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quarta-feira, 5 de outubro de 2005

No túmulo de Kardec

Visita à Paris, julho de 2005.

Desde que chegamos à Paris, eu e Mônica desejamos conhecer o túmulo de Kardec. Foi então, num final de semana, passeando pela Cidade Luz de bicicleta, juntamente com a minha irmã e o meu cunhado, que chegamos ao Père-Lachaise, cemitério onde está o túmulo de Kardec, na parte nordeste da cidade.

Os cemitérios em Paris são atrações turísticas e são visitados por muita gente diariamente, em virtude dos túmulos de nomes conhecidos da ciência, da arte, da filosofia, da política etc. O Père-Lachaise é o maior, mas há também o de Montparnasse, de Montmartre etc.

Não pudemos entrar com as bicicletas, prendemo-las num dos muros do cemitério, adquirimos um guia numa loja vizinha, já que ele é imenso e com muitas ruelas e caminhos, e adentramo-lo caminhando. Arborizado e tranqüilo, no meio dum sem-número de lápides com nomes desconhecidos, diz alguém que são mais de 20 mil, vamo-nos encontrando com um ou outro nome famoso, sempre cercado de gente curiosa, como nós, fotografando e perquirindo. Ao vislumbrar o túmulo de Kardec, a alegria e o encantamento iniciais são as emoções presentes. Muito florido e um bom número de pessoas ao seu redor, vendo-o, fotografando-o e tocando-o (por quê? Engraçado como alguns tocam seu busto e oram...). Atrás do dólmen uma placa pede aos passantes que evitem cenas de adoração explícita e mantenham a tranqüilidade local. Um guia turístico, com alguns visitantes, explica, em francês, quem é Kardec. Escuto atentamente, e ele o retrata de forma relativamente fiel, para minha surpresa. Faz um adendo, informando a importância restrita de Kardec para os brasileiros, e ao nos perceber, estranhos, nós quatro, pergunta-nos sobre nossa nacionalidade, e, voltando-se para o grupo, confirma o que havia dito. Olham-nos curiosos, como a perguntar: O que viram nesse indivíduo? Por que brasileiros?

Após aquele encontro com os túmulos de Kardec e Boudet, passei a refletir bastante sobre a realidade do alcance do espiritismo, o que mo fez ver com outros olhos, talvez mais realistas, e menos eloqüentes... O espiritismo ganhou, para mim, outras cores, outros tons, outros odores... Vê-lo na França, tão insignificante, tão sem representatividade, quase como um místico-esoterismo (o que, aliás, o movimento espírita faz), uma curiosidade, deu-me possibilidade de reflexões mais intensas e íntimas. Um encontro mais profundo com sua mensagem e sua limitação. Natural que assim o fosse, afinal, é ele também fruto duma época, dum contexto, que se esvai com o tempo...

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessante o texto de Rubens Alves, muito interessante mesmo! Como se encontraria este homem chamado Kardec vendo que lhe acorrem aos restos mortais como se ali algo de si ainda houvesse?

Quais seriam suas reflexões sobre "isto" que dão o nome de "movimento espirita"?
O que você acha? Seria um olhar de compreensão e entendimento como dizem que disse o Cristo, "perdoai-os Pai eles não sabem o que fazem", ou se colocaria como os ditos religiosos, "seguidores do Cristo", com um aguilhão contrariando um sábio dizer, "quem não tiver pecado que atire a primeira pedra".
É a casa Espírita que deve habitar o coração do homem para que este se torne habitáculo para "os homens" ou a escência filosófica do Cristo despertando aquilo que verdadeiramente somos, homens?
Como conviver, viver, sobreviver, quando aquilo que você controi em vez de libertá-lo lhe aprisiona a alma?
As vezes acho que Kardec verdadeiramente está no túmulo, morto para sempre, enquanto assim se mantiverem nossas almas.

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