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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Luta de classes, e isso existe?

O embate último da eleição brasileira para a presidência da República expôs didaticamente um fenômeno há muito estudado pelas ciências políticas e sociais: a luta de classes.

“Luta de classes, e isso existe? Você ainda se prende a esses conceitos antiquados e sem sentido?”

Pois é, tal qual ocorre com os conceitos de esquerda e direita políticas, é assim que muitos reagem à ideia da luta de classes como explicação dos fatos ocorridos nas sociedades hodiernas, argumentando que tais conceitos ficaram aprisionados no passado e seriam incapazes de explicar o complexo e multifacetado funcionamento social em que vivemos. Pior: há aqueles que simplesmente reduzem a explicação a um rótulo, chamando de “comunistas” os que dela lançam mão.

Entretanto, quando se estuda o fenômeno social a partir dos dados produzidos por determinada sociedade, papel inequívoco das ciências sociais, percebe-se quão adequada é a teoria marxista para tratar e explicar sua dinâmica. E aqui se faz necessária uma brevíssima digressão: há diferença crucial entre os estudos históricos, sociológicos e econômicos de Marx, o marxismo, e sua proposta ideológica de ação social que visava transformar a sociedade em que vivia, o comunismo. Ou, de forma mais clara, quando Marx dizia que preciso seria não apenas compreender o mundo onde vivemos, mas transformá-lo, percebe-se a diferença das propostas: numa, a reflexão, o entendimento, a captura da dinâmica da realidade social a partir de suas estruturas fundantes; noutra, a intervenção, a ação social baseada na compreensão do funcionamento social.

A luta de classes é um conceito que pertence ao que aqui nomeio de marxismo, isto é, uma das estruturas fundamentais para se entender o movimento histórico das sociedades humanas. De todas as sociedades humanas. Com essa estrutura conceitual consegue-se compreender, por exemplo, as grandes mudanças históricas que definiram eras hoje conhecidas como Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea, haja vista serem essas grandes transformações resultados do embate entre as classes sociais presentes em cada um desses momentos históricos.

Sem o uso desse conceito basilar, proposto por Marx e Engels a partir da aplicação da dialética hegeliana ao funcionamento social, a explicação da história humana ficaria sem um entendimento claro de suas fases e rupturas. Seria como tentar explicar a queda dos corpos sem o conceito de gravidade proposto por Newton, ou as telecomunicações sem o conceito de campo proposto por Faraday.

Na eleição presidencial brasileira de 2014, a luta entre as classes sociais do capitalismo ficou bastante evidenciada: de um lado assalariados, pobres, minorias reprimidas, assistidos sociais, dentre outros que vendem sua mão de obra para a consecução da mais-valia; do outro, os detentores do capital representados por empresários, ruralistas, banqueiros, especuladores, dentre outros que se sustentam por meio do lucro. E entre eles, u’a massa de indivíduos conduzida por uma imprensa capitalista e interessada diretamente no resultado eleitoral. Não fosse isso, a eleição seria vencida pela esquerda ainda no primeiro turno. Esse contingente de votos é representado por outra categoria marxista fundamental no entendimento da sociedade: a alienação. E aqui não se trata de alienação no sentido dado pelo senso comum, mas como conceito marxista de alienação, carregado de entendimento político e econômico.

Assim se compreende, por exemplo, o ódio rancoroso demonstrado pela imprensa e pelos defensores do capital, mesmo que assalariados (explicação dada pela alienação), durante e após o processo eleitoral. Esse ódio atingiu nordestinos, trabalhadores pobres, assistidos e outras minorias, por conta de sua opção em defender seus legítimos interesses sociais, políticos e econômicos. Uma boa ilustração dessa escolha está na notícia da maior criação de empregos na região nordestina do Brasil e na maior participação percentual da renda oriunda do trabalho na composição do PIB brasileiro (saiu de 39% em 2004 para 45% em 2012). Ou seja, a classe trabalhadora percebe o aumento qualificado de sua participação na dinâmica econômica da sociedade brasileira e vota conscientemente na manutenção dessa política.
 
Do outro lado, afora a participação alienada de assalariados, o que se viu foi a exposição da repulsa pelo compartilhamento de espaços antes restritos aos detentores do capital, como o acesso a aeroportos e universidades, e o rancor pelo rompimento das relações de exploração quase servil do trabalhador mais susceptível, como empregadas domésticas e prestadores de serviços pouco qualificados.

As duas candidaturas que lograram alcançar o segundo turno das eleições representaram esses dois projetos, essas duas classes sociais, essas duas estruturas fundantes da sociedade humana: o capital e o trabalho. De um lado, a continuidade da criação de empregos e da valorização do trabalho na participação da renda nacional; do outro, a preparação da economia para maior exploração do trabalho e lucro do capital, representados pelas ameaças de desvalorização do salário mínimo, de aumento do desemprego para garantir o rentismo e de flexibilização das leis trabalhistas para facilitar a obtenção de lucro à custa da exploração da mais-valia.

Sim, é a luta de classes. E ela existe.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Um café com um ex-presidente

Os finais de tarde dos sábados em companhia dum bom café, cujos sabor e aroma me enlevam, e rodeado de livros numa boa livraria sempre trazem oportunidades de reflexão sobre temas que incomodam ou tangenciam algumas de minhas ideias. E essa tarde não foi diferente. Ao deleitar-me das novidades literárias e culturais deparei-me com uma inusitada: Pensadores que inventaram o Brasil, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Confesso que relutei inicialmente em comprar e ler o novo livro do sociólogo e professor Fernando Henrique. E também confesso que minha relutância apenas refletia meu imenso preconceito por sua trajetória política, que, penso, macula inexoravelmente sua trajetória acadêmica. Afinal, o presidente Cardoso foi, a meu ver, politicamente covarde e perdeu oportunidades históricas de superar algumas de nossas sérias dificuldades sociais e econômicas. E tal história repete-se, infelizmente, com os governos petistas, apesar de achar que esses conseguiram avanços um pouco mais significativos do que aquele. Mas não é de política partidária que quero tratar, e sim de sociologia, e mais especificamente de Gilberto Freyre, que considero um dos maiores pensadores brasileiros, quiçá o maior (não poderia deixar de lembrar dum outro Freire, o Paulo, um gigante da filosofia da educação).

Cumpri meu ritual bibliográfico hebdomadário: peguei o livro que ora interessava-me, sentei-me numa mesa qualquer da cafeteria, cumprimentei as atendentes pelo nome e, antes de ter a oportunidade de pedir meu cappuccino, uma delas me perguntou: “o de sempre, senhor?”. Sorri, aquiesci e acresci: “bem quente!”.

Após ritual quase religioso, desliguei-me do burburinho ao meu redor e ajustei meu foco cognitivo à leitura em questão. As páginas foram passando com celeridade, indicando que a leitura era por demais agradável. Sim, eu vencera o preconceito inicial e aproveitava agora o bom texto crítico do ex-presidente. Fui direto ao capítulo sobre Gilberto Freyre, um dos “inventores” do pensamento brasileiro, segundo o autor. E nisso, posso adiantar, em total acordo com minha insipiente interpretação sobre a realidade brasileira. Sim, não há quem leia Casa-grande & senzala que não se sinta pleno de entendimento sobre a nossa realidade social. Não é apenas um clássico da sociologia nacional, é mais do que isso: é uma obra de arte que fala do Brasil com mágica, beleza e ciência. Um dos livros mais impactantes que já li. E não apenas o li, mas o estudei com os cuidados necessários à elaboração de uma dissertação acadêmica.

Apesar de reconhecer o mérito indelével do pensamento freyreano, o sociólogo Fernando Henrique reproduz uma crítica à sua obra que sói acontecer no ambiente acadêmico: Freyre seria um conservador e um disseminador da ideia da “democracia racial” brasileira, odiada por 10 entre cada 10 estudiosos das sociologia e antropologia tupiniquins. Sua obra seria uma ode ao falacioso sistema escravista condescendente e à visão pouco realista da situação do escravo em terras brasileiras. E nesse jogo dicotômico, no qual reconhece valores quase transcendentais na obra de Freyre ao mesmo tempo em que chega a propor certo “mal estar que sua obra causou, e quem sabe ainda cause, na academia”, reforça um preconceito quase juvenil a um constructo intelectual que beira o insuperável na sociologia nacional.

“Seu café, senhor”, diz-me a atendente com simpatia, trazendo-me à realidade da livraria e fazendo-me ouvir de novo o rumor do vai-e-vem e das conversas das pessoas à minha volta. A pausa foi essencial para sorver a bebida em seu calor original. Continuo minha leitura sempre breve na livraria, a ser concluída em ambiente mais propício: a tranquilidade do silêncio.

Em nova imersão no texto sobre minhas mãos, lembro-me de outras críticas já estudadas, como os comentários dos historiadores Robert Slenes e Cristiany Rocha, que veem Freyre apenas como um defensor da ideia do patriarcado como fonte singular da formação social brasileira, chegando a afirmar que esse “inventor do Brasil” compara o escravo a um animal sem controle dos instintos que vive em situação de prostituição doméstica. E aqui não poderia deixar de citar Casa-grande & senzala explicitamente:

temos que reconhecer o fato de que desde os dias coloniais vêm se mantendo no Brasil, e condicionando sua formação, formas de organização de famílias extrapatriarcais, extracatólicas que o sociólogo não tem, entretanto, o direito de confundir com prostituição e promiscuidade. Várias delas parecem ter aqui se desenvolvido como resultado de influência africana, isto é, como reflexos, em nossa sociedade compósita, de sistemas morais e religiosos diversos do lusitano-católico, mas de modo nenhum imorais para grande número de seus praticantes” (Global, 2004, p.130).

Não obstante a clareza do discurso freyreano acima bem ilustrada, questiono-me se há realmente problemas científicos nesse clássico da sociologia nacional ou se as críticas que leio não passam de má vontade por parte de alguns estudiosos mais interessados em propagar mitos raciais. Como diria a socióloga Cynthia Sarti, Freyre desperta uma “apreensão” no meio das ciências sociais; apreensão, complemento, causada pelo vigoroso painel que expõe das relações sociais, culturais, étnicas e econômicas, impedindo a construção do mito racial inverso àquele que se culpa Freyre. E o ex-presidente, em coro, afirma ser a obra em discussão uma construção mistificadora, adjetivo posto garrido de sofisticações que ainda assim não esconde a dureza da crítica, haja vista a desconexão óbvia, conforme o fragmento exposto, entre a obra e o pensamento dos que sofreram do “mal estar” por ela causado.

A obra de Freyre ainda carece de crítica mais bem fundamentada. Talvez o tempo e a maturação de seu conteúdo entre os estudiosos permitam uma análise menos ideológica e mais racional. Culpá-lo de mistificar as diferentes participações étnicas na formação socioeconômica brasileira, baseando-se apenas num desejo nada científico de criar situações que os fatos históricos não corroboram, é justamente mistificar, num sentido mais preciso. É fato que não tenho pendores de Teseu, mas obrigar Freyre a deitar no leito de Procusto é, no mínimo, uma injustiça intelectual.

Acabou o café. Fechei o livro. Paguei a conta. Fui-me embora. Em casa terei boa leitura garantida e uma discussão solitária a travar com um ex-presidente.

domingo, 9 de maio de 2010

Araújo Porto-Alegre, o espírita da Corte

Paulo Roberto Viola(*)
Jornal O Globo, 19/11/2009.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2009/11/19/araujo-porto-alegre-espirita-da-corte-242668.asp

Na quarta-feira a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) promoveu uma homenagem ao escritor, político e jornalista Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879). Durante o evento foi lançado o livro "Barão de Santo Ângelo — O espírita da Corte" (Editora Lorenz), de Paulo Roberto Viola, que analisa a vida e a obra de Porto-Alegre. Abaixo, um texto do autor sobre o personagem de seu livro.

Gaúcho de Rio Pardo, Manoel José de Araújo Porto-Alegre, que entrou para a História do Brasil como Barão de Santo Ângelo, foi chamado, a seu tempo, de o "homem-tudo", por seu talento multidisciplinar. Além de jornalista emérito, fundador e editor de várias revistas, foi também caricaturista, professor, orador, crítico e historiador de arte, pintor da Corte, arquiteto, diplomata e político. A ele se deve a primeira caricatura brasileira e a difusão do gênero literário romântico, ao lado de Gonçalves Dias e de Gonçalves de Magalhães. De sua autoria é o óleo sobre tela "A Sagração de Dom Pedro II", um clássico da pintura nacional. Foi ele autor de cinco peças teatrais de sucesso, dentre elas a famosa "Noite de São João" (ópera lírica, em 1877). Seu maior talento era a capacidade artística de unir história e arte. Amigo e confidente do Imperador Dom Pedro II, desfrutando também da confiança da Princesa Isabel, homem de origens humildes, tornou-se Barão por decreto imperial por seus relevantes serviços prestados à Coroa.

Em 1888, o crítico de arte Luiz Gonzaga Duque Estrada reproduziu palavras de Porto-Alegre no testamento que deixou, mostrando seu elevado padrão ético e moral: "Nunca amei os homens pela sua posição; nunca adorei o dinheiro, tendo sempre vivido pobremente e nunca tive outra ambição que não fosse a de um nome sem mancha. Sofri pela amizade e pela justiça, porque sempre detestei a deslealdade e o despotismo".

Numa época em que o monarca, o servidor do Estado e os parlamentares eram compelidos pela Constituição de 1824 a jurar fidelidade à Igreja Católica, Porto-Alegre, cônsul do Brasil na Alemanha, cultuava, às escondidas, o espiritismo codificado pelo pedagogo francês Allan Kardec, com quem se relacionou a partir das viagens frequentes que fazia a Paris. Em longa carta ao amigo e escritor Joaquim Manuel de Macedo — integralmente transcrita e comentada no livro — ele confessa sua crença religiosa e filosófica, mas suplica: "quanto à reserva que lhe pedi, concebe o medo que tenho de passar por louco em último grau, pois que já passo em primeiro".

Tal qual o Imperador Dom Pedro II, a quem serviu com fidelidade e, sobretudo, amizade, Porto-Alegre morreu pobre, após uma vida inteira em que sentia na própria carne a constatação do sábio jurista Pontes de Miranda: "glória é solidão", pois segundo a História, seus escritos íntimos acusam uma permanente sensação de isolamento. Talvez ele seja um desses casos flagrantes de quem conheceu grande fama na vida e caiu no esquecimento — escreveu o crítico Jayro Nogueira Luna.

Tendo falecido na Europa em 1879, seus restos mortais somente vieram para o Brasil em 1922, a pedido da Sociedade Brasileira de Belas Artes, tendo esse notável da Monarquia brasileira deixado um precioso legado, não só de valores intelectuais, mas, sobretudo, de valores morais e éticos, com exemplos marcantes, que a República não jamais pode esquecer.

(*)Paulo Roberto Viola é advogado, jornalista e escritor.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Allan Kardec et le spiritisme

Histoire d’une religion qui se voulait scientifique
Jacques Poustis - SPS n° 256, mars 2003

S’il semble bien que la communication avec les esprits des morts soit aussi vieille que l’humanité, le spiritisme moderne a été, lui, élaboré par le Français Léon Hippolyte Rivail (alias Allan Kardec, 1804-1869) à partir de 1855 et édicté dans ses grandes lignes dans un premier ouvrage de 500 pages, Le Livre des Esprits (1857). Certains auteurs considèrent aujourd’hui que le spiritisme est la quatrième religion révélée après le judaïsme, le christianisme et l’islam.

Une expansion rapide

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Allan Kardec (1804-1869)
Philosophie théologique, à la fois chrétienne et animiste (communication avec les esprits des morts qui nous entourent), le spiritisme revendique à la fois un prophète fondateur (Allan Kardec) et des « Vérités révélées » (regroupées dans différents ouvrages : Le Livre des Esprits, Le Livre de médiums, L’Evangile selon le Spiritisme et La Genèse).
A l’instar des grands courants religieux, le spiritisme s’est rapidement exporté hors de ses frontières culturelles d’origine, notamment vers les continents américains et asiatiques.
Au Brésil par exemple, le spiritisme est aujourd’hui suivi avec ferveur par des millions d’adeptes. Allan Kardec y est devenu, d’une façon très « naturelle » pourrait-on dire, le prophète incontesté d’un syncrétisme fédérateur des croyances à la fois ancestrales locales (Indiens d’Amazonie), mais tout autant occidentales chrétiennes (colonisation européenne, notamment portugaise, dès le XVIe siècle), qu’africaines animistes (importation massive d’esclaves du XVIIe jusqu’à la fin du XIXe siècle). Un timbre-poste à l’effigie d’Allan Kardec a été émis au Brésil en 1954.

Le « pied fourchu » des sœurs Fox

Apparemment inexplicable, le « don surnaturel » des deux fillettes de pouvoir communiquer avec un esprit, n’était en fait qu’un simple exercice physique savamment mis en scène : en tortillant les articulations de leurs doigts de pieds sous la table, les deux sœurs produisaient, dans l’ambiance semi-obscure et feutrée de leurs séances d’occultisme, des craquements du plus bel effet… Margaret Fox aura beau, à la fin de sa vie, se repentir et avouer la fraude dans un long article paru dans le New York World, les adeptes convaincus de la réalité des esprits frappeurs continueront à ne retenir comme authentique que l’escroquerie initiale. Pire : bon nombre de publications ultérieures traitant du spiritisme (et donc des sœurs Fox, leurs initiatrices) feront elles aussi l’impasse sur cet aveu tardif. L’ouvrage du Dr Encausse, Science occulte et déséquilibre mental, qui est encore aujourd’hui, 75 ans après sa première édition, considéré comme le livre de référence pour l’étude des dangers de la pratique du spiritisme sur la santé mentale de ses adeptes, ignore le repentir public de Margaret Fox, laissant ainsi planer (sciemment ?) la possibilité que les manifestations spirites soient authentiques !

Pied Fourchu a frappé 

Pour comprendre l’origine européenne de la « Vérité révélée » édictée par Kardec, il faut se remémorer l’environnement culturel occidental de l’époque. En 1848 aux Etats-Unis, deux jeunes sœurs, Margaret et Kate Fox, un peu mythomanes et très comédiennes, s’inventent un « esprit frappeur » qui parfois les interpelle par le biais de petits craquements insolites. Elles donnent - non sans malice comme nous allons le voir - un nom prédestiné à cet esprit farceur : « Pied-Fourchu » (voir encadré).
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Margaret et Kate Fox
Ce « Pied fourchu » obtient aussitôt un tel succès que l’on vient de tout le quartier, puis de toute la région, pour participer aux séances occultes des deux fillettes. Bientôt leurs « talents de médiums » embrasent le pays tout entier. Margaret et Cathie Fox sont rapidement « managées » par une sœur aînée qui s’avère très avisée sur le plan commercial. La petite équipe se lance alors dans une épopée de conférences qui attire des foules énormes et conquises. « Pied fourchu » ne suffisant plus, d’autres esprits viennent à la rescousse des deux sœurs. Parallèlement, dans toute l’Amérique, des milliers de nouveaux « médiums », flairant l’opération juteuse, se découvrent soudainement la faculté surnaturelle de converser avec les esprits.
Après avoir fait fureur aux États-Unis, la « médiumnité » déferle rapidement sur l’Europe. C’est là qu’elle s’enrichit de divers accessoires qui, par une théâtralisation très étudiée, rajoutent du volume et du sensationnel à la communication avec les esprits : tables tournantes (courantes ou même sautillantes), écritures automatiques, voix gutturales venues d’outre-tombe, poltergeists [1], ectoplasmes [2]…

Esprit, es-tu là ?

Différentes techniques étaient employées pour entrer en communication avec les « esprits ». On utilisait les services d’un médium. L’esprit s’exprimant par la voix de celui-ci, soit ouvertement, soit (suggestion plus efficace) par des techniques de ventriloquie. Mais les « esprits » étaient aussi supposés avoir la capacité de pénétrer la main du médium et s’exprimer par « écriture automatique ».
Enfin, l’esprit « pouvait » envahir une petite table (en général un léger guéridon à 3 pieds, plus apte au déséquilibre…). A l’appel des mains jointes des participants, posées sur la table, celle-ci mue par de « mystérieux » balancements frappait des coups répétés, immédiatement retranscrits par un secrétaire de séance sous forme de lettres de l’alphabet. La technique de balancement a été parfaitement explicitée par différents auteurs : une légère pression volontaire du médium, accentuée par l’accompagnement - souvent inconscient - des participants sous l’emprise de la suggestion, suffisait à lancer le processus…
J. P.

Hippolyte Rivail : de la science à l’occultisme

En 1854, Hippolyte Rivail a cinquante ans. Il a depuis sa jeunesse une passion un peu secrète pour le somnambulisme et le magnétisme animal sur lesquels il a accumulé au fil des années une importante documentation. Quelques-uns de ses amis (dont l’éditeur Didier), collectionneurs eux aussi de « faits étranges », lui demandent de faire le tri dans cette masse d’informations hétéroclites et d’en produire une synthèse publiable. Mais Hippolyte Rivail hésite. Il est à l’époque enseignant ayant pignon sur rue (il fut l’élève de Pestalozzi, l’un des précurseurs de la pédagogie moderne, dont il propage depuis les idées), auteur de livres scolaires à caractère scientifique dont le but avoué par lui-même est de « débarrasser la jeunesse des multiples superstitions qui polluent les esprits juvéniles et malléables ». Il craint que ce projet d’édition sur des phénomènes qu’il considère encore insuffisamment prouvés brouille son image publique de scientifique rigoureux. Pourtant il sait bien qu’au fond de lui-même il a toujours été partagé entre deux sentiments contradictoires : d’une part, un enthousiasme authentique pour le progrès scientifique de ce XIXe siècle florissant en la matière, et d’autre part un penchant mystique qui, depuis l’âge de 19 ans, le fait se passionner pour les phénomènes que l’on dit à l’époque « occultes ». Hippolyte Rivail finit par se plier à l’injonction de ses amis et entreprend - sans véritable enthousiasme dit-on — la tâche de forçat qui lui est demandée : écrire un ouvrage encyclopédique sur les esprits et les communications possibles avec eux à partir de l’énorme documentation amassée par ses amis et lui…

C’est peu après cette décision (1855) qu’Hippolyte Rivail se laisse entraîner par un ami convaincant (contre son gré et juste par curiosité, dit-on encore) à participer à sa première séance « d’évocation » et d’écriture médiumnique. Il est tout d’abord troublé, puis rapidement « convaincu » :

« Ce fut là, avouera-t-il plus tard, que, pour la première fois, je fus témoin du phénomène des tables tournantes et cela dans des conditions telles que le doute ne m’était plus permis… ».
Sa croyance confuse en la possible existence d’entités immatérielles entourant les humains s’affermit dès lors au gré des expériences qui suivent. Les « séances d’évocation » deviennent pour Hippolyte Rivail une activité régulière, puis une passion dévorante et incontournable. Lors de l’une d’elles, un esprit nommé Zéphir (institué par ses amis comme étant son « ange gardien » [3]), inspiré par un médium renommé de l’époque, lui fait une révélation d’importance :
« Nous vivions tous deux ensemble il y a bien longtemps dans les Gaules. Nous étions amis, tu étais druide et t’appelais alors Allan Kardec…  ».
Hippolyte Rivail est subjugué. A partir de ce jour-là, de multiples relations très amicales se créaient entre lui et de nombreux Esprits, tous plus affables et humanistes les uns que les autres. Citons (entre autres) : saint Jean l’Evangéliste, saint Augustin, saint Vincent de Paul, Socrate, Platon…

Et Hippolyte devint Allan !

Allan Kardec, puisque tel est désormais son pseudonyme spirite, vit dès lors totalement sous l’emprise de la médiumnité. Il mène de front son métier de professeur de lycée et l’écriture de son ouvrage sur la communication avec les Esprits. Un jour qu’il y travaille, il entend distinctement des coups insolites frappés sur la cloison de son bureau. A la séance de spiritisme suivante, il questionne la table. L’Esprit qui « l’anime » est péremptoire :
« C’est moi ton Esprit familier qui ai frappé. Pour toi, je m’appellerai la Vérité, et tous les mois, pendant un quart d’heure, je serai à ta disposition. Ce que j’avais à te dire concernait ce que tu faisais. Ce que tu écrivais me déplaisait et je voulais le faire cesser. Il y a une grave erreur à la trentième ligne que tu dois corriger ».
Allan Kardec, docile, relit l’ouvrage et découvre effectivement une erreur à la trentième ligne !
Désormais les Esprits ne le quittent plus et sont, à ses dires, ses plus fidèles et meilleurs conseillers. C’est le 30 avril 1856 que Zéphir, son ange gardien, lui révèle sa mission :
« […] Il n’y aura plus de religion et il en faudra une, mais vraie, grande, belle et digne du Créateur… Les premiers fondements en sont déjà posés. Toi Rivail, ta mission est là  ».
La petite histoire nous rapporte qu’aussitôt la corbeille d’osier (qui servait à recueillir les retranscriptions par écriture automatique du médium) se retourne vers Kardec comme une personne qui l’aurait montré du doigt. Comme dit malicieusement Sylvia Sztruzman dans un article [4] sur Allan Kardec : « Autrefois c’était un éclair ou une déchirure du ciel qui informait l’Elu de sa prédestination à réformer l’univers. Le XIXe siècle y a substitué le tressaillement d’une corbeille sauteuse. Il fait autant d’effet que le tonnerre de Dieu ». 

Messager des Esprits, pape du spiritisme !

Pour le nouveau prophète désigné, il s’agit là d’une « Révélation ». Les Esprits sont désormais pour lui une réalité « scientifiquement observable » et l’ont manifestement choisi pour être leur messager sur Terre. C’est sur cette croyance, qui peu à peu s’érige en dogme, qu’il entreprend avec ferveur le Livre des Esprits où il retranscrit, sous forme de questions/réponses qu’il commente parfois, ses discussions avec les Grands Esprits. On y apprend qu’une hiérarchie presque « administrative » (et très moralisante) existe chez les Esprits, allant de l’« Esprit protecteur » au « mauvais Esprit », en passant, entre autres, par l’« Esprit sympathique » et l’« Esprit familier ».
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« Spiritisme », une comédie dramatique écrite par Victorien Sardou (1897).
Le Livre des Esprits paraît le 18 avril 1857. Le succès de librairie est immédiat et retentissant. Allan Kardec profite de cette dynamique pour fonder la Revue spirite dont la publication perdure encore aujourd’hui.
En 1857, en la personne de Allan Kardec, le spiritisme s’est trouvé un pape, il ne lui manque plus, pour asseoir solidement sa notoriété dans l’opinion publique, que quelques thuriféraires prestigieux. Ils ne vont pas manquer : de Victor Hugo en exil (qui jeta malgré tout le trouble sur la doctrine en affirmant avoir eu des contacts avec des esprits d’animaux ! …) à Camille Flammarion, esprit brillant des salons parisiens, du physicien anglais Crookes au Docteur Richet, du philosophe Bergson au dramaturge Victorien Sardou.
Il faut aussi des contradicteurs virulents, dont l’acharnement exacerbé ne fait que confirmer le « bien-fondé » de la nouvelle doctrine. Ils ne manquent pas non plus. Autant dans les milieux scientifiques, effondrés par ce triomphe de la crédulité hystérique et obscurantiste, que du côté de l’Eglise qui ne peut accepter l’idée que Dieu le Père puisse déléguer ses pouvoirs à des esprits pour nommer un nouveau prophète (l’autodafé de l’évêque de Barcelone à l’encontre du spiritisme prendra même un ton qui rappellera fortement la violence agressive de l’Inquisition). Il est d’ailleurs étonnant de constater que, de nos jours, des ouvrages académiques sur l’histoire des religions fassent l’impasse sur le spiritisme. Comme si les exégètes des grandes religions, toujours prêts à respecter les « petits mouvements religieux anecdotiques », craignaient d’accréditer un courant tellement attractif que des fidèles, pourtant venus d’obédiences antérieures fort diverses, s’y engagent avec autant de facilité [5]. 

Le spiritisme aujourd’hui

En Occident, de nos jours, le spiritisme semble avoir beaucoup perdu de son influence. On le retrouve d’une façon parcellaire dans la nébuleuse « New-Age » où perdurent quelques croyances aux « anges gardiens ». Sans doute son importance s’est-elle dégradée avec l’enlisement de l’engouement pour la médiumnité. Il ne faudrait cependant pas la sous-estimer. En effet, les enquêtes sociologiques montrent que la croyances « aux esprits des morts » ou « aux âmes errantes » est loin d’être négligeable. La revue Phosphore (ciblée sur un lectorat de 20 ans) publie dans son numéro de novembre 2002 une enquête sur les croyances paranormales des jeunes. Les résultats sont stupéfiants : 25 % d’entre eux (1 sur 4 !) croient aux « tables tournantes ».
Dans des populations plus exubérantes qu’en Europe, où la peur d’être jugé sur l’irrationalité de ses croyances est moins prégnante (Amérique du Sud par exemple), le spiritisme fédère de nombreux mouvements religieux qui s’affichent dans des manifestations populaires grandioses.
Bien que le prophète « Allan Kardec » n’ait plus en France la résonance médiatique qui était encore la sienne il y a moins d’un siècle, sa tombe parisienne (la plus visitée du prestigieux cimetière du Père Lachaise !) est fleurie toute l’année par des fidèles anonymes venus rendre hommage ou demander une faveur au « Maître ».
Les croyances occidentales à la « métapsychique » des années 1880/1920, autoproclamée depuis « parapsychologie scientifique », doit beaucoup au succès passé du spiritisme, étroitement lié qu’il était à l’engagement de célébrités scientifiques et littéraires de l’époque, tels (déjà cités) le Dr Richet (qui obtiendra le Prix Nobel de médecine en 1912) ou Camille Flammarion (vulgarisateur scientifique talentueux, mais aussi thuriféraire passionné des sciences occultes), pour lesquels « théologie spirite » et « recherches métapsychiques » constituaient un tout indissociable. Il est à noter cependant que bon nombre de parapsychologues modernes tiennent aujourd’hui à se démarquer de la religiosité dont Allan Kardec entoura le phénomène spirite, préférant s’en tenir à la « réalité » (toujours sans légitimité scientifique) des phénomènes paranormaux. 

La doctrine : comment expliquer son succès ?

Le succès du spiritisme pourrait s’expliquer par l’apaisement recherché par ses fidèles, confrontés aux douloureux questionnements existentiels.
Kardec précise en effet dans ses divers « Livres révélés » que :
Tous les hommes sont protégés par des anges gardiens…
Nous sommes bel et bien éternels. Non par le corps, mais par l’âme…
Point de purgatoire à l’issue incertaine pour nos âmes, point de jugement dernier…
En mourant nous ne perdons pas le contact avec nos familles, nos enfants, nos amis…
Le spiritisme, contrairement aux autres religions, s’affirme scientifique…
Le spiritisme ne se heurte pas de front avec les grands dogmes traditionnels. Ainsi la Bible y est décrite comme faite de symboles, d’ellipses, de métaphores.
Il n’y a pas d’erreurs bibliques, mais seulement de mauvaises interprétations…
Cette doctrine, résolument non-violente et plutôt féerique, se démarque nettement des grandes religions traditionnelles parfois si effrayantes, souvent si culpabilisantes, et toujours si intransigeantes. 

Le spiritisme face à la science : de bien grosses ficelles…

Dans les livres de Kardec les Esprits « révèlent » un souci pédagogique de vulgarisation scientifique qui devient touchant quand on sait quel enseignant passionné fut Hyppolite Rivail. Les textes sont ponctués de découvertes récentes sur la physique, la chimie, les sciences naturelles, et n’hésitent pas à dénier certaines assertions bibliques, revues et corrigées en ellipses symboliques et métaphoriques. Quand les Esprits ne peuvent répondre à des questionnements sans réponse à l’époque, Kardec rajoute un bref commentaire personnel pour dire que Dieu a fixé des limites à ne pas franchir par la connaissance humaine (« Dieu a ses mystères et a posé des bornes à nos investigations », Livre des Esprit, 45.III).

Parfois même les réponses des « Esprits » expriment les erreurs du savoir scientifique de l’époque (à la question 44.III : « D’où sont venus les êtres vivants sur la Terre ? », un Esprit supérieur répond : « La terre en renfermait les germes qui attendaient le moment favorable pour se développer […] les germes restèrent à l’état latent et inertes […] jusqu’au moment propice pour l’éclosion de chaque espèce… »). Il est vrai qu’il faudra attendre encore une vingtaine d’années après le Livre de Kardec pour que, d’une part, Pasteur révolutionne la biologie et oblige (avec les difficultés que l’on connaît) la communauté scientifique à rejeter l’idée de « génération spontanée », d’autre part, pour que Darwin pose les fondements de la lumineuse théorie de l’évolution des espèces.

Pour Kardec il ne fait aucun doute que la foi en Dieu est le résultat d’une démarche scientifique : le principe affirmant que chaque chose a une cause et que chacune de ces causes a, elle aussi, une cause, aboutit inéluctablement pour lui à l’existence d’une « cause première originelle »… qui ne peut être que celle d’un « dieu créateur ». On retrouve là une tautologie pratique mais simpliste, vieille comme la pensée religieuse, qui ne peut évidemment aboutir qu’au questionnement infranchissable suivant : « Oui, mais alors quelle est la cause de Dieu ?… ». Les « livres révélés » du spiritisme éludent habilement cet ultime et angoissante interrogation.

Toujours pour Kardec, les « preuves matérielles » de la réalité du spiritisme sont incontestables : ce sont les messages objectivement observables, que les esprits nous envoient sous différentes formes (médiumnité, coups frappés sur des objets, voix venues du « fluide invisible des Esprits »…). Mais c’est aussi dans ce dogme que se trouve le talon d’Achille du spiritisme. En effet la science se dote durant le XXe siècle de nouveaux moyens de contrôles expérimentaux (notamment les techniques de « vision infrarouge ») qui déconsidèrent définitivement les prétentions médiumniques et ectoplasmiques du spiritisme. Aucun illusionniste moderne n’oserait se prêter aujourd’hui aux stratagèmes grossiers utilisés à l’époque de Kardec. Or « médiumnité » et « séances d’évocation », autrement dit « illusion » et « spectacles de magie », constituent l’essentiel des preuves qui légitimaient la doctrine ! Exit les tables tournantes ou brinquebalantes, preuves irréfutables de la réalité du spiritisme.

Il en faudrait pourtant beaucoup plus pour terrasser le penchant récurrent des hommes vers la pensée irrationnelle. Nos médiums de ce début du troisième millénaire sont technologiques. Les « Esprits » ne s’expriment plus par le truchement d’intermédiaires humains, ne se vautrent plus dans des voilages sombres et mystérieux ou par le biais de pieds de guéridons caractériels qui n’acceptent de valser que dans la pénombre. Leur voix imprègnent aujourd’hui les bandes de magnétophones accueillants, ou encore leur visage se matérialisent dans le scintillement pointilliste de l’écran noir d’une télévision allumée…
Les ficelles restent quand même bien grosses pour qui se refuse à être pris pour un demeuré… 

Garder l’esprit critique en alerte

Fédérateur et tolérant, bon-enfant et fraternel, s’annonçant résolument « scientifique », accessible immédiatement sans faire appel à une « Connaissance » ésotérique, répondant d’une façon claire et rassurante aux angoisses fondamentales de l’humanité, le spiritisme séduira sans doute tant qu’il y aura de par le monde un public peu formé à l’esprit critique, avide de donner sans effort intellectuel un sens humaniste, transcendantal et éternel à son existence. Que cela n’empêche pas les défenseurs de la raison de rester vigilants vis-à-vis d’une religion pseudo-scientifique où se mêlent, sans discernement ni distanciation, douces utopies de la pensée magique et confrontations inévitables avec la réalité quotidienne. L’actualité est là pour nous montrer comment les fuites mythomaniaques vers les fausses certitudes que nous offrent les marchands de rêves éveillés, peuvent être traumatisantes, désociabilisantes et déstructurantes pour des individus fragilisés par l’inculture, la maladie ou la perte d’un être cher.

La tolérance et le respect dus aux choix philosophiques des individus doivent savoir faire place à l’intérêt, d’ailleurs légiféré, de l’assistance à personnes en danger physique ou psychique. Le spiritisme fait, à mon avis, partie de ces croyances-là. Comme se plaisait à dire Jean Rostand : « Avoir l’esprit ouvert n’est pas l’avoir béant à toutes les sottises ».
Bibliographie

Dr Philippe Encausse, Sciences occultes et déséquilibre mental, éd. Dangles, 1958.
Historia, hors-série, n° 34, janvier 74.
Jean de Mutigny, Victor Hugo et le spiritisme, ed. Fernand Nathan, 1981. EDMA, L’Occultisme, éd. Livre de poche, 1976.
Michel Rouzé, La Parapsychologie en question, ed. Hachette, 1979. Allan Kardec, Le Livre des Esprits, reéd. stock+plus, 1980.
Henri Broch, Au cœur de l’extra-ordinaire, éd. Horizon Chimérique, 1991. Michel Malherbe, Les Religions de l’Humanité, éd. Critérion, 1992.
R. P. François Brune, Les morts nous parlent, rééd. Livre de Poche n° 6678.


[1] Fantômes frappeurs.
[2] Corps ou partie d’un esprit, matérialisés sous une apparence plus ou moins gélatineuse
[3] A la lecture des biographies de Allan Kardec, on ne peut s’empêcher d’imaginer que ces amis-là furent les instigateurs de la future fantasmagorie spirite de Hippolyte Rivail…
[4] Historia, hors-série, n° 34, janvier 74.
[5] Ainsi en est-il (parmi bien d’autres) du gros pavé de 630 pages Les Religions de l’Humanité (Michel Malherbe, éditions Critérion, 1992), ou dans le succès de librairie Les morts nous parlent (Révérend Père François Brune, éd. Du Félin, 1988, repris en Livre de poche n° 6678) où les auteurs réussissent l’exploit de ne pas citer une seule fois le nom de Kardec ou du mouvement spirite.

domingo, 31 de janeiro de 2010

O massacre mórmon em Monte Meadows

Ou Como a religião torna os homens tão estúpidos.

Massacre mórmon volta à tona 146 anos depois
Igreja Mórmon é pressionada por parentes de vítimas da chacina de Monte Meadows a pedir desculpas

Sally Denton*
The New York Times
Notícia publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 1 de junho de 2003

SANTA FÉ, Novo México - Neste verão, quando as famílias perambularem por todos os Estados Unidos visitando locais históricos, existe um local - o Monte Meadows, no sudoeste de Utah - que não fará parte de muitos itinerários. O Monte Meadows, que fica a duas horas de carro de um dos destinos turísticos mais populares do Estado, o Parque Nacional Zion, é o local que o historiador Geoffrey Ward chamou de "o exemplo mais hediondo do custo humano cobrado pelo fanatismo religioso na história americana até o 11 de setembro".

E embora possa não ser um destino turístico importante, por um século e meio o massacre tem sido o foco de um debate acalorado entre os mórmons e a população de Utah. É uma discussão que atinge o cerne dos dogmas básicos do mormonismo. Isso, a mancha mais escura da história da religião, é uma realidade amarga e uma situação desafiadora para a moderna Igreja Mórmon, que luta para se livrar de sua história de extremismo.

Em 11 de setembro de 1857, em um monte no sudoeste de Utah, uma milícia da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ou mórmons, atacou um comboio de famílias de Arkansas a caminho da Califórnia. Após um cerco de cinco dias, a milícia convenceu as famílias a se entregarem sob a bandeira da trégua e a promessa de travessia segura. Então, na pior carnificina de pioneiros brancos contra outros pioneiros brancos de toda a história da colonização dos EUA, aproximadamente 140 homens, mulheres e crianças foram mortos. Só 17 crianças com menos de 8 anos - a idade da inocência pela crença mórmon - foram poupadas.

Após a matança, a igreja primeiro alegou que os responsáveis tinham sido os índios Paiute, mas, à medida que surgiram provas do envolvimento dos mórmons, a igreja pôs toda a culpa em John D. Lee, um membro da milícia e mórmon fanático que também era o filho adotado do profeta Brigham Young.

Após quase duas décadas, como parte de um acordo para a transformação em Estado, Lee foi fuzilado em 1877. A igreja tem consistentemente negado a responsabilidade - rotulando Lee de renegado -, mas muitos historiadores acreditam que os líderes mó+rmons, embora nunca tenham sido processados judicialmente, ordenaram o massacre.

Agora, passados 146 anos, os descendentes de Lee e os parentes das vítimas vêm pressionando a Igreja Mórmon por um pedido de desculpas. O movimento por algum reconhecimento oficial por parte da igreja começou no final da década de 80, quando um grupo de descendentes de Lee, entre eles um ex-secretário do Interior dos EUA, Stewart Udall, começou a trabalhar para limpar o nome de seu ancestral.

Em 1990, descendentes das vítimas e dos perpetradores começaram a insistir com a Igreja Mormon para admitir a responsabilidade pelo morticínio e para reconstruir um marco em ruínas levantado no local por soldados do Exército americano, em 1859.

O atual presidente da Igreja, Gordon B. Hinckley - ele próprio um profeta que diz receber revelações divinas - tomou um interesse pessoal pelo episódio e, em 1998, concordou em restaurar o marco, onde ao menos alguns dos corpos estavam enterrados. Mas mesmo essa concessão acabou criando uma polêmica quando, em agosto de 1999, uma escavadeira da empreiteira contratada pela igreja desenterrou acidentalmente os ossos de 29 vítimas.

Após um debate entre autoridades de Utah e líderes da igreja sobre leis estatuais que exigem que ossos desenterrados sejam examinados por legistas para determinar a causa da morte, a igreja mandou enterrar rapidamente os restos mortais sem um exame mais detalhado que poderia ter chamado a atenção para a brutalidade dos assassinos. Um mês depois, em 10 de setembro de 1999, quando descendentes dos autores e das vítimas se reuniram para inaugurar um monumento financiado pela igreja no qual esperavam que houvesse um serviço religioso "curador", ambos os lados ficaram desapontados pelos comentários de Hinckley.

Ele continuou a negar a responsabilidade da igreja, chegando a acrescentar uma exoneração de responsabilidade jurídica que muitos consideraram afrontosa. "Que aquilo que nós fizemos aqui nunca seja interpretado como uma admissão por parte da igreja de qualquer cumplicidade nas ocorrências daquele dia fatídico", disse. Muitos consideraram esse discurso uma tentativa de evitar processos judiciais.

Mas a recusa da igreja em desculpar-se é mais complicada. Numa época em que religiões no mundo inteiro estão reconhecendo e mostrando arrependimento pelos pecados do passado, o massacre deixou a Igreja Mórmon num dilema.

Católicos romanos se desculparam pelo seu silêncio durante o Holocausto, metodistas unidos, pelo massacre de índios americanos durante a Guerra Civil americana, batistas sulistas, pelo apoio à escravidão, e luteranos, pelos comentários anti-semitas feitos por Martin Luther King.
Mas, diferentemente dos líderes de outras religiões que se acreditam guiados pela mão de Deus, os profetas mórmons são considerados uma extensão de Deus.

O reconhecimento da cumplicidade por parte dos líderes da igreja poria em dúvida a questão da divindade de Brigham Young e a crença mórmon de que são o povo escolhido por Deus.

Acreditando estar fazendo trabalho de Deus livrando o mundo de "infiéis", os fanáticos mórmons evangélicos cometeram uma das maiores atrocidades civis em solo americano. Sem uma verdadeira tentativa de prestação de contas e reparação, a igreja não escapará da sombra desse crime horrível que paira sobre ela.

* Sally Denton é autora do livro American Massacre: The Tragedy at Mountain Meadows, September 1857 (Massacre americano: a tragédia no Monte Meadows, setembro de 1857)
.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Reflexões sobre a democracia e o 31 de março

Artigo de Sergio Mauricio publicado no Caderno Cultural do Jornal A Tarde, Salvador, BA, em 15/04/2006.

“Apesar de você, amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia?
Como vai proibir quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando e a gente se amando sem parar”
Fragmento duma canção de Chico Buarque

Imagine-se uma situação na qual alguns proprietários de latifúndios ou exploradores de minas pelo país reunir-se-iam, anualmente, numa data que, para eles, fosse representativa, e comemorassem o sistema escravocrata de produção. Nesse dia, seus expoentes fariam discursos enaltecendo a escravidão como responsável pelo desenvolvimento sócio-econômico do país por mais de 300 anos, e afirmariam o orgulho por um passado glorioso de força e poder, além de situar a escravidão como um valor imutável que daria sentido à economia brasileira.

Tal possibilidade seria considerada por muitos como esdrúxula e insensata, pois feriria a história e a dignidade daqueles que foram suas vítimas. Mas, apesar do absurdo, não se poderia negar tal direito de manifestação a quem quer que fosse, pois essa situação hipotética se inseriria no contexto das liberdades individuais, como a liberdade de expressão e pensamento, e, portanto, legítima. Entretanto, e se essa estranha comemoração fosse patrocinada por um órgão oficial do Governo Federal, como o Ministério da Agricultura, por exemplo? Nessa nova suposição, não se falaria mais em simples exercício das liberdades individuais, mas num posicionamento formal do governo de turno sobre a questão, que deliberadamente assumiria uma opinião sobre o tema. Haveria, obviamente, uma inadequação dessa postura oficial, pois se mostraria tolerante com a prepotência e a arrogância em detrimento da luta em favor da liberdade e da igualdade sociais.

Essa ficção inaceitável acima descrita acaba de ocorrer no Brasil, é preciso apenas trocar nomes e fatos históricos: no último dia 31 de março, o comandante do Exército, general Francisco Roberto de Albuquerque, protagonizou um momento insólito quando divulgou uma nota em comemoração ao golpe militar que submeteu o país a uma ditadura que durou mais de 20 anos.

Na nota, divulgada como ordem do dia, e, por conseguinte, lida em todos os quartéis do país, o general afirma: “o 31 de março insere-se na história pátria e é sob o prisma dos valores imutáveis de nossa Força e da dinâmica conjuntural que o entendemos”. Para melhor apreender o profundo significado dessa afirmação, precisa-se recorrer à história do país durante a vigência da ditadura militar, que foi responsável por um horror indescritível, que matou e torturou um sem-número de brasileiros, apenas por pensarem de forma diferente. A pergunta imediata que não se cala é a que valores o general se referiu? Seriam a tortura, o assassinato, o desaparecimento, a perseguição política, as prisões ilegais, o exílio contumaz, os tais “valores imutáveis de nossa Força”? É o que naturalmente se entende.

Adiante reflete o autor-general que o golpe militar "une-se, vigorosamente, aos demais acontecimentos vividos, para alicerçar, em cada brasileiro, a convicção perene de que preservar a democracia é dever nacional”. O advérbio de modo “vigorosamente” não poderia ser mais bem empregado e ilustra com rigoroso primor aquele momento vivido pelo país. Mas daí a concluir que a participação do Exército objetivou “alicerçar a convicção perene” dos valores democráticos soa a escárnio. O país vinha duma curta experiência democrática, após a ditadura Vargas, e os cidadãos escolhiam seus representantes políticos, à revelia de todos os problemas inerentes à frágil e jovem democracia brasileira. Após o golpe ditatorial de 1964, as primeiras providências tomadas pelos militares golpistas, através do Ato Institucional no 1 (AI-1), de 9 de abril de 1964, assinado por representantes das três forças armadas, foram a extinção das garantias constitucionais dos servidores públicos e as possibilidades de suspensão dos direitos políticos dos cidadãos brasileiros pelo prazo de 10 anos e de cassação de mandatos políticos em todas as instâncias legislativas nacionais.

No AI-2, decretado em 27 de outubro de 1965 pelo general Castelo Branco, após derrota, em alguns estados brasileiros, dos candidatos militares nas eleições para governador em 1965, com destaques para Israel Pinheiro, do PSD, em Minas Gerais e Negrão de Lima, pela coligação PSD/PTB, na Guanabara, extinguiram-se o pluripartidarismo e as eleições diretas para presidente, permitiram-se o fechamento do Congresso Nacional e a intervenção imediata em estados e municípios, e alterou-se a formação dos tribunais de justiça, buscando sua subserviência aos interesses da ditadura. No mesmo trajeto da violência contra a democracia e da supressão dos direitos políticos e das liberdades individuais, foi promulgado em 5 de fevereiro de 1966 o AI-3, que suprimiu a eleição direta para governador e prefeito das capitais estaduais, que passaram, então, a ser indicados pelos governadores nomeados pela ditadura militar. O AI-4, de 7 de dezembro de 1966, propôs um novo projeto de constituição, que, publicada em 24 de janeiro de 1967, instituiu a Lei de Segurança Nacional, instrumento legal que definiu o crime de opinião, o crime político e o crime de subversão, e a nova Lei de Imprensa, que impôs a censura prévia com agentes presentes em todas as redações de jornais, emissoras de rádio e de televisão.

E no AI-5, mais conhecido pelo nível da repressão que desencadeou, publicado em 13 de dezembro de 1968, permitiu-se ao presidente militar, sem qualquer limitação, a intervenção em todos os níveis da administração pública nacional e o fechamento por tempo indeterminado dos poderes legislativos brasileiros, suspendeu-se a garantia jurídica do recurso de habeas corpus e instituíram-se medidas de segurança que proibiram manifestações e reuniões públicas e a freqüência a determinados lugares. No AI-13, baixado em 5 de setembro de 1969 pela junta militar que substituiu o general Costa e Silva, motivado pelo seqüestro do embaixador estadunidense no dia anterior pelos membros do MR-8, a ditadura endureceu ainda mais o regime, pois oficializou o banimento do Brasil de qualquer cidadão que fosse considerado inconveniente para os militares. E, para finalizar, no Pacote de Abril, decretado em 1977 pelo general Ernesto Geisel, cassam-se diversos parlamentares e altera-se a composição do Senado Federal, com a criação dos senadores biônicos, indicados pelas assembléias legislativas com o objetivo de garantir a maioria parlamentar submissa à ditadura.

Esse breve histórico, disponível a todos os brasileiros que se interessam em conhecer um pouco do passado do país durante o regime militar de exceção, é uma ilustração contundente e irrefutável que não se pode argumentar jamais que se pretendeu, durante a ditadura, preservar os valores democráticos. Ou se trata de má fé ou da mais simplória ignorância.

Ainda em seu libelo, o general sofisma ao dizer que “Esse Exército, o seu Exército, é conciliador sem perder a altivez, generoso com os vencidos, nobre nas atitudes, respeitador da lei, avesso aos ressentimentos”. Poder-se-ia até mesmo aceitar a afirmação se o militar estivesse apenas se referindo ao momento atual do nosso país, mas como sua referência é histórica e busca exaltar o 31 de março de 1964, o deboche é inquestionável. Respeitar leis que foram impostas pela força e pela arbitrariedade é muito fácil e nada democrático; se ser conciliador é proibir a livre expressão e calar “vigorosamente” os cidadãos; se ser generoso é fazer os adversários, mesmo que apenas de opinião, desaparecerem; se ter atitudes nobres é torturar, exilar e matar por crimes políticos; e se ser avesso aos ressentimentos é tripudiar da história e dos massacrados pela ditadura, é preciso urgentemente reformar os dicionários e construir novas definições que se acomodem a essa extravagante realidade.

Waldir Pires, o Ministro da Defesa recém assumido, argumentou para imprensa nacional que o general tem o direito de expressar a sua opinião e que tem “que respeitar a posição de cada um”. Insiste-se em afirmar que o cidadão tem todo o direito de pensar e publicar tudo o que foi escrito nessa louvaminha à participação do Exército brasileiro na história da repressão, o que não se pode admitir sob qualquer pretexto é que o Governo brasileiro seja envolvido nesse episódio burlesco, pois, afinal, o general falou não na qualidade de cidadão, mas de representante formal duma instituição do Governo Federal –o Exército brasileiro–, portanto, o texto representa não apenas a sua opinião, mas a opinião do Estado constituído, cujo novo Ministro da Defesa é um cidadão que viveu o exílio durante a ditadura militar e o Presidente da República foi preso como criminoso político por sua participação em protestos e greves durante esse regime ditatorial. O que tinge o fato com tons ainda mais severos são outros dois acontecimentos prévios: primeiro, mais distante, a constatação que esse episódio não foi um caso isolado, pois em 31 de março de 2000, também numa leitura da ordem do dia do Exército, o mesmo general já havia afirmado que o golpe militar de 1964 fora um ato de “coragem moral” para “restaurar a democracia”, confundindo mais uma vez sua opinião pessoal com o Estado brasileiro; e, segundo, pela afirmação do próprio general, ao referir-se às reações aos seus intempestivos juízos históricos, que o texto fora submetido com antecedência de duas semanas à aprovação do Vice-Presidente e então Ministro da Defesa José Alencar, seu superior imediato, o que corrobora a idéia que o texto representa a opinião da atual gestão política do Governo Federal, transformando o que seria apenas uma pilhéria inoportuna dum general numa interpretação equivocada e atroz da história brasileira por parte da presente administração.

Na Argentina, o dia 24 de março, dia do golpe militar que fez desaparecer cerca de 30 mil pessoas, foi esse ano transformado em feriado nacional pelo atual presidente Nestor Kirchner, não para se comemorar nada, pois nada há para ser comemorado, mas para ser usado como o dia da “memória”, um dia de reflexão e de manifestações para ninguém jamais esquecer o horror que aquele país viveu. Estimulou-se uma maratona de eventos políticos e culturais para registrar o sofrimento dos que trazem as marcas físicas e psicológicas da crueldade da ditadura portenha.

Que se faça o mesmo no Brasil e se use a efeméride desse trágico momento histórico para uma reflexão profunda sobre o papel da democracia em nossa sociedade. Todo regime que suprime as liberdades individuais, que impede a livre manifestação da opinião e do pensamento, que penaliza seus cidadãos pela discordância ideológica e que usa da violência extrema contra seus adversários políticos não merece ser lembrado, a não ser como exemplo a ser preservado às novas gerações do que não se deve permitir que volte a acontecer jamais. O regime ditatorial que se instalou no Brasil após o golpe antidemocrático de 1964, e que se arrastou por mais de 20 anos deixando para trás um rastro de sangue e de arbitrariedade, é um desses claros exemplos. O Brasil tem o dever moral e político de sempre lembrar que não há nada que justifique a supressão dos direitos democráticos, não há “milagre econômico” nem controle inflacionário, não há “Brasil, ame-o ou deixe-o” nem reformas de base, que possam minimizar o horror da escuridão da falta da liberdade e da democracia. Essa lembrança reiterada não deve ser apenas uma “ordem do dia” a ser lida nas escolas, nas fábricas, nos sindicatos, nas ruas e até nos quartéis, mas um valor a ser preservado como patrimônio da educação política do povo brasileiro, para que seus cidadãos tenham a certeza que não há atalhos salvacionistas e que só o exercício longo e contínuo da experiência democrática permiti-los-á construir uma nação mais justa e melhor.
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