. Não há como alguém ser ao
mesmo tempo homem de fé e questionador, reflexivo.

Razão e crença

A razão não nega, porém, a crença. Qualquer questionamento parte de conjunto de
crenças adotadas provisoriamente, dentro de determinado contexto. A crença
racional não é dogmática pois não se impõe como verdade absoluta mas tão somente
como verdade relativa dadas certas circunstâncias, dado certo contexto.

A análise racional chega sempre a resultados provisórios, enquanto a análise
tendo como pressuposto a fé é sempre absoluta, definitiva. Enquanto a razão
apóia-se em dados da realidade objetiva, em evidências e também em deduções
lógicas, a fé nega a realidade objetiva se contraria seus pressupostos tidos
como absolutamente verdadeiros.

Como é sempre reflexivo o comportamento racional é o mais compatível com o
livre-arbítrio, possibilitando liberdade de pesquisa e de reflexão. Dado a
impossibilidade dos dogmas serem questionados e a exigência de adequação
absoluta ao modelo, o comportamento fiel nega o livre-arbítrio, impossibilitando
ou limitando a pesquisa e a reflexão.

A crença racional é aberta, sempre passível de questionamento, sempre passiva de
ser verificada pelos fatos da realidade objetiva, sempre aferível pelos os
outros e livremente compartilhada. A crença fiel é fechada, não sendo passível
de ser questionada e nem de ser verificada, contrariando os fatos da realidade
objetiva e sendo impossível de ser verificada pelos outros e livremente
compartilhada.

Impossibilidade da fé raciocinada: a crença racional

Dadas essas conclusões compreende-se porque é impossível a fé raciocinada: por
uma impossibilidade lógica, por serem expressões contraditórias em si mesmas e,
por isso, colocando-se como contradição em termos. Pode-se falar, no entanto, em
crença racional e isso tanto no campo científico como no propriamente filosófico
e mesmo religioso.

A religião racional seria aquela que não nega a razão e, por isso, está sempre
em consonância com seus postulados. Assim coloca-se sempre como passível de
verificação pelos fatos tanto no campo material, como no campo espiritual, mesmo
admitindo conclusões dedutivas – esta qualificadas de teorias como, ademais, faz
a própria ciência. Colocar as verdades como não absolutas seja em relação aos
fatos, seja em relação ao quadro teórico em sim mesmo também relativo, isso
tornaria a religião racional não dogmática e contrária a toda ortodoxia e
ortopraxia. Em síntese: a religião racional não admite a ortodoxia e a
ortopraxia.

Entendendo-se dessa forma podemos verificar existir um sistema de crenças tanto
para os cientistas como também para os propriamente religiosos – sem que os
primeiros se oponham aos segundos e vice-versa. Pois a ciência não pode impor
sua visão de mundo como absoluta. Se isso ocorresse, deixaria de ser racional.

Três possibilidades de compreensão: racional, irracional e arracional

Há três possibilidades de compreensão do mundo: racional, irracional e
arracional. A razão apóia-se em dados objetivos e subjetivos, sendo sempre
aberta a questionamentos e verificação. Isso ocorre dentro do quadro de
referências que dizemos irracional: aquilo que ainda não conhecemos e é passível
de ser conhecido em termos racionais, dizemos irracional.

Assim há contínua correlação entre o racional e o irracional, onde podemos dizer
que o racional faz parte de nossa consciência do mundo enquanto o irracional faz
parte de nossa inconsciência do mundo, ou de nosso inconsciente. O quadro de
referências racional está sempre se alimentando do quadro de referências
irracional, aumentando o os limites de nossa consciência da realidade que, em si
mesma, é racional/irracional, conhecida/desconhecida, consciente/inconsciente.

A investigação do racional/irracional não nega o livro arbítrio: ao contrário, o
livre arbítrio é imprescindível para ocorrer a expansão da consciência,
decorrente da pesquisa racional/irracional. E esse tipo de investigação é
assentado em evidências e, por isso, expressa-se sempre como teoria provisória.
Se determinada evidência demonstrar a teoria falsa, abandona-se a teoria. Não
existe verdade absoluta e definitiva para a investigação racional/irracional.

O arracional não pressupõe nenhum outro quadro de referências a não ser o seu
próprio: a arracionalidade é, com isso, autorreferente. É assentada, como
dissemos, na autoridade (sacerdotes, teólogos, etc), na instituição, na
ortodoxia e na ortopraxia. Não admite questionamentos e nega qualquer evidência
que possa contrariar aquilo que a autoridade afirma como verdade. Com isso, nega
o livre arbítrio e coloca suas doutrinas sempre como absolutas e definitivas.

A fé é arracional: impossibilidade da fé racional

Expressamos acima o modo racional contrapondo aquele próprio da fé – concluindo
não ser esta última racional. Na medida em que a fé nega os dados objetivos ela
nega também a razão e a irrazão. A fé não é, portanto, nem racional e nem
irracional: a fé é arracional, nega a razão e a irrazão. A compreensão do mundo
própria da fé tem como pressuposto corrigir aquilo que a razão nos diz ser
verdadeiro e correto, adptando-se à sua ortodoxia e ortopraxia, absolutamente
certas e corretas.

O sistema de crenças da fé é assim arracional. Dada essa constatação,
verificamos ser impossível uma fé raciocinada, pois ou a razão destrói a fé ou a
fé destrói a razão. Não há como misturar água e óleo. Por esse motivo não existe
fé raciocinada como apregoava o filósofo espiritualista Hippolyte Léon Denizard
Rivail.

Rivail estava errado mas também estava certo

Mas a crença é racional/irracional, sendo comum à ciência como também à
religião. Dado a religião, nesses termos, ter sempre existido desde os
primórdios do homem neste planeta. As crenças dos antigos xamãs eram
essencialmente racionais/irracionais, frutos sempre da experiência tanto com os
fenômenos objetivos como subjetivos. Da modo também ocorreu em outras religiões
existentes, como no budismo, no hinduísmo e mesmo no judaísmo, no cristianismo e
no islamismo.

A religião torna-se arracional na tradição cristã quando passou a ter a
hegemonia da teologia católica. Não se pode dizer ser isso próprio de todo
cristianismo e nem de todos os teólogos. A ortodoxia católica, fundamentada
teologicamente, catalogou de heresia todo o sistema de crenças racional e
irracional surgido no cristianismo e com isso estabeleceu círculo de ferro entre
ortodoxia e ortopraxia.

A reflexão que ora fazemos muito embora demonstre a impossibilidade da fé
raciocinada, aponta a existência da religião racional/irracional e, com isso,
tornando-se possível a aliança do conhecimento religioso com o conhecimento
científico. Toda a crença, seja religiosa ou científica, é em si mesma
racional/irracional e, assim, é essencialmente reflexiva tanto em relação aos
fenômenos objetivos como subjetivos. Assim a necessidade da crença racional é
fundamental e, nesse ponto, Rivail estava correto.

Este texto reflete os conhecimentos acumulados posteriormente às formulações de
Rivail, no final do século XIX até os dias atuais. Estamos em condições, dado o
quadro teórico atual, de afirmar existirem crenças tanto na ciência como na
religião, expressando-se de forma racional e irracional em ambos os campos do
conhecimento.

Assim concluímos ser toda crença racional enquanto está assimilada pela nossa
consciência e irracional, quando nos é ainda desconhecida, pertencendo ao
inconsciente – não sendo o campo do inconsciente impossível de ser verificado
também pela razão e, com isso, trazido ao nosso consciente. A crença expressa
nestes termos é comum tanto à ciência como à religião.

Existe, porém, e é dado da realidade, a religião arracional, como explicitamos
acima. Para esta não se trata de compreender, assimilar e assimilar-se à
realidade, mas de mudar a realidade segundo seus postulados indiscutíveis, seus
dogmas, adequando-a à sua ortodoxia e sua ortopraxia. Esta religião abre caminho
a todo tipo de fundamentalismo, um dos males principais dos tempos atuais.

O fundamentalismo religioso é o mais evidente pois se vincula à autoridade
temporal, impondo-se sobre a humanidade através de sucessivas matanças de seres
humanos discordantes de sua ortodoxia e ortopraxia. Mas há também o
fundamentalismo científico, cuja principal pregação é negar qualquer
possibilidade à religião, afirmando apenas a ciência como verdadeira. Assim
pregam o fim da religião de forma unilateral, estabelecem verdadeira guerra
contra a religião.

Os cientistas adeptos desse fundamentalismo são ateus e materialistas, negando
qualquer possibilidade da existência de Deus e do plano espiritual. Com isso
estabelecem também um tipo de ortodoxia e ortopraxia, tem seus sacerdotes e
cientólogos (contrapostos aos teólogos). As mentes mais abertas entre os
cientistas, como Albert Einstein ou Stephen Hawking, não são fundamentalistas
científicos. E estes são os responsáveis pelo avanço científico. Enquanto os
fundamentalistas científicos dão aos mãos aos fundamentalistas religiosos e a
guerra que entre si estabelecem, contribue somente para o aumento da miséria e
das opressão entre os homens, fomentando os contínuos banhos de sangue que
assolam os diferentes povos pelo mundo, decorrente da atuação de suas ortodoxias
e ortopraxias.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Israel cometeu crimes em ação 'sem precedentes' em Gaza, diz Anistia

BBC Brasil, em 2 de julho de 2009.

Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/

Um relatório da Anistia Internacional afirma que Israel cometeu crimes de guerra e promoveu uma destruição indiscriminada sem precedentes durante sua ofensiva militar na Faixa de Gaza no começo de 2009.

O relatório de 117 páginas afirma que centenas de civis palestinos foram mortos através do uso de armas de alta precisão e que outros foram mortos com tiros à queima-roupa "sendo que não representavam ameaça à vida de soldados israelenses".

A Anistia Internacional também acusa Israel de usar armas de baixa precisão, como artilharia e fósforo branco, em áreas densamente povoadas.

O documento também acusa o grupo palestino Hamas de cometer crimes de guerra, citando os ataques com foguetes lançados contra zonas residenciais em Israel.

A Anistia afirma que cerca de 1,4 mil palestinos foram mortos na ofensiva de 22 dias realizada por Israel entre 27 de dezembro de 2008 e 17 de janeiro de 2009, números que batem com as estatísticas divulgadas por palestinos.

Entre os mortos, mais de 900 eram civis, incluindo 300 crianças e 115 mulheres, de acordo com o relatório.

Em março, os militares israelenses afirmaram que, no total, o número de palestinos mortos foi de 1.116 pessoas, destas apenas 295 eram civis.

Em relação à ação militar israelense, a pesquisadora da Anistia e responsável pelo relatório Donatella Rovera, afirmou que houve três grandes violações das leis internacionais.

"Ataques indiscriminados diretos ou indiretos contra civis e alvos civis. Várias centenas de civis foram mortos como resultado destes ataques."

"Houve demolição e destruição de casas e de prédios civis em grande escala, e a destruição não poderia ser justificada como uma necessidade militar", afirmou.

"E as equipes médicas também foram impedidas de retirar os feridos além de ataques a algumas equipes médicas em ambulâncias. Tudo isto é violação das leis internacionais e constitui crimes de guerra", acrescentou.

'Erros profissionais'

Israelenses e palestinos rejeitaram o relatório da Anistia Internacional.

Israel atribuiu algumas das mortes de civis a "erros profissionais" e acrescentou que sua conduta seguiu as leis internacionais.

Autoridades israelenses afirmaram que seus militares atingiram apenas áreas nas quais os militantes palestinos operavam e acusaram o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, de transformar bairros civis em "zonas de guerra".

"Tentamos ser tão precisos quanto podíamos em uma situação de combate difícil", disse à BBC o porta-voz do governo israelense Mark Regev.

Yigal Palmor, porta-voz do Ministério do Exterior israelense, questionou a credibilidade do relatório da Anistia.

"Este relatório da Anistia não é um relatório sobre direitos humanos, é um julgamento ao estilo soviético. Não há transparência, não há responsabilidade, não sabemos quem são os juízes. Quem são os membros da equipe de investigação? Eles escondem suas identidades", afirmou.

Palmor também questionou os conhecimentos da equipe de investigação da Anistia, a identidade das testemunhas e se elas trabalham para o Hamas.

Disparos de escolas

O relatório da Anistia afirma que não encontrou provas de que militantes palestinos obrigaram civis a ficarem em prédios usados para fins militares, contradizendo as alegações israelenses de que o Hamas usava "escudos humanos.

No entanto, a Anistia afirma que o Hamas e outros grupos militantes palestinos colocaram a vida de civis em risco ao disparar foguetes de áreas residenciais e guardar armas nestes bairros. O relatório afirma que moradores destas áreas contaram que militantes do Hamas dispararam um foguete do pátio de uma escola do governo.

Treze israelenses foram mortos, incluindo três civis, durante a ofensiva. Israel alegava que a operação visava paralisar os ataques com foguetes contra alvos israelenses, através da fronteira.

Na Faixa de Gaza, Fawzi Barhoum, um porta-voz do Hamas, afirmou que o relatório não é profissional.

"Este relatório não é justo nem equilibrado e nós rejeitamos todas as acusações ao Hamas listadas nele. Lembramos e reafirmamos que este relatório não profissional foi publicado sem a consulta a qualquer um dos líderes ou autoridades do Hamas. O relatório iguala vítimas e carrascos e nega o direito de nosso povo de resistir à ocupação, que é incompatível com a lei internacional que garante o direito de um povo (em território) ocupado à autodefesa."

Um dos líderes do Hamas, Ismail Haniyeh, disse que "esta guerra selvagem teve apenas um lado e todas as ferramentas de destruição e assassinato foram usadas. Os restos da destruição ainda são provas do crime contra a Faixa de Gaza e acreditamos que os líderes da ocupação israelense devem ser entregues aos tribunais internacionais".

sábado, 2 de maio de 2009

Lançamento do livro "Família de negros"

A Editora E-papers convida a todos para o lançamento do livro


de Sergio Mauricio Costa da Silva Pinto

no próximo dia 9 de maio de 2009, sábado, a partir das 10:00.

Livraria LDM
Rua Direita da Piedade, 20
Piedade - Salvador - BA

Mais informações sobre a obra em
http://www.e-papers.com.br/

Editora E-papers
http://www.e-papers.com.br/
atendimento@e-papers.com.br
telefone (21) 2273-0138 e 2504-5618
fax (21) 2502-6612

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Células-tronco embrionárias - o primeiro estudo clínico em humanos

Terapia baseada em células-tronco embrionárias humanas será testada nos EUA em pacientes com lesões na medula espinhal
Pesquisa FAPESP

Fonte:
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/

Numa decisão histórica, uma empresa da Califórnia, a Geron Corporation, recebeu autorização do Food and Drug Administration (FDA), órgão que regula o uso de remédios e a venda de alimentos nos Estados Unidos, para testar em pessoas uma terapia baseada no emprego de células-tronco embrionárias humanas. A companhia vai injetar células-tronco em até dez pacientes com paralisia devido a graves lesões na medula espinhal e analisar a segurança e os possíveis efeitos do procedimento. É a primeira vez em todo o mundo que uma terapia com esse tipo de célula recebe sinal verde para ser experimentada em humanos.

"A decisão marca o início do que é potencialmente um novo capítulo na terapêutica médica, que vai além das pílulas e alcança um novo nível de cura: a restauração da função de um órgão ou tecido por meio da injeção de células substitutas saudáveis", disse hoje (23/01), em comunicado à imprensa, Thomas B. Okarma, presidente da Geron. A companhia pretende injetar as células no local em que houve a lesão na medula espinhal em pacientes que perderam os movimentos do tórax para baixo.

A candidata a terapia será administrada aos participantes do estudo clínico entre 7 e 14 dias depois que as pessoas sofreram a lesão. Há evidências de que o possível tratamento tem mais chance de dar algum resultado em pacientes recém-acidentados. Os pesquisadores, por ora, não têm nenhuma ilusão de devolver todos os movimentos aos pacientes com a possível terapia. Eles querem ver se o procedimento é seguro e se é capaz de proporcionar algum benefício aos participantes do estudo.

As células-tronco embrionárias têm a capacidade de se transformar em qualquer tipo de célula e tecido do corpo humano. Mas não se sabe ao certo que reações elas podem provocar quando introduzidas num organismo e também se é possível controlar seu processo de transformação em células mais específicas. Um dos riscos sempre mencionados é o de que a introdução das células-tronco embrionárias pode provocar certos tipos de tumores nas pessoas. Além disso, grupos religiosos e até mesmo alguns cientistas questionam se é ético usar embriões humanos descartados para obter esse tipo de célula, que parece ter um enorme potencial terapêutico.

Como deu o aval para que os primeiros testes clínicos em humanos sejam realizados, o FDA entendeu que hoje os possíveis benefícios desse novo tipo de terapia são maiores do que os riscos e as questões morais. A aprovação do estudo apenas três dias depois que assumiu o novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, um defensor da pesquisa científica e tecnológica, foi interpretada como coincidência pelos executivos da Geron. Mas houve quem achasse que o sinal verde para o estudo já reflete a posição do novo mandatário da Casa Branca. Desde 2001, estão em vigor nos Estados Unidos restrições à pesquisa com células-tronco embrionárias adotadas pelo ex-presidente George W. Bush.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O Estado nazifascista de Israel

Raul Longo

Albert Einstein e Hannah Arendt posicionaram-se indignada e publicamente contra o nazi-fascismo israelense (leia o manifesto ao final deste texto).

O presidente de Israel, Shimon Peres, prêmio Nobel da Paz em 1994, justificou-se ao mundo pela desproporção e selvageria do massacre do gueto de Gaza, alegando que a chacina de civis e crianças deve-se ao fato de serem usados como escudo humano pelo Hamas.

No mesmo dia, mais uma notícia do genocídio: duas escolas da ONU foram bombardeadas, esquartejando e matando dezenas de crianças.

A ONU usaria crianças de escudo? Escudaria o Hamas?

Segundo as velhas avós, as mentiras de Shimon Peres é que têm pernas curtas.

A ONU - Organização das Nações Unidas foi criada em 1945, logo ao final da II Guerra para substituir a Liga das Nações que resultou da I Guerra Mundial, em 1919. Os Estados Unidos não assinou o Tratado de Versalhes que criou a Liga das Nações e tampouco aquela entidade conseguiu cumprir com a proposta de evitar agressões bélicas. Daí, criou-se a ONU para o cumprimento da mesma promessa.

Em 1947, o brasileiro Oswaldo Aranha preside a Assembléia da ONU que cria o Estado de Israel dentro do Território Palestino, então, e desde a queda do Império Turco-Otomano, sob domínio do Império Britânico.

Em 1948, um grupo dos mais significativos intelectuais judeus alertam ao mundo, pelo New York Times, a ameaça de um partido nazi-sionista com nefastas projeções futuras. Esse documento está reproduzido aí abaixo, e foi enviado pelo companheiro Fernando Rosas Freire.

Nazi é a abreviatura de nazista, do alemão Nationalsozialismus, ditadura que governou a Alemanha entre 1933-1945 e, aliando-se a ditadura fascista da Itália e o Império Japonês, pretendeu dominar o mundo invadindo diversos países da Europa, África, Ásia e Polinésia.

A ditadura nazista foi apoiada e financiada pelo capitalismo internacional, notadamente o norte-americano, como documenta o jornalista Michel Moore contando em seu livro Uma nação de idiotas, que o bisavô e o avô de Bush enviavam dólares à Alemanha, mesmo depois de os Estados Unidos terem entrado na guerra contra o Terceiro Reich.

Michel Moore nunca foi desmentido. Michel Moore não tem pernas curtas.

Se é difícil acreditar que os estadunidenses tenham financiado o nazismo, mais difícil ainda é acreditar que judeus possam ser nazistas, afinal milhares de judeus foram massacrados exatamente da forma que os sionistas hoje estão massacrando os palestinos em Gaza. E foram humilhados e violentados pelos nazistas, exatamente como os nazi-sionistas humilham e violentam os palestinos desde a criação do Estado de Israel, conforme relatado aí nesta carta dos intelectuais judeus ao New York Times.

Mas como acreditar que judeus possam ser nazistas?

Primeiro é preciso lembrar que entre os judeus vítimas do genocídio nazista havia os de classe média, muitos socialistas, e a maioria dos 6 milhões da vítimas das câmaras de gás era tão pobre quanto os milhares de ciganos também exterminados, embora sempre omitidos.

No entanto, não há notícia de nenhum banqueiro, grande industrial, proprietário de cadeias internacionais de lojas especializadas em artigos finos, comerciantes de jóias, mercador de importações e exportações; ainda que entre os maiores e mais ricos burgueses da Europa se destacassem muitos judeus.

Esses são os judeus aos quais se refere o documento abaixo. São esses os que hoje se associam aos grandes empreendimentos petroleiros, inclusive aos sheiks dos mais ricos países árabes. São os que intermedeiam e negociam interesses do hemisfério norte com seus ricos primos sauditas, prosseguindo uma tradição que se iniciou já no início dos 8 longos séculos em que os muçulmanos se estabeleceram na península ibérica.

Atrás dos então chamados mouros foram os antigos judeus que, abandonando a Palestina, preferiam comercializar com seus primos semitas. Uma verdade histórica que desmente outra mentira de perna curta: a de que judeus, mulçumanos e cristãos sempre se engalfinharam. É só ler os contos das Mil e uma noites para se perceber que conviveram tolerantemente por muitos séculos. O anti-judaísmo é um preconceito religioso de cristãos europeus, que não teve qualquer repercussão entre muçulmanos e cristãos árabes antes da criação do Estado Nazi-Sionista de Israel.

Omite-se, inclusive, que 40% da população Palestina é cristã. Mais uma das pernas curtas dos mentirosos que acusam aos palestinos de atacarem Israel por fundamentalismo islâmico.

Hebreus, árabes, assírios, aramaicos e fenícios são todos o mesmo povo semita. Isso está em qualquer dicionário, encurtando as pernas das mentiras que acusam preconceitos étnicos. Etnia e religião são mentiras que escondem os interesses envolvidos no embate de sionistas e árabes, como se escondeu os verdadeiros interesses dos que diziam financiar Hitler para conter Stálin, ou apoiar Sadam Hussein para conter o Irã, e armar os Talibãs contra a União Soviética. Pernas curtas, tiveram de guerrear contra Hitler, Sadam e Talibãs.

Mas se Hitler foi derrotado na Segunda Guerra mundial, muitos foram os indícios da continuidade do nazismo, já apontados neste documento enviado por Fernando Freire. Um deles está no impressionante declínio da presença judaica na Europa. Por 12 séculos esses semitas contribuíram com as mais altas expressões da cultura européia: música, teatro, literatura, artes plásticas, filosofia, ciências. Em cinco décadas a grande maioria foi enviada para estabelecer o domínio da entrada da grande reserva petrolífera do mundo. Spinozas, Freuds, Marxs, Einstens, transformados em covardes Golias a revidar com obuses e míssil as pedras de pequenos Davis sem estrelas nem direito ao quarto crescente de suas preferências.

O Estado de Israel, criado pela ONU em 1947, foi uma mentira de perna tão curta que já no ano seguinte foi desmentido pelos próprios judeus que assinaram o documento aí abaixo, mas ainda hoje muitos jovens israelenses se recusam a se transformar em genocidas e, pela internet, estão pedindo socorro ao mundo por maus tratos e humilhações a que vêm sendo submetidos pelos nazistas de seu país.

Resta saber, qual será o comprimento das pernas da ONU, agora que o estado sionista assume declaradamente todo horror que o mundo execrou nos nazistas. Qual será a reação da ONU ao ataque as suas próprias instalações e delegações de ajuda humanitária. Nem mesmo Adolf Hitler ousou ser tão descomprometido e ameaçador à manutenção da paz mundial!

Já não se trata apenas do absoluto desrespeito ao mais importante documento promulgado por aquela entidade, a Declaração dos Direitos Humanos, como vêm fazendo desde a instalação do estado nazista, conforme acusam os intelectuais judeus abaixo assinados. Trata-se, agora, da promoção de mais um holocausto. O mesmo holocausto que talvez se desconhecesse antes da invasão dos países ocupados e da Alemanha dos anos 40 do século passado, mas hoje está estampado nas telas dos aparelhos de TV e monitores de todo o mundo.

Trata-se de um crime contra a humanidade ao qual a anuência não justifica sequer a instituição de uma nação, quanto mais a de uma Organização das Nações Unidas!

Utiliza-se contra a indefesa população palestina emparedada pelos muros da ignomínia nazi-sionista, tudo o que todos os tratados e tribunais internacionais sempre condenaram: bombas de fragmentação, armas químicas, urânio empobrecido contra mulheres e crianças. Esquartejamentos em massa.

Em 12 dias, ceifou-se mais de 700 vidas! Nessa progressão, em pouco irão ultrapassar Auschwitz, Treblinka, gueto de Varsóvia e demais campos de extermínio dos anos 40. Gaza se faz nova Lídice!(1)

A omissão da ONU e do mundo sobre este genocídio, invalida o julgamento de Nuremberg. Invalida a condenação dos massacres de Ruanda. Inutiliza o julgamento dos exterminadores da Bósnia.

A omissão de sanções severas e inequívocas contra o Estado de Israel por parte de qual instituição for, seja a ONU, o Vaticano, o governo francês, inglês, alemão, os Estados Unidos, a Rússia, a China, o Brasil, a Argentina ou qualquer outro país, inclusive e principalmente as instituições que representem a consagrada intelectualidade israelense, e até mesmo grandes instituições privadas de todo o mundo, reduzirá cada um a uma grande e fragorosa mentira. Promoverá a Al Qaeda, o Talibã, os grupos terroristas de todo o mundo, em últimas alternativas para algum restabelecimento de civilização.

Que os meios internacionais de comunicação façam uma cobertura tendenciosa desse escandaloso primeiro genocídio bélico do século XXI (embora pela África prossiga o iniciado há muitos séculos atrás), é possível compreender sabendo-se que todos detém dívidas e interesses relacionados ao nazi-sionismo, quando não são majoritariamente de propriedade desses mesmos nazistas.

Mas que governos e instituições minimamente responsáveis continuem se mantendo surdos e omissos a consumação do que já foram publicamente alertados em 1948 pela representatividade dos nomes que assinaram a advertência reproduzida adiante, é aterrador ao nosso futuro como humanidade.

(1) Lídice - Em 1942 um oficial da SS foi emboscado e morto pela resistência da Tchecoslováquia ocupada. Em represália Hitler ordenou a destruição da vila de Lídice e toda sua população (340) foi exterminada: homens, mulheres e crianças. Mas a vingança nazista não se resumiu a Lídice e 1.500 vidas foram exterminadas em demais cidades daquele país. Quantas vidas o mundo aguarda que sacie a vingança nazi-sionista pelas paredes derrubadas por foguetes da resistência da Palestina ocupada?

Carta de intelectuais judeus ao New York Times, incluindo Albert Einstein, Hannah Arendt e Sidney Hook, dezembro de 1948.

Aos Editores do New York Times:

Entre os fenômenos políticos perturbadores de nossos tempos está a emergência no recém criado Estado de Israel do "Partido da Liberdade" (Tenuat Haherut), um partido político estreitamente assemelhado em sua organização, métodos, filosofia política e apelo social aos partidos Nazista e Fascista. Ele foi formado a partir de membros e seguidores do antigo Irgun Zvai Leumi, uma organização terrorista, facção direitista e organização chauvinista na Palestina.

A visita atual de Menachem Begin, líder deste partido, aos Estados Unidos é, obviamente, calculada no sentido de dar a impressão de apoio americano ao seu partido, por ocasião do advento das eleições israelitas e para cimentar laços políticos com os elementos sionistas conservadores dos Estados Unidos. Vários americanos de reputação nacional têm emprestado seu nome para dar boas vindas a sua visita. É inconcebível que aqueles que se opõem ao fascismo no mundo, se corretamente informados sobre a história política e perspectivas de Mr. Begin, possam acrescentar seus nomes e apoio ao movimento que ele representa.

Embora esse irreparável perigo ocorra pela forma de contribuições financeiras, manifestações públicas a favor de Begin ou pela criação na Palestina da impressão de que um grande segmento da América apóia os elementos fascistas em Israel, o público americano deve ser informado sobre a história e os objetivos de Mr. Begin e do seu movimento.

As promessas públicas do Partido de Begin não correspondem, quaisquer que sejam, ao seu caráter real. Hoje falam de liberdade, democracia e antiimperialismo, enquanto até recentemente pregavam abertamente a doutrina do Estado Fascista. É em suas ações que o partido terrorista denuncia o seu caráter real; de suas ações do passado podemos julgar o que dele pode ser esperado fazer no futuro.

Ataque sobre a Vila Árabe.

Um exemplo chocante foi seu comportamento na vila árabe de Deir Yassin. Esta vila, distante das principais estradas e circundada por terras judaicas, não tomou nenhuma parte na guerra e chegou a contrariar o lado árabe que queria usar a vila como sua base. Em 9 de abril (The New York Times) bandos terroristas atacaram esta vila pacifista, que não era um objetivo militar na luta, matando a maioria de seus habitantes – 240 homens, mulheres e crianças - e mantiveram alguns deles vivos para desfilarem como cativos através das ruas de Jerusalém. A maior parte da comunidade judaica ficou horrorizada com aquela ação e a Agência Judaica mandou um telegrama de pesar ao Rei Abdulah da Trans-Jordânia. Contudo, os terroristas, longe de se envergonharem de seu ato, ficaram orgulhosos com aquele massacre, divulgado amplamente e convidaram os correspondentes estrangeiros no país para testemunharem os cadáveres amontoados e a devastação geral em Deir Yassin.

O acontecimento de Deir Yassin exemplifica o caráter e as ações do Partido da Liberdade.

No interior da comunidade judaica eles têm propugnado uma mistura de ultra nacionalismo, misticismo religioso e superioridade racial. Como outros partidos fascistas eles têm sido usados para esmagar as greves e têm-se dedicado à destruição de sindicatos livres. Em seu lugar eles têm proposto sindicatos corporativistas no modelo fascista italiano. Durante os últimos anos da esporádica violência antibritânica, os grupos IZL e Stern inauguraram um reino de terror na comunidade Judaica Palestina. Professores foram espancados por se pronunciarem contra eles, adultos foram alvejados por não deixarem suas crianças juntar-se a eles. Por métodos de gangsterismo, açoites, quebra-vidraç as e roubos em larga escala, os terroristas intimidavam a população e exigia-lhe pesado tributo. Os membros do Partido da Liberdade não têm nenhuma participação nos logros construtivos na Palestina. Eles não reivindicam nenhuma terra, nenhuma construção dehabitações e apenas depreciam a atividade defensiva judaica. Seus esforços de imigração muito propagandeado foram diminutos e devotados principalmente para atraírem compatriotas fascistas.

Discrepâncias observadas.

As discrepâncias entre os bravos clamores que estão sendo feitos agora por Begin e seu partido e a história de sua performance no passado da Palestina não portam a marca de um partido qualquer. Esta é o selo de um partido fascista, pelo qual o terrorismo e o embuste são os meios e o "Estado Regente" é o objetivo.

À luz das considerações anteriores, é imperativo que a verdade sobre Mr. Begin e seu movimento seja tornado conhecido neste país. É de toda maneira trágico que a liderança maior do sionismo americano tenha se recusado a participar da campanha contra os esforços de Begin, ou mesmo de expor aos seus constituintes os perigos para Israel do apoio a Begin. Os abaixo assinados, portanto, através deste meio de publicidade apresentam alguns fatos salientes que dizem respeito a Begin e seu Partido; e recomendam a todos os interessados a não apoiarem esta última manifestação do fascismo.

Nova Iorque, 2 de dezembro de 1948.

Assinaturas
Isidore Abramowitz, Hannah Arendt, Abraham Brick, Rabbi Jessurun Cardozo, Albert Eistein, Herman Eisen, M.D., Hayim Fineman, M. Gallen, M.D., HH. Harris, Zelig S. Harris, Sidney Hook, Fred Karush, Bruria Kaufman, Irma L. Lindheim, Nachman Maisel, Seymour Melmam, Myer D. Mendelson, M.D., Harry M. Oslinsky, Samuel Pitlick, Friitz Rohrlich, Louis P. Rocker, Ruth Sagis, Itzhak Sankowsky, I.J. Shoenberg, Samuel Shuman, M. Singer, Irma Wolfe, Stefan Wolfe.
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