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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Crise, revolução e traição

Ubiratan Leal

Fonte: Trivela
http://www.trivela.com/Conteudo.aspx?secao=45&id=16544


Reportagem originalmente publicada na edição nº 15 (maio de 2007) da revista Trivela.
Com o testemunho de 122.001 torcedores que lotavam o Maracanã no fim da tarde de 19 de julho de 1992, o Flamengo empatou em 2 a 2 com o Botafogo e conquistou o Brasileirão. Para o clube, era seu quinto campeonato nacional. Por isso, o capitão rubro-negro Júnior ergueu a Copa Brasil como se tomasse posse definitiva do troféu. Para a CBF, porém, era apenas o quarto título flamenguista e a taça continuaria à espera do primeiro pentacampeão nacional. Diante do impasse, a famosa peça de bolinhas criada pelo artista Maurício Salgueiro foi tirada de circulação e até hoje não tem dono.

A falta de um destino para esse troféu parece uma questão menor, mas dá um bom sinal de como as autoridades até hoje não equacionaram a disputa entre Flamengo e Sport para definir o campeão brasileiro de 1987. Uma história que muitas vezes é reduzida à validade de um cruzamento entre os melhores do Módulo Verde (formado pelos grandes clubes) com o do Amarelo, mas que envolveu briga política, mudança de regulamentos e até traição.

Capítulo 1: CBF em crise institucional

Na metade da década de 1980, já não havia mais condições de manter os Brasileirões inchados, com até 94 participantes. A própria CBF determinou que, em 1987, o campeonato seria reduzido para 24 clubes, definidos pelas posições na segunda fase do torneio no ano anterior. Seria simples, se os problemas não começassem ainda na Copa Brasil 1986.

No final da primeira fase, o Joinville pediu os pontos do empate em 1 a 1 com o Sergipe alegando que um jogador do adversário foi pego no exame antidoping. O CND (Conselho Nacional de Desportos) contrariou a CBF e determinou que os catarinenses tinham a vitória, o que agradou ao então ministro da educação Jorge Bornhausen. A decisão, porém, tiraria da segunda fase o Vasco. A confederação ainda envolveu a Portuguesa na discussão e, para agradar a todos, nenhum desses três clube foi eliminado. Pior, sob influência do chefe da Casa Civil, o pernambucano Marco Maciel, foram abertas mais três vagas na segunda fase, o que beneficiou Náutico, Santa Cruz e Sobradinho-DF.

A falta de autoridade da CBF para impor suas decisões não era gratuita. A entidade vivia grande confusão administrativa desde a eleição à presidência da entidade no início de 1986. Nabi Abi Chedid e Medrado Dias eram os candidatos e havia a expectativa de empate. Se isso ocorresse, Dias seria eleito pelo critério de idade. Assim, momentos antes da votação, Nabi inverteu a chapa com seu vice Octávio Pinto Guimarães, mais velho que o concorrente. Guimarães venceu por um voto e assumiu a presidência da CBF.

Esperava-se que Guimarães fosse presidente apenas formalmente, pois o comando seria de Nabi. “Cheguei a participar de uma reunião que discutiu se Guimarães deveria renunciar meses depois de assumir”, revela Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo na época, em entrevista à Trivela. Isso não ocorreu e o presidente eleito resolveu fazer valer seu poder, o que desagradou o vice. Sem comando forte, o poder da CBF se deteriorou rapidamente. Os reveses se acumulavam – incluindo a derrota para Estados Unidos e Marrocos na concorrência para sediar a Copa de 1994 – e até a situação financeira da entidade era delicada.

Capítulo 2: nasce o Clube dos 13

Enquanto a CBF estava à deriva, os clubes já se organizavam para fazerem valer seus interesses. No caso, a maior preocupação era fazer lobby para incluir na pauta da Assembléia Constituinte – que se formaria em 1988 – um artigo que lhes desse autonomia de organização e funcionamento. A campanha foi bem sucedida e a união de clubes ganhou força. Em abril, Flamengo e São Paulo se negaram a ceder seus jogadores para uma excursão da Seleção Brasileira à Europa e tiveram respaldo do CND. Márcio Braga, presidente do Flamengo na época, saiu da reunião que anulou a convocação da Seleção dizendo, triunfante, que era o “fim do autoritarismo no futebol brasileiro”.

Em junho de 1987, Octávio Pinto Guimarães anunciou: “a CBF não tem condições de organizar o Campeonato Brasileiro deste ano”. O motivo era a falta de dinheiro para arcar com as viagens dos times e outras despesas da competição. Sob o risco de ficar sem a competição que já era a mais importante do calendário, os grandes clubes resolveram tomar as rédeas da situação. “Liguei para o Nabi e perguntei se era sério o que o Octávio falava. Ele disse que era e ‘deu a bênção’ para que organizássemos o campeonato se quiséssemos”, conta Aidar.

O dirigente são-paulino propôs a comandantes de outros times tradicionais a formação de uma associação de clubes para organizar o Brasileirão. Foram convidadas as equipes mais tradicionais de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Para evitar o rótulo de elitista, também foi convidado um representante do Nordeste, o Bahia. Assim, surgiu a União dos Grandes Clubes Brasileiros, conhecida como Clube dos 13. O presidente são-paulino passou a comandar também a associação.

Capítulo 3: a Copa União ganha forma

Quando foi formatado o novo Campeonato Brasileiro, a intenção foi transfornar a competição em um grande produto para o mercado. O principal atrativo era haver apenas confrontos entre clubes de grande torcida. Por isso, não houve critérios técnicos para a definição dos participantes. Guarani e América-RJ, pela ordem, vice-campeão e semifinalista no ano anterior, foram preteridos. “Nossa idéia era romper os vínculos com modelo antigo do torneio, começar uma nova história”, comenta Márcio Braga, presidente do Flamengo. “Priorizamos os clubes que viabilizariam financeiramente uma competição à beira da falência”, acrescenta.

Ainda assim, o Clube dos 13 contava com o apoio da CBF. “A única exigência da entidade para oficializar nosso Campeonato Brasileiro foi a inclusão de mais três clubes de outros Estados”, comenta Aidar. Assim, foram chamados Coritiba, Santa Cruz e Goiás, clubes mais populares e donos de melhor histórico nacional entre paranaenses, pernambucanos e goianos na época. Novamente, não se podia falar em critérios técnicos, pois o Coritiba não era campeão paranaense (perdera o título para o Pinheiros) e fora 43º na Copa Brasil de 1986.

Com participantes definidos, o Clube dos 13 correu atrás de apoio financeiro. João Henrique Areias e Celso Grellet, diretores de marketing de Flamengo e São Paulo, comandaram o projeto comercial. O torneio foi batizado de “Copa União” para ter uma marca que enfatizasse a nova fase do futebol brasileiro e pudesse ser licenciada por diversas empresas. Além disso, a organização obteve o patrocínio oficial de Rede Globo, Coca-Cola e Varig.

A Coca-Cola colocou seu logotipo nas camisas de todos os clubes que não tivessem patrocinadores (apenas Flamengo, Palmeiras e Corinthians tinham contratos a cumprir) e no círculo central do gramado (depois, a Fifa vetou essa idéia e a marca ficou dentro dos gols). A Rede Globo transmitiu o campeonato com exclusividade, com a permissão de passar as partidas na cidade em que eram realizadas. A condição era que, minutos antes de a rodada começar, a emissora fizesse um sorteio de qual jogo seria visto por todo o país (o que gerou a curiosa situação de, em uma tarde com São Paulo x Corinthians e Flamengo x Fluminense, o Brasil inteiro viu Bahia x Goiás, que acabou sendo a despedida de Mário Sérgio).
Capítulo 4: traição, e a CBF volta à cena

A forma como surgia a Copa União deixou vários clubes descontentes. Os líderes do movimento eram América-RJ, Guarani e Portuguesa se sentiam injustiçados, pois teriam direito de estar na elite pelo desempenho no Brasileirão de 1986. “Não dá para aceitar um Campeonato Brasileiro em que os clubes grandes viram a mesa só porque não querem dividir o torneio com ninguém”, brada Homero Lacerda, diretor de futebol do Sport e presidente do clube em 1987. “Os dirigentes de todos os outros clubes sempre foram contra essa atitude autoritária do Clube dos 13 na época”.

O sucesso comercial da competição organizada pelo Clube dos 13 também saltou aos olhos da CBF. Desse modo, a entidade decidiu organizar uma competição com 16 clubes que estavam de fora da Copa União. Usou como critério a classificação do Brasileirão de 1986, apesar de deixar de lado a Ponte Preta em favor do Sport, e conseguiu o apoio do SBT. Depois, a CBF mudou seu discurso e deixou de considerar a Copa União como o Brasileirão. Naquele momento, o torneio dos grandes seria o Módulo Verde e o outro, o Amarelo. Os dois melhores de cada módulo se enfrentariam para definir o campeão nacional.

O Clube dos 13 decidiu boicotar o cruzamento. No entanto, a CBF contou com um apoio de dentro da união de clubes. “O Eurico Miranda era vice-presidente de futebol do Vasco e ficou como nosso interlocutor na CBF”, comenta Aidar. “Ele nos traiu e deu sinal verde para a CBF virar a mesa, mesmo contra a determinação dos outros 12 clubes de não fazer cruzamento com o Módulo Amarelo.” O Clube dos 13 não assinou o regulamento proposto pela confederação, mas já estava aberta a brecha para a confusão.

Os dois torneios caminharam e não se falava em cruzamento. Para a mídia, o título brasileiro se decidia na Copa União. O Flamengo conquistou o torneio ao surpreender o invicto Atlético-MG de Telê Santana na semifinal e ao bater o Internacional na decisão. O Módulo Amarelo teve percalços. Nem a possibilidade de cruzamento contentou América-RJ e Portuguesa, que decidiram boicotar o torneio. A Lusa voltou atrás posteriormente, mas os rubros, de fato, não jogaram uma partida sequer. No final, Guarani e Sport dividiram o título após empate em 11 a 11 na disputa de pênaltis.

Em janeiro daquele ano, a CBF impôs seu regulamento e determinou que seria realizado um mata-mata entre Flamengo, Internacional, Sport e Guarani. Flamenguistas e colorados confirmaram a decisão de boicotar o cruzamento e não compareceram às semifinais. Assim, Sport e Guarani fizeram a final, vencida pelos pernambucanos. As duas equipes representaram o Brasil na Copa Libertadores e foram oficializadas pela CBF como campeão e vice do país em 1987. O CND tinha outra visão e deu o título ao Flamengo. Anos depois, o Rubro-Negro de Recife ganhou o campeonato na Justiça.

Capítulo 5: legado


Não demorou para o Clube dos 13 se aliar à CBF e o movimento não teve continuidade. “Não chegamos a tomar o poder na época por falta de continuidade do caráter político do movimento”, avalia Carlos Miguel Aidar. Hoje, a associação de clubes tem como principal função negociar os direitos de transmissão do Brasileirão.

A confederação voltou a organizar o Brasileirão, apesar de o nome Copa União ter sido mantido em 1988. “A Globo apoiou com força o torneio de 1987 e se sentiu traída pelos clubes no ano seguinte”, afirma o jornalista Juca Kfouri, comentarista da emissora carioca na época e notório entusiasta da Copa União de 1987.

Ainda assim, não se pode dizer que o torneio não deixou seus rastros. A competição organizada pelos grandes clubes teve público médio de 20.877 pagantes, o segundo maior da história do campeonato nacional. Com o dinheiro vindo de patrocinadores, os clubes arrecadaram o equivalente a uma média de público de cerca de 40 mil pagantes. Ficou evidente a demonstração de força dos clubes, que ganharam mais voz nas discussões sobre o destino do futebol brasileiro.

Desde então, o principal torneio de clubes do país passou a prever sistema de promoção e rebaixamento (as exceções foram em 1993, com uma virada de mesa para resgatar o Grêmio, e em 2000, com a criação da Copa João Havelange após a batalha jurídica entre Gama e CBF). “O que era para ser uma revolução se transformou em uma transição, mas não deixou de ter sua importância histórica”, comenta o jornalista Celso Unzelte, pesquisador da história do futebol brasileiro.

O fato de sempre haver um asterisco quando se fala no campeão brasileiro de 1987 não abala o Sport, detentor de direito do título. “Essa confusão toda até foi boa para a gente, pois todos se lembram que somos os campeões de 1987. Ninguém fala no título do Bahia em 1988”, ironiza Lacerda. Para o jornalista Roberto Assaf, autor de três livros sobre a história do Flamengo, o fim da polêmica depende da CBF. “Enquanto a CBF não determinar que o Flamengo também é campeão de 1987, sempre vai se discutir a legimitidade da conquista do Sport”.

E o troféu Copa Brasil? Bem, quando foi criado, em 1975, ele teria posse definitiva do primeiro clube que conquistasse três Brasileirões consecutivos ou cinco alternados. Pelos critérios da CBF, até hoje a peça não tem dono. Pelo Clube dos 13, é do Flamengo. Para não aumentar a confusão, a confederação desistiu da taça, esquecida em um cofre da Caixa Econômica Federal no Rio de Janeiro.

OS ATORES DA PEÇA

Clubes grandes
Estavam dispostos a se unirem para ganhar autonomia e mudar a estrutura do futebol de modo que explorassem melhor seu potencial econômico. Aproveitaram a desistência da CBF em organizar o Brasileirão de 1987 e criaram o Clube dos 13.

Clubes pequenos

Alguns, como América-RJ, Guarani e Portuguesa, se sentiram prejudicados pela falta de critério técnico na definição dos participantes da Copa União e muitos falaram que era uma “virada de mesa”.
CBF
Com presidente e vice que não se entendiam, a entidade estava desgovernada, sem força política e em crise financeira. Não tinha mais condições de segurar a vontade dos clubes de se organizarem por conta própria.

CND

O Conselho Nacional de Desportos foi criado por Getúlio Vargas para regular os esportes de competição no Brasil. Era o meio de o governo interferir no esporte, mas, na metade da década de 1980, o CND era presidido por Manuel Tubino e tinha uma visão mais progressista, incentivando o aumento de autonomia dos clubes. O órgão foi extinto em 1993, no governo de Itamar Franco.

Patrocinadores

Globo, Coca-Cola e Varig viram na Copa União o primeiro Campeonato Brasileiro em torno do qual haveria uma grande mobilização nacional. Assim, apoiaram o Clube dos 13 e criaram diversas ações de marketing específicas para a competição.

UM PARA LÁ, DOIS PARA CÁ

A dança de clubes que participariam do Brasileirão de 1987 foi bastante confusa. Veja como seu time fez parte desse vaivém:

Pela Copa Brasil 1986, os seis primeiros de cada grupo da segunda fase teriam vaga no Brasileirão do ano seguinte. Com a briga na Justiça entre Joinville, Vasco e Portuguesa, a CBF determinou que seriam os sete primeiros de cada chave.

América-RJ, Atlético-GO, Atlético-MG, Atlético-PR, Bahia, Bangu, Ceará, Corinthians, Criciúma, Cruzeiro, CSA, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio, Guarani, Internacional-RS, Internacional-SP, Joinville, Náutico, Palmeiras, Portuguesa, Rio Branco-ES, Santa Cruz, Santos, São Paulo, Treze e Vasco.

Com a desistência da CBF organizar a competição, o Clube dos 13 decidiu realizar seu próprio campeonato.

Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco.

O Clube dos 13 ainda convidou as três equipes mais populares de Estados que não tinham vaga na Copa União para tornar a competição mais nacional.

Coritiba, Goiás e Santa Cruz.

A CBF decidiu organizar o Módulo Amarelo com os clubes que se classificaram entre os 28 da Copa Brasil 1986 e não estavam na Copa União. Ainda convidou Sport e Vitória.

América-RJ, Atlético-PR, Atlético-GO, Bangu, Ceará, Criciúma, CSA, Guarani, Internacional-SP, Joinville, Náutico, Portuguesa, Rio Branco-ES, Sport, Treze e Vitória. Em protesto pela exclusão na Copa União, o América-RJ não disputou o Módulo Amarelo.

Para definir os 24 participantes da Copa União de 1988 (já organizada pela CBF), foram utilizados os participantes do Módulo Verde de 1987 e dos oito primeiros do Módulo Amarelo. A exceção foi o América-RJ, que ficou com a vaga da Internacional-SP como compensação pelo ano anterior.

América-RJ, Atlético-MG, Atlético-PR, Bahia, Bangu, Botafogo, Corinthians, Coritiba, Criciúma, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio, Guarani, Internacional, Palmeiras, Portuguesa, Santa Cruz, Santos, São Paulo, Sport, Vasco e Vitória.

Voicing our disbelief

Russell Blackford

Fonte: The Philo
sophers' Magazine, Edição 48
http://www.philosophypress.co.uk/?p=962
Russell Blackford is co-editor, with Udo Schüklenk, of the recently-published 50 Voices of Disbelief: Why We Are Atheists (Wiley-Blackwell).
Russell Blackford stands up for the new atheism

In recent years, we have witnessed a flood of books, aimed at the popular market, issuing robust challenges to theistic religious belief. A rather puzzling expression, “the New Atheism”, has been applied to this body of work, particularly the contributions of Richard Dawkins, Daniel Dennett, Sam Harris, and Christopher Hitchens. They, in turn, are sometimes referred to, apparently with affection, as “The Four Horsemen”.
The most prominent books in this New Atheist flood are, perhaps, Dawkins’ The God Delusion and Hitchens’ God is Not Great. But then there are The End of Faith and Letter to a Christian Nation, both by Harris; The Atheist Manifesto, by Michel Onfray; Breaking the Spell by Dennett; Against All Gods, by AC Grayling; Infidel, by Ayaan Hirsi Ali; and God: The Failed Hypothesis, by Victor J. Stenger. The list continues, and the titles show that the authors mean business.
Why, however, do we need this “New Atheism”, and what’s so new about it? There’s a sense in which nothing is very new here, and a great deal of journalistic hype is involved. But there’s something to the idea, all the same. Here’s the deal.
Religious teachings promise us much. They offer a deeper understanding of reality, more meaningful lives and morally superior conduct, and such extraordinary (if illusory) benefits as rightness with a Supreme Being, liberation from earthly attachments, or a blissful form of personal immortality. It all sounds good, and if some of these teachings are rationally warranted it would be well to discover which. At the same time, however, religious teachings can be onerous in their demands; if they can’t deliver on what they promise, it would be well to know that. I take it, then, that there is an overwhelming case for rational examination of religious teachings. Even if reason can take us only so far, we ought to explore just how far.
But it might appear that scrutiny of religion’s claims is not an urgent task, at least not if the scrutiny is conducted in public, and especially not in modern, apparently secular, Western democracies. Hasn’t religiosity become rather unobtrusive since the bad old days when heretics were burned? So why is there any need to engage in strong, publicly prominent criticism of religious teachings, the organisations that promote them, or the leaders of those organisations? Perhaps rational critiques of religion should be available somewhere – maybe in peer-reviewed philosophy journals – but no great effort should be made to debunk religion in popular books, magazine or newspaper articles, media appearances, and so on. Or so it might be argued. In that case, it might be said, the New Atheism is unnecessary, and perhaps even undesirable. Why offend people, why stir up distrust and division, as the Four Horsemen seem to do?
I disagree. In the 1970s, or even the 1990s, it was possible to think religion had been declawed, and that further challenges to religious philosophies, institutions, and leaders were unnecessary. On this view, all the hard work had been done, and religion was withering away after the scientific revolution, the Enlightenment, Darwin, and the social iconoclasm of the 1960s. Against that background, it became taboo to criticise religion in the public sphere; it was widely assumed that religion was retreating, in any event, and didn’t need to be fought anymore. Attacks on people’s “deeply-held beliefs” even smacked a little of cultural imperialism.
In the academy, bright minds in philosophy turned to other topics. Bright young atheists and sceptics were certainly not steered into philosophy of religion, which looked like an intellectual dead end.
But the situation now looks very different, even in the supposedly enlightened nations of the West. For a start, a revived Christian philosophy is well entrenched within Anglo-American philosophy of religion. More importantly, perhaps, religious organisations and leaders continue to exert social power. All too often, they seek to control how we plan and run our lives, including choices about how we die. At various times, religious lobbies have opposed a vast range of beneficial, or at least essentially harmless, activities and innovations. Even now, one religion or another opposes abortion rights; most contraceptive technologies; stem-cell and therapeutic cloning research; physician-assisted suicide; and a wide range of sexual conduct involving consenting adults. We still see intense activism from the religious lobbies of all Western democracies, and even in relatively secular countries, such as the UK and Australia, governments pander blatantly to Christian moral concerns.
The situation is far worse in the US, where religious conservatives regrouped with dramatic success during the 1970s and 1980s, establishing well-financed networks, think tanks, and even their own so-called universities. Slick attempts are made to undermine public trust in science where it contradicts the literal Genesis narrative; a rampant dominionist movement wants to establish an American theocracy; the recent Bush administration took the country some considerable way down that path; and the election of a relatively liberal president has produced hysteria on the religious right (polling shows that many American conservatives now believe that Barack Obama is the Antichrist). American religiosity is real, and there is nothing subtle or liberal-minded about its most popular forms.
Meanwhile, we are confronted every day by the horrors of political Islam, with its ambitions to extend sharia law universally and its ugly violations of human rights wherever it actually has power. Many critics of religion were radicalised by the traumatic events of 9/11 when thousands of people were murdered by terrorists. Islam doubtless has moderate and even liberal manifestations, but prominent, politicised forms of Islam take a hard line against secularism, modernity, and all forms of liberal thought.
In a different world, we might be content to argue that the church (and the mosque, and all the other religious architecture that sprouts across the landscape) should be separate from the state, and that discussions about public policy should rely on secular principles such as the Millian harm principle. More radical attacks on religion’s truth-claims and moral authority would be less urgent if the various sects agreed, without equivocation, to a wall of separation between themselves and the state. Unfortunately, however, they often have good reasons (by their own lights) to oppose such strict secularism. Many religious sects, including many mainstream Christian denominations, do not distinguish sharply between guidance on individual salvation and the exercise of political power. They may be sceptical about the independence of secular goals from religious ones, or about the distinction between personal goals and those of the state. Some groups do not accept the reality of continuing social pluralism. Instead, they look to a time when their (allegedly) righteous views will prevail.
When religion claims authority in the political sphere, it is unsurprising – and totally justifiable – that atheists and sceptics question the source of this authority. If religious organisations or their leaders claim to speak on behalf of a god, it is fair to ask whether the god concerned really makes the claims that are communicated on its behalf. Does this god even exist? Where is the evidence? And even if this being does exist, why, exactly, should its wishes be translated into socially-accepted moral norms, let alone into laws enforced by the state’s coercive power? When these questions are asked publicly, even with a degree of aggression, that’s an entirely healthy thing.
Atheists and sceptics should, no doubt, defend secularism. But if we are realistic, we will understand that the idea of secularism has little traction in societies where the authority of religion is considered legitimate and taken for granted. For many religious groups, moreover, secularism is not an attractive ideal. Advocating secularism and directly challenging the authority of religion should not be viewed as two alternative strategies for atheists and sceptics who wish to resist the political influence of religion. Rather, these strategies are mutually supportive and ought to be pursued in tandem. That is the lesson that we need to learn.
In short, there is plenty of reason to challenge religions and contest their doctrinal claims, not just as an academic exercise, but as a matter of real urgency. Atheists and sceptics should deny the authority of religious organisations and leaders to pronounce on matters of ultimate truth and correct morality. This will require persistent, cool argument, but also moments of outright denunciation or even unashamed mockery of religion’s most absurd actions and truth-claims.
We should never flinch from expressing the view that no religion has any rational warrant – that these Emperors really have no clothes – and that many churches and sects promote cruelty, misery, ignorance, and human rights abuses. Yes, there are liberal forms of religion, but whatever good will we might feel towards them should not make us hesitate to speak uncomfortable truths. In particular, we ought to insist that religious leaders are not our moral leaders, despite their affectations.
To a large extent, the New Atheism is merely the restoration of normal transmission. Earlier this decade, some philosophers, public intellectuals, and high-profile scientists, decided, for a mix of reasons, that enough was enough and it was time to break the taboo against explicit and popular criticism of religion. They were, in fact, not the only ones who felt that way: even before most of the New Atheist books appeared, I was starting to hear rumblings. People around me were beginning to say that it was necessary to re-engage in the public sphere with religion’s truth-claims. Nonetheless, Dawkins and the other Horsemen opened up a publishing market and sparked an important debate. Thereby, they performed a public service.
The current debate about the truth-claims, moral authority, and social value of religion is very timely. It reflects the cold fact that the struggle of ideas is far from over, and that this is, after all, a good time to subject religions and all their claims to sceptical scrutiny. Those of us who do not believe have more than enough reason to dispute the unwarranted prestige enjoyed by the many variations of orthodox Abrahamic theism (and, indeed, all other religious systems). The time has come, once again, when critiques of theistic religion must be put strongly, clearly, openly, and unremittingly. What’s new about the New Atheism is its restoration of some balance – that, and the sheer number of people who have come to the same realisation.
Of course, there has been a backlash, and not just from the pious. Terry Eagleton, for example, has sharpened his literary talons to attack the New Atheists – particularly Dawkins and Hitchens – in Reason, Faith, and Revolution. Throughout 2009, much of the blogosphere has been dominated by an acrimonious row about something that evolutionary biologist Jerry Coyne calls “accommodationism”. This involves two ideas: first, that supposedly “moderate” kinds of religion (including Roman Catholicism) are compatible with science; and, second, that it is unseemly and ill-advised for science-minded people to criticise “moderate” religion even in a thoughtful and civil way.
Although I am not hostile to all religious people, no matter how theologically and politically liberal, I stand alongside Coyne in rejecting accommodationism. It is, I think, clear, that only the most non-literalist kinds of theology – together with rarefied views such as eighteenth-century-style deism – are philosophically compatible with the picture of the universe and ourselves that we see emerging from science. As it appears to me, the scientific picture is incompatible not only with fundamentalisms of various kinds but also with many supposedly “moderate” views that continue to postulate a loving, providential creator. When we challenge those views, we do not attack a straw man. We are challenging mainstream Abrahamic understandings whose adherents continue to seek power and influence.
It doesn’t help when opponents of the New Atheism attempt a silly and unfair tu quoque! riposte – or perhaps just try to wound feelings, express spite, or incite anger – by branding forthright critics of religion as “fundamentalist atheists”. This expression should be contested vigorously whenever it appears. A fundamentalist atheist would be one who believes in the inerrancy of an atheist text – perhaps one of the New Atheist books, such as The God Delusion – even in the face of results from rational inquiry. However, I have yet to encounter such a person, and in any event such a label has nothing to do with the writings of Dawkins, Hitchens and the other Horsemen. Let’s be clear that the word “fundamentalist” does not mean “forthright” or “outspoken”. To use the word so loosely involves overlooking what is wrong with fundamentalism in the first place, namely its dogmatic resistance to all the findings of science and reason (as when Young Earth Creationists insist, against all the evidence, that the Earth is only six to ten thousand years old).
None of this is to deny that some atheists show apocalyptic or authoritarian tendencies. They may wish to eradicate religion in a dramatic way within their own lifetimes, rather than merely contesting religious truth-claims (with more realistic goals in mind). Some may even be tempted to advocate state action in an attempt to impose non-belief. Unfortunately, all social movements attract people with these tendencies, and even very liberal-minded individuals should beware the siren calls to apocalyptic and authoritarian thinking. Exasperation can make such thinking seem attractive. For that reason, atheists should engage in a degree of mutual scrutiny (and, indeed, self-scrutiny!), as well as in scrutiny of religious claims.
Still, much of the adverse reaction to the New Atheism – much of the distaste, bemusement, and discomfort expressed even by many atheists – is ill-founded. It displays a foolish sentimentalisation of religious faith, and often a failure to appreciate the real-world problem of religion’s persistence. Critics of forthright atheism display a naivety about religion’s ongoing power and influence in the public sphere, all too obvious even in Western democracies.
There are now many people who do not believe in any God or gods, or in the truth of any religious dogmas involving supernatural entities and forces, and are prepared to say so in public. Many of them have interesting reasons for their views, and it’s valuable for all of them – for all of us – to speak up. It doesn’t even matter if we don’t all entirely agree in our thinking; in fact, the last thing we should want is the hardening of contemporary forthright atheism into a kind of quasi-religious sect with its own body of orthodox dogma. We should go on scrutinising religion from all angles, while discussing our own differences thoughtfully, carefully, and often.
In all, this is a good time for atheists and sceptics to stand up and start debating. There’s no time like now to voice our disbelief.

The God Fraud

Sam Harris

Fonte: Foreign Policy, edição janeiro/fevereiro 2010.
http://www.foreignpolicy.com/articles/2009/12/18/the_god_fraud

Author, The End of Faith and Letter to a Christian Nation
Co-founder, The Reason Project

Best-selling atheist author Sam Harris pushes back against Karen Armstrong's sympathetic take on religion.

In her article ("Think Again: God", November 2009), Karen Armstrong discovers that Richard Dawkins, Christopher Hitchens, and I have mistaken "fundamentalism" for the totality of religion. (Sorry about that.) But do Richard and Christopher really hold religion responsible for "all human cruelty"? That is a surprise. I hadn't realized that they were idiots.

In any case, I am hopeful that Armstrong's winsome depiction of Islam will shame and enlighten them, as it has me. They will discover that Hassan al-Banna and Tariq Ramadan are paragons of meliorism and wisdom, while we are ignorant bigots who know nothing of theology (of course), politics (Christopher, are you listening?), human nature (what's to know?), or the proper limits of science (um ... narrower?).


I can't quite remember how we got it into our heads that jihad was linked to violence. (Might it have had something to do with the actual history and teachings of Islam?) And how could we have been so foolish as to connect the apparently inexhaustible supply of martyrs in the Muslim world to the Islamic doctrine of martyrdom? In my own defense, let me say that I do get spooked whenever Western Muslims advocate the murder of apostates (as 36 percent of Muslim young adults do in Britain). But I now know that these freedom-loving people just "want to see God reflected more clearly in public life."


I will call my friend Ayaan Hirsi Ali at once and encourage her to come out of hiding: Come on out, dear. Karen says the coast is clear. As it turns out, those people who have been calling for your murder don't understand Islam any better than we do.


Armstrong assures us that because religion has existed for millennia, it is here to stay. Of course, the same could be said about a preoccupation with witchcraft, which has also been a cultural universal. The belief in the curative powers of human flesh is still widespread in Africa, as it used to be in the West. It is said that "mummy paint" (a salve made from ground mummy parts) was applied to Lincoln's wounds as he lay dying.


This is now good for a laugh. But in Kenya elderly men and women are still burned alive for casting malicious spells. In Angola, unlucky boys and girls have been blinded, injected with battery acid, and killed outright in an effort to purge them of demons. In Tanzania, there is a growing criminal trade in the body parts of albino human beings -- as it is widely believed that their flesh has magical properties.


I hope that Armstrong will soon apply her capacious understanding of human nature to these phenomena. Then we will learn that though witchcraft has occasionally been entangled with political injustice, an "inadequate understanding" of demonology and sympathetic magic was really to blame.


People will torture their children with battery acid from time to time anyway -- and who among us hasn't wanted to kill and eat an albino? I sincerely hope that my "new atheist" colleagues are not so naive as to imagine that actual belief in magic might be the issue here. After all, it would be absurd to criticize witchcraft as unscientific, as this would ignore the primordial division between mythos and logos. Let me see if I have this straight: Belief in demons, the evil eye, and the medicinal value of a cannibal feast are perversions of the real witchcraft - -which is drenched with meaning, intrinsically wholesome, integral to our humanity, and here to stay. Do I have that right?

História revelada das galáxias

Fonte: Nasa
http://www.nasa.gov/images/content/415411main_south-field-full.jpg

Imagem do telescópio Hubble que mostra milhares de galáxias, perfazendo mais de 12 bilhões de anos de história numa única foto.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Cartunista dinamarquês sofre atentado terrorista

Fonte: Ateus do Brasil
http://ateusdobrasil.com.br/noticias/cartunista-dinamarques-sofre-atentado-terrorista/?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=Cartunista%20dinamarqu%C3%AAs%20sofre%20atentado%20terrorista



O ano começou mal para o cartunista Kurt Westergaard. Aparentemente três somalis muçulmanos desgraçados tentaram invadir sua casa para tentar matá-lo nesta sexta-feira, dia 1º de janeiro de 2010. Um somali filho da puta de 27 anos foi baleado pela polícia no local ao reagir a prisão e atirar um machado em um policial, que fora usado na tentativa da invasão do domicílio de Westergaard em Aarhus.

Autoridades dinamarquesas disseram que o invasor tem ligações à milícia radical islâmica al-Shanab.

Westergaard estava em casa quando o homem invadiu o local, armado com uma faca e um machado. O cartunista, hoje com 74 anos, já foi ameaçado diversas vezes pela publicação da charge acima e algumas outras em um jornal dinamarquês em 2006. O desenho mostra Maomé com um turbante em forma de bomba, mostrando o quanto os muçulmanos tendem a ser esquentados e intolerantes.

Segundo o jornal Jyllands-Posten, o mesmo que publicou as charges, o agressor ferido pela polícia gritou as palavras "vingança" e "sangue" enquanto tentava matar o cartunista.

O alerta de segurança aconteceu quando três pessoas tentaram entrar em sua casa e foram repelidos por policiais que estavam de guarda. O homem ferido foi levado para um hospital, e depois ao tribunal, onde teve a cara de pau de negar as acusações de tentativa de homicídio.

Religião de paz o meu rabo. E cadê os muçulmanos criticando a ação desses terroristas?

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Evolution caught in the act: scientists measure how quickly genomes change

Stephan Ossowski, Korbinian Schneeberger, José Ingnacio Lucas-Lledó, Norman Warthmann, Richard M. Clark, Ruth G. Shaw, Detlef Weigel and Michael Lynch.

Fonte: Max Planck Society
http://www.mpg.de/english/illustrationsDocumentation/documentation/pressReleases/2009/pressRelease20091228/index.html

Publicado em 01/01/2010
Original work:
The rate and molecular spectrum of spontaneous mutations in Arabidopsis thaliana.
Science, January 1, 2010

Mutations are the raw material of evolution. Scientists at the Max Planck Institute for Developmental Biology in Tubingen, Germany, and Indiana University in Bloomington have now been able to measure for the first time directly the speed with which new mutations occur in plants. Their findings shed new light on a fundamental evolutionary process. They explain, for example, why resistance to herbicides can appear within just a few years.


Different mutants of Arabidopsis thaliana.

"While the long term effects of genome mutations are quite well understood, we did not know how often new mutations arise in the first place," said Detlef Weigel, director at the Max Planck Institute in Germany. It is routine today to compare the genomes of related animal or plant species. Such comparisons, however, ignore mutations that have been lost in the millions of years since two species separated. The teams of Weigel and his colleague Michael Lynch at Indiana University therefore wanted to scrutinize the signature of evolution before selection occurs. To this end, they followed all genetic changes in five lines of the mustard relative Arabidopsis thaliana that occurred during 30 generations. In the genome of the final generation they then searched for differences to the genome of the original ancestor.

The painstakingly detailed comparison of the entire revealed that in over the course of only a few years some 20 DNA building blocks, so called base pairs, had been mutated in each of the five lines. "The probability that any letter of the genome changes in a single generation is thus about one in 140 million," explains Michael Lynch.

To put it differently, each seedling has on average one new mutation in each of the two copies of its genome that it inherits from mum and dad. To find these tiny alterations in the 120 million base pair genome of Arabidopsis was akin to finding the proverbial needle in a haystack, says Weigel: "To ferret out where the genome had changed was only possibly because of new methods that allowed us to screen the entire genome with high precision and in very short time." Still, the effort was daunting: To distinguish true new mutations from detection errors, each letter in each genome had to be checked 30 times.

The number of new mutations in each individual plant might appear very small. But if one starts to consider that they occur in the genomes of every member of a species, it becomes clear how fluid the genome is: In a collection of only 60 million Arabidopsis plants, each letter in the genome is changed, on average, once. For an organism that produces thousands of seeds in each generation, 60 million is not such a big number at all.

Apart from the speed of new mutations, the study revealed that not every part of the genome is equally affected. With four different DNA letters, there are six possible changes—but only one of these is responsible for half of all the mutations found. In addition, scientists can now calculate more precisely when species split up. and its closest relative, Arabidopsis lyrata, differ in a large number of traits including size and smell of flowers or longevity: Arabidopsis lyrata plants often live for years, while Arabidopsis thaliana plants normally survive only for a few months. Colleagues had previously assumed that only five million years had passed by since the two species went their separate ways. The new data suggest instead that the split occurred already 20 million years ago. Similar arguments might affect estimates of when in prehistory animals and plants were first domesticated.

On a rather positive note, the results of the US-German team show that in sufficiently large populations, every possible mutation in the genome should be present. Thus, breeders should be able to find any simple mutation that has the potential to increase yield or make plants tolerate drought in a better manner. Finding these among all the unchanged siblings remains nevertheless a challenging task. On the other hand, the new findings easily explain why weeds become quickly resistant to herbicides. In a large weed population, a few individuals might have a mutation in just the right place in their genome to help them withstand the herbicide. "This is in particular a problem because herbicides often affect only the function of individual genes or gene products," says Weigel. A solution would be provided by herbicides that simultaneously interfere with the activity of several genes.

Turning to the larger picture, Weigel suggests that changes in the human genome are at least as rapid as in Arabidopsis: "If you apply our findings to humans, then each of us will have on the order of 60 new that were not present in our parents." With more than six billion people on our planet, this implies that on average each letter of the human genome is altered in dozens of fellow citizens. "Everything that is genetically possible is being tested in a very short period," adds Lynch, emphasizing a very different view than perhaps the one we are all most familiar with: that evolution reveals itself only after thousands, if not millions of years.

Como surgiram os dinossauros?

Alexander Kellner
Museu Nacional / UFRJ
Academia Brasileira de Ciências

Fonte: Ciência Hoje
http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/cacadores-de-fosseis/como-surgiram-os-dinossauros
Publicado em 01/01/2010

Alexander Kellner apresenta em sua primeira coluna de 2010 o estado da arte na pesquisa sobre a origem do mais famoso grupo de répteis fósseis e mostra como novos achados estão ajudando a esclarecer essa questão.

Desenhos de dinossauros do Triássico, período a que pertencem os registros mais antigos desses animais (ilustração: Langer,M.C.; Ezcurra, M.D.; Bittencourt, J.S. & Novas, F.E. 2009. The origin and early evolution of dinosaurs. Biol. Rev. 84:1-56).

Vamos começar o ano em grande estilo. Além de convocar o leitor para eleger o principal achado da paleontologia em 2009 – a primeira vez que uma iniciativa desse tipo é realizada (veja paleocurta) –, nesta primeira coluna de 2010 abordaremos um dos temas mais interessantes da pesquisa sobre dinossauros: a sua origem.

O momento não poderia ser mais propício, pois nos últimos anos diversos novos fósseis foram encontrados, ajudando os pesquisadores a formular algumas hipóteses sobre quando e onde esses répteis surgiram. Em um grande esforço de apresentar os principais dados sobre essa discussão, colegas brasileiros e argentinos, coordenados por Max Langer (USP-Riberão Preto), publicaram uma extensa revisão sobre o tema na Biological Reviews.

O que é um dinossauro?

Nos últimos anos, a descoberta de novos fósseis ajudou os cientistas a formular hipóteses sobre quando e onde os dinossauros surgiram.

O ponto de partida para se estabelecer a origem dos dinossauros é determinar quais são as espécies que devem ser classificadas nesse grupo. Ao criar o termo Dinosauria (que pode ser traduzido como "répteis terríveis") em 1842, o paleontólogo inglês Richard Owen tinha apenas três gêneros em mente: Megalosaurus, Iguanodon e Hylaeosaurus.

Quase 170 anos mais tarde, temos mais de 500 gêneros com 1.000 espécies denominadas, das quais apenas cerca de 700 são consideradas válidas. Talvez o leitor se surpreenda um pouco com essa discrepância, mas o motivo é bem simples: em muitos casos, espécies foram estabelecidas com base em exemplares muito incompletos e fragmentados, cujo estudo posterior demonstrou não possuírem características capazes de permitir a distinção de uma espécie de outra.

O consenso entre os pesquisadores determina que, para ser considerado um dinossauro, o animal obrigatoriamente tem que pertencer a um de dois grupos: Saurischia ou Ornithischia.

As principais características que distinguem os dinossauros dos demais répteis (incluindo os dinossauromorfos basais, que reúnem espécies proximamente relacionadas aos dinossauros) são encontradas, sobretudo, na bacia, pernas e patas. Entre as mais facilmente identificáveis está a região da bacia (pélvis) onde se encaixa a perna, que é chamada de acetábulo. Enquanto os répteis primitivos possuem o acetábulo fechado, coberto por uma parede óssea, os dinossauros – tanto os saurísquios como os ornitísquios – têm o acetábulo perfurado. Até nas aves, que são consideradas dinossauros, pode-se observar um acetábulo perfurado.

Bacia (pélvis) de um réptil primitivo (A), um dinossauro ornitísquio (B) e um dinossauro saurísquio (C). A região onde se encaixa a perna, chamada de acetábulo (ac, em vermelho), é perfurada nos dinossauros, mas coberta por uma lâmina óssea nos répteis primitivos. O osso mais escuro é o púbis, voltado para trás nos ornitísquios (B) e para frente nos saurísquios (C), condição também encontrada nos répteis primitivos (A).

Quando, onde e quem?

Os registros mais antigos confirmados de dinossauros são provenientes de rochas do Triássico, com aproximadamente 230 milhões de anos. Os depósitos principais estão situados na Argentina (Formação Ischigualasto) e no Brasil (Formação Santa Maria). Restos de possíveis dinossauros triássicos foram encontrados em alguns outros países, mas são muito fragmentados, o que dificulta a sua identificação. Assim, o que se pode dizer é que a origem dos dinossauros provavelmente se deu na parte sul do supercontinente Pangeia (que reunia todos os continentes de hoje), talvez no Brasil ou na Argentina.

As principais formas argentinas são Herrerasaurus, Pisanosaurus e Eoraptor, enquanto as brasileiras são Staurikosaurus e Saturnalia. Porém, existem pegadas com cerca de 233 milhões de anos que poderiam pertencer a dinossauros, o que sugere que a origem desses répteis poderia ser ainda mais antiga.

Origem e domínio

Talvez o aspecto mais problemático de toda a discussão esteja centrado na seguinte pergunta: que tipo de réptil deu origem aos dinossauros? As pesquisas apontam que os "répteis terríveis" se desenvolveram a partir de animais relativamente pequenos, presentes em ambientes terrestres há aproximadamente 233 milhões de anos. Existem duas hipóteses concorrentes: esses ‘protodinossauros’ poderiam ser formas bípedes, tais como o Marasuchus, ou formas que se locomoviam (pelo menos em parte do tempo) sobre as quatro patas, como o Silesaurus.

Os cientistas discutem se a origem dos dinossauros se deu a partir de formas bípedes, como o ‘Marasuchus’ da Argentina (B), ou de formas quadrúpedes, como o ‘Silesaurus’ da Polônia (A). Ilustrações: ‘Marasuchus’ de Maurílio Oliveira (KELLNER, A.W.A. & CAMPOS, D.A. 2000. Brief review of dinosaur studies and perspectives in Brazil. An. Acad. Brasil. Ci. 72: 509-538); ‘Silesaurus’ de Jerzy Dzik (Dzik, J. 2003 A Beaked Herbivorous Archosaur with Dinosaur Affinities from the Early Late Triassic of Poland. J. Vert. Paleont. 23: 556-574).

Aliás, diga-se de passagem, este último dinossauromorfo basal foi um dos achados mais interessantes dos últimos anos. A descoberta de Silesaurus na Europa (Polônia) demonstra que os répteis que antecederam os dinossauros eram mais diversificados do que se supunha e não estavam restritos à América do Sul (como o Marasuchus da Argentina e o Sacisaurus do Brasil). Sempre é bom relembrar que, durante aquele tempo, os continentes estavam todos juntos (formando a Pangeia), o que facilitava a distribuição dos animais por áreas bem amplas.

Reconstrução de ‘Staurikosaurus pricei’, encontrado em rochas do Triássico da Formação Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Essa forma brasileira é um dos mais antigos registros de dinossauros do mundo e surgiu antes do domínio desses répteis na Terra (ilustração: Maurílio Oliveira).

Com base no registro atual dos dinossauros, pode ser estabelecido que apenas cerca de 20 milhões de anos após o seu surgimento esses répteis começaram a dominar os ambientes terrestres. Esse domínio se deu por meio de formas herbívoras como o Plateosaurus da Europa e o Unaysaurus do Brasil e de espécies carnívoras como o Coelophysis e o Tawa da América do Norte – descoberto recentemente.

Mas um ponto parece curioso: apesar dos novos achados, os pesquisadores continuam indecisos com relação às duas hipóteses que procuram explicar o sucesso dos dinossauros. Esses répteis teriam sido mais bem adaptados às condições ambientais da época – particularmente por serem bípedes – ou então tiveram ‘sorte’ e passaram a ocupar nichos ecológicos abertos após a extinção de alguns competidores no final do Triássico?

As pesquisas continuam e, seguramente, as descobertas nos depósitos triássicos do Rio Grande do Sul vão contribuir bastante para as discussões relacionadas à origem dos "répteis terríveis".

sábado, 26 de dezembro de 2009

The Out Campaign

The Out Campaign: Scarlet Letter of Atheism

Campanha OUT

Ateus sempre estiveram na vanguarda do pensamento racional, e agora você pode compartilhar seus ideais fazendo parte da Campanha OUT.
come out

Ateus são muito mais numerosos do que a maioria das pessoas imagina. Saia do armário! Você se sentirá livre, e seu exemplo vai encorajar outros a sair também (Não "tire" ninguém, espere que eles saiam por si mesmos quando estiverem prontos).
reach out

A Campanha OUT permite aos indivíduos mostrar aos outros que não estão sozinhos. Também pode ser uma boa forma de se iniciar uma conversa e ajudar a demolir os estereótipos negativos dos ateus. Deixe o mundo saber que não estamos prestes a desaparecer e que não vamos permitir que aqueles que nos condenam empurrem-nos para as sombras.
speak out

À medida que mais e mais pessoas aderirem à Campanha OUT, menos e menos pessoas se sentirão intimidadas pela religião. Nós podemos ajudar os outros a compreender que existem ateus de todas as formas, tamanhos, cores e personalidades. Somos trabalhadores e profissionais. Somos mães, pais, filhos, filhas, irmãs, irmãos e avós. Nós somos humanos (somos primatas) e somos bons amigos e bons cidadãos. Somos boas pessoas que não têm necessidade de se agarrar ao sobrenatural.
keep out

É tempo de deixar as nossas vozes serem ouvidas quanto à intrusão da religião nas nossas escolas e na política. Ateus, juntamente com milhões de outros estão cansados de ser intimidados por aqueles que empurram seus próprios conceitos religiosos garganta abaixo de nossos filhos e nossos governos. Precisamos manter o sobrenatural fora de nossos princípios morais e políticas públicas.

É hora de dar um passo a frente e... sair do armário.
stand out

Temos muitos planos e atividades para a Campanha OUT, por isso não deixe de visitar OutCampaign.org para as últimas informações.

Mais informações em:
http://outcampaign.org/
http://richarddawkins.net/

domingo, 20 de dezembro de 2009

Já vi esse filme...

Pensando bem, vamos aos fatos: Flamengo campeão, Internacional vicecampeão e Sport na segunda divisão. Já vi esse filme antes... Daqui a pouco a CBF inventa outro título de araque para os bâmbis do Nordeste...

Aos que inventam títulos...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Por que hexa?

Ronaldo Helal
Texto publicado na coluna Opinião de O Globo em 8 de dezembro de 2009.

O Flamengo é hexacampeão brasileiro nos gritos da torcida, nas faixas, na imprensa e até no site da Fifa. Por que então uma minoria questiona o hexa? A discussão em torno da pergunta expressa o dilema da cultura brasileira, como colocado pelo antropólogo Roberto DaMatta: a tensão entre códigos impessoais e pessoais. A Copa União, idealizada pelo então recém-fundado Clube dos 13, vencida pelo Flamengo e pivô da polêmica, foi um marco no futebol brasileiro, obtendo a segunda melhor média de público da história até aquele momento.

A presença do dilema brasileiro aparece já nos antecedentes.

As regras do campeonato de 1986 haviam sido infringidas para favorecer um grande clube a entrar na segunda fase da competição, com três outros de menor expressão, apesar de não terem se classificado pelo regulamento. O campeonato de 1986 retornou em 1987, com o início dos torneios regionais, gerando complicações, pois os clubes que disputavam as semifinais recusaram-se a competir, naquele período, em seus campeonatos locais.

Em maio de 1987 a CBF afirmou que não tinha recursos para organizar o campeonato daquele ano.

Em 1985 um presidente civil assumiu o poder, após duas décadas de ditadura, sendo que desde 1984 a luta por eleições diretas e por uma nova Constituição espalhou-se pelo país. É neste cenário que surge o Clube dos 13.

Entre outras coisas, o Clube dos 13 propunha o campeonato com 13 clubes e a adoção do voto proporcional na CBF.

A política de troca de favores sustentava o poder político da CBF que, sob a égide do voto unitário, proporcionava às pequenas ligas e clubes um poder de decisão maior do que o dos grandes clubes

De um lado, a CBF, entidade amparada na legislação, e, de outro, o Clube dos 13, integrando os grandes clubes. Um campeonato sem esses clubes seria inconcebível. Mas se abandonassem a CBF a Fifa não os reconheceria. A disputa entre o legal e o legítimo foi a base para o acordo entre as partes.

No dia 4 de setembro de 1987 foi noticiado o acordo. O campeonato teria 16 times no módulo verde e 16 no amarelo. O Clube dos 13 negociaria o evento enquanto a CBF incluía três times. Restava uma dúvida. O campeão do módulo verde (Copa União) seria o campeão brasileiro? No comunicado entregue à imprensa pela CBF estava escrito que "a classificação dos representantes do Brasil na Taça Libertadores da América ocorrerá na abertura da temporada de 1988, sob forma de um torneio quadrangular, integrado pelos dois primeiros colocados dos módulos verde e amarelo" (O Globo, 04/09/87). Por que esta cláusula esdrúxula? Por que os representantes nacionais na Libertadores teriam que sair de um quadrangular entre os campeões da primeira e da segunda divisão? Simplesmente porque o poder da CBF estava assentado no apoio de clubes de menor expressão, em uma política nociva de troca de favores que, por muitos anos, produzia campeonatos inchados e deficitários.

O Clube dos 13 não aceitou o quadrangular, visto como um retrocesso em relação as suas reivindicações e uma depreciação à competição, e a CBF, por razões políticas, manteve o que estava escrito. A conquista do campeonato de 2009 pelo Flamengo traz o impasse à tona outra vez. Fora do âmbito das relações jocosas entre torcidas, a desconsideração da CBF ao título do Flamengo em 1987 é um desrespeito aos atletas, aos torcedores e aos dirigentes dos clubes que participaram da competição. Retirar do Sport um título, ainda que esdrúxulo, que ele ostenta há 22 anos seria, no momento, indigno. A conciliação é inexorável. A CBF declararia dois campeões em 1987: o Flamengo e o Sport. Não seria a primeira vez com dois campeões. O Campeonato Carioca, por exemplo, teve dois campeões durante os anos de 1933 a 1936, já que a entidade máxima do futebol não reconhecia a recém-criada liga profissional. Mas é preciso dar um basta nesta oscilação entre códigos impessoais e pessoais. Este dilema, tal como colocado por Roberto DaMatta, não pode ser uma marca indelével de nossa sociedade.

Ronaldo Helal é sociólogo e professor da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

sábado, 25 de julho de 2009

Não existe fé raciocinada mas, mesmo assim, Rivail estava correto

Antônio Margarido

Fonte:
http://avessodoavesso.zip.net/

Postagem dedicada ao amigo Antônio Margarido.

O título é provocativo. Sabemos que ao filósofo espiritualista Hippolyte Léon
Denizard Rivail (1804-1869), mais conhecido como Allan Kardec, combatia a fé
cega – devendo ser raciocinada. Com isso chamava a atenção para sermos sempre
racionais em todos os assuntos. Radicalmente racionais. Isso diferenciaria, na
concepção de Rivail, o conceito espírita daquele próprio da religião cristã,
seja em sua vertente católica ou protestante, e também do espiritualismo em
geral. Afirmamos, no entanto, não existir a fé raciocinada. E mesmo assim Rivail
tinha razão. Como isso é possível?

Fé raciocinada: contradição em termos

Por que não existe fé raciocionada? Fé raciocinada é uma contradição em termos.
Há contradição numa expressão quando seus termos exprimem ou referem-se a idéias
incompatíveis. Fé e razão são termos incompatíveis, referindo-se a realidades,
situações totalmente diferentes, onde uma nega a outra.

O termos fé tem origem na palavra latina fides que significa fidelidade.
Fidelidade, por sua vez, é tanto a adequação mais perfeita possível a um modelo
como o compromisso com aqueles que defendem e adotam esse modelo. Diz-se fiel
aquele que incorpora de corpo e alma o modelo. Vale dizer: todos os pensamentos,
palavras e atos da pessoa estão em consonância absoluta com o modelo, expressam
o modelo.

A fé pressupõe portanto conjunto de crenças assumidas incondicionalmente em
termos subjetivos e objetivos pelo adepto. Essas crenças independem de qualquer
evidência na realidade, seja material, seja espiritual. Por esse motivos seus
conteúdos expressam-se de forma dogmática, colocando-se como verdades absolutas
e inquestionáveis.

Essa dogmática é estabelecida por um grupo de especialistas (sacerdotes,
teólogos, etc), que se impõem junto à multidão de fiéis como autoridades,
vinculados a alguma instituição. Assim a dogmática é posta e imposta de forma
inquestionável, mantida através dos pensamentos, palavras e obras dos fiéis. Com
isso se estabelece a ortodoxia em conjunto com a ortopraxia, vale dizer: um
sistema de pensamento correto e inquestionável (ortodoxia) e um conjunto de
práticas igualmente corretas e inquestionáveis (ortopraxia). Em síntese: a fé
não admite questionamento.

A razão, desde os pré-socráticos entre os gregos até os dias atuais tem como
ponto essencial ser reflexiva, através de contínuo e infindável questionamento.
Diante da razão a ortodoxia e a ortopraxia não resistem como também a fé e o
dogma. Tudo é objeto de reflexão e questionamento.

São duas visões de mundo contraditórias: aquela do homem de fé e aquela do homem
racional. Para o primeiro a dúvida não existe: existem somente certezas; para o
segundo somente a dúvida existe: não existe certeza. Não há como alguém ser ao
mesmo tempo homem de fé e questionador, reflexivo.

Razão e crença

A razão não nega, porém, a crença. Qualquer questionamento parte de conjunto de
crenças adotadas provisoriamente, dentro de determinado contexto. A crença
racional não é dogmática pois não se impõe como verdade absoluta mas tão somente
como verdade relativa dadas certas circunstâncias, dado certo contexto.

A análise racional chega sempre a resultados provisórios, enquanto a análise
tendo como pressuposto a fé é sempre absoluta, definitiva. Enquanto a razão
apóia-se em dados da realidade objetiva, em evidências e também em deduções
lógicas, a fé nega a realidade objetiva se contraria seus pressupostos tidos
como absolutamente verdadeiros.

Como é sempre reflexivo o comportamento racional é o mais compatível com o
livre-arbítrio, possibilitando liberdade de pesquisa e de reflexão. Dado a
impossibilidade dos dogmas serem questionados e a exigência de adequação
absoluta ao modelo, o comportamento fiel nega o livre-arbítrio, impossibilitando
ou limitando a pesquisa e a reflexão.

A crença racional é aberta, sempre passível de questionamento, sempre passiva de
ser verificada pelos fatos da realidade objetiva, sempre aferível pelos os
outros e livremente compartilhada. A crença fiel é fechada, não sendo passível
de ser questionada e nem de ser verificada, contrariando os fatos da realidade
objetiva e sendo impossível de ser verificada pelos outros e livremente
compartilhada.

Impossibilidade da fé raciocinada: a crença racional

Dadas essas conclusões compreende-se porque é impossível a fé raciocinada: por
uma impossibilidade lógica, por serem expressões contraditórias em si mesmas e,
por isso, colocando-se como contradição em termos. Pode-se falar, no entanto, em
crença racional e isso tanto no campo científico como no propriamente filosófico
e mesmo religioso.

A religião racional seria aquela que não nega a razão e, por isso, está sempre
em consonância com seus postulados. Assim coloca-se sempre como passível de
verificação pelos fatos tanto no campo material, como no campo espiritual, mesmo
admitindo conclusões dedutivas – esta qualificadas de teorias como, ademais, faz
a própria ciência. Colocar as verdades como não absolutas seja em relação aos
fatos, seja em relação ao quadro teórico em sim mesmo também relativo, isso
tornaria a religião racional não dogmática e contrária a toda ortodoxia e
ortopraxia. Em síntese: a religião racional não admite a ortodoxia e a
ortopraxia.

Entendendo-se dessa forma podemos verificar existir um sistema de crenças tanto
para os cientistas como também para os propriamente religiosos – sem que os
primeiros se oponham aos segundos e vice-versa. Pois a ciência não pode impor
sua visão de mundo como absoluta. Se isso ocorresse, deixaria de ser racional.

Três possibilidades de compreensão: racional, irracional e arracional

Há três possibilidades de compreensão do mundo: racional, irracional e
arracional. A razão apóia-se em dados objetivos e subjetivos, sendo sempre
aberta a questionamentos e verificação. Isso ocorre dentro do quadro de
referências que dizemos irracional: aquilo que ainda não conhecemos e é passível
de ser conhecido em termos racionais, dizemos irracional.

Assim há contínua correlação entre o racional e o irracional, onde podemos dizer
que o racional faz parte de nossa consciência do mundo enquanto o irracional faz
parte de nossa inconsciência do mundo, ou de nosso inconsciente. O quadro de
referências racional está sempre se alimentando do quadro de referências
irracional, aumentando o os limites de nossa consciência da realidade que, em si
mesma, é racional/irracional, conhecida/desconhecida, consciente/inconsciente.

A investigação do racional/irracional não nega o livro arbítrio: ao contrário, o
livre arbítrio é imprescindível para ocorrer a expansão da consciência,
decorrente da pesquisa racional/irracional. E esse tipo de investigação é
assentado em evidências e, por isso, expressa-se sempre como teoria provisória.
Se determinada evidência demonstrar a teoria falsa, abandona-se a teoria. Não
existe verdade absoluta e definitiva para a investigação racional/irracional.

O arracional não pressupõe nenhum outro quadro de referências a não ser o seu
próprio: a arracionalidade é, com isso, autorreferente. É assentada, como
dissemos, na autoridade (sacerdotes, teólogos, etc), na instituição, na
ortodoxia e na ortopraxia. Não admite questionamentos e nega qualquer evidência
que possa contrariar aquilo que a autoridade afirma como verdade. Com isso, nega
o livre arbítrio e coloca suas doutrinas sempre como absolutas e definitivas.

A fé é arracional: impossibilidade da fé racional

Expressamos acima o modo racional contrapondo aquele próprio da fé – concluindo
não ser esta última racional. Na medida em que a fé nega os dados objetivos ela
nega também a razão e a irrazão. A fé não é, portanto, nem racional e nem
irracional: a fé é arracional, nega a razão e a irrazão. A compreensão do mundo
própria da fé tem como pressuposto corrigir aquilo que a razão nos diz ser
verdadeiro e correto, adptando-se à sua ortodoxia e ortopraxia, absolutamente
certas e corretas.

O sistema de crenças da fé é assim arracional. Dada essa constatação,
verificamos ser impossível uma fé raciocinada, pois ou a razão destrói a fé ou a
fé destrói a razão. Não há como misturar água e óleo. Por esse motivo não existe
fé raciocinada como apregoava o filósofo espiritualista Hippolyte Léon Denizard
Rivail.

Rivail estava errado mas também estava certo

Mas a crença é racional/irracional, sendo comum à ciência como também à
religião. Dado a religião, nesses termos, ter sempre existido desde os
primórdios do homem neste planeta. As crenças dos antigos xamãs eram
essencialmente racionais/irracionais, frutos sempre da experiência tanto com os
fenômenos objetivos como subjetivos. Da modo também ocorreu em outras religiões
existentes, como no budismo, no hinduísmo e mesmo no judaísmo, no cristianismo e
no islamismo.

A religião torna-se arracional na tradição cristã quando passou a ter a
hegemonia da teologia católica. Não se pode dizer ser isso próprio de todo
cristianismo e nem de todos os teólogos. A ortodoxia católica, fundamentada
teologicamente, catalogou de heresia todo o sistema de crenças racional e
irracional surgido no cristianismo e com isso estabeleceu círculo de ferro entre
ortodoxia e ortopraxia.

A reflexão que ora fazemos muito embora demonstre a impossibilidade da fé
raciocinada, aponta a existência da religião racional/irracional e, com isso,
tornando-se possível a aliança do conhecimento religioso com o conhecimento
científico. Toda a crença, seja religiosa ou científica, é em si mesma
racional/irracional e, assim, é essencialmente reflexiva tanto em relação aos
fenômenos objetivos como subjetivos. Assim a necessidade da crença racional é
fundamental e, nesse ponto, Rivail estava correto.

Este texto reflete os conhecimentos acumulados posteriormente às formulações de
Rivail, no final do século XIX até os dias atuais. Estamos em condições, dado o
quadro teórico atual, de afirmar existirem crenças tanto na ciência como na
religião, expressando-se de forma racional e irracional em ambos os campos do
conhecimento.

Assim concluímos ser toda crença racional enquanto está assimilada pela nossa
consciência e irracional, quando nos é ainda desconhecida, pertencendo ao
inconsciente – não sendo o campo do inconsciente impossível de ser verificado
também pela razão e, com isso, trazido ao nosso consciente. A crença expressa
nestes termos é comum tanto à ciência como à religião.

Existe, porém, e é dado da realidade, a religião arracional, como explicitamos
acima. Para esta não se trata de compreender, assimilar e assimilar-se à
realidade, mas de mudar a realidade segundo seus postulados indiscutíveis, seus
dogmas, adequando-a à sua ortodoxia e sua ortopraxia. Esta religião abre caminho
a todo tipo de fundamentalismo, um dos males principais dos tempos atuais.

O fundamentalismo religioso é o mais evidente pois se vincula à autoridade
temporal, impondo-se sobre a humanidade através de sucessivas matanças de seres
humanos discordantes de sua ortodoxia e ortopraxia. Mas há também o
fundamentalismo científico, cuja principal pregação é negar qualquer
possibilidade à religião, afirmando apenas a ciência como verdadeira. Assim
pregam o fim da religião de forma unilateral, estabelecem verdadeira guerra
contra a religião.

Os cientistas adeptos desse fundamentalismo são ateus e materialistas, negando
qualquer possibilidade da existência de Deus e do plano espiritual. Com isso
estabelecem também um tipo de ortodoxia e ortopraxia, tem seus sacerdotes e
cientólogos (contrapostos aos teólogos). As mentes mais abertas entre os
cientistas, como Albert Einstein ou Stephen Hawking, não são fundamentalistas
científicos. E estes são os responsáveis pelo avanço científico. Enquanto os
fundamentalistas científicos dão aos mãos aos fundamentalistas religiosos e a
guerra que entre si estabelecem, contribue somente para o aumento da miséria e
das opressão entre os homens, fomentando os contínuos banhos de sangue que
assolam os diferentes povos pelo mundo, decorrente da atuação de suas ortodoxias
e ortopraxias.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Israel cometeu crimes em ação 'sem precedentes' em Gaza, diz Anistia

BBC Brasil, em 2 de julho de 2009.

Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/

Um relatório da Anistia Internacional afirma que Israel cometeu crimes de guerra e promoveu uma destruição indiscriminada sem precedentes durante sua ofensiva militar na Faixa de Gaza no começo de 2009.

O relatório de 117 páginas afirma que centenas de civis palestinos foram mortos através do uso de armas de alta precisão e que outros foram mortos com tiros à queima-roupa "sendo que não representavam ameaça à vida de soldados israelenses".

A Anistia Internacional também acusa Israel de usar armas de baixa precisão, como artilharia e fósforo branco, em áreas densamente povoadas.

O documento também acusa o grupo palestino Hamas de cometer crimes de guerra, citando os ataques com foguetes lançados contra zonas residenciais em Israel.

A Anistia afirma que cerca de 1,4 mil palestinos foram mortos na ofensiva de 22 dias realizada por Israel entre 27 de dezembro de 2008 e 17 de janeiro de 2009, números que batem com as estatísticas divulgadas por palestinos.

Entre os mortos, mais de 900 eram civis, incluindo 300 crianças e 115 mulheres, de acordo com o relatório.

Em março, os militares israelenses afirmaram que, no total, o número de palestinos mortos foi de 1.116 pessoas, destas apenas 295 eram civis.

Em relação à ação militar israelense, a pesquisadora da Anistia e responsável pelo relatório Donatella Rovera, afirmou que houve três grandes violações das leis internacionais.

"Ataques indiscriminados diretos ou indiretos contra civis e alvos civis. Várias centenas de civis foram mortos como resultado destes ataques."

"Houve demolição e destruição de casas e de prédios civis em grande escala, e a destruição não poderia ser justificada como uma necessidade militar", afirmou.

"E as equipes médicas também foram impedidas de retirar os feridos além de ataques a algumas equipes médicas em ambulâncias. Tudo isto é violação das leis internacionais e constitui crimes de guerra", acrescentou.

'Erros profissionais'

Israelenses e palestinos rejeitaram o relatório da Anistia Internacional.

Israel atribuiu algumas das mortes de civis a "erros profissionais" e acrescentou que sua conduta seguiu as leis internacionais.

Autoridades israelenses afirmaram que seus militares atingiram apenas áreas nas quais os militantes palestinos operavam e acusaram o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, de transformar bairros civis em "zonas de guerra".

"Tentamos ser tão precisos quanto podíamos em uma situação de combate difícil", disse à BBC o porta-voz do governo israelense Mark Regev.

Yigal Palmor, porta-voz do Ministério do Exterior israelense, questionou a credibilidade do relatório da Anistia.

"Este relatório da Anistia não é um relatório sobre direitos humanos, é um julgamento ao estilo soviético. Não há transparência, não há responsabilidade, não sabemos quem são os juízes. Quem são os membros da equipe de investigação? Eles escondem suas identidades", afirmou.

Palmor também questionou os conhecimentos da equipe de investigação da Anistia, a identidade das testemunhas e se elas trabalham para o Hamas.

Disparos de escolas

O relatório da Anistia afirma que não encontrou provas de que militantes palestinos obrigaram civis a ficarem em prédios usados para fins militares, contradizendo as alegações israelenses de que o Hamas usava "escudos humanos.

No entanto, a Anistia afirma que o Hamas e outros grupos militantes palestinos colocaram a vida de civis em risco ao disparar foguetes de áreas residenciais e guardar armas nestes bairros. O relatório afirma que moradores destas áreas contaram que militantes do Hamas dispararam um foguete do pátio de uma escola do governo.

Treze israelenses foram mortos, incluindo três civis, durante a ofensiva. Israel alegava que a operação visava paralisar os ataques com foguetes contra alvos israelenses, através da fronteira.

Na Faixa de Gaza, Fawzi Barhoum, um porta-voz do Hamas, afirmou que o relatório não é profissional.

"Este relatório não é justo nem equilibrado e nós rejeitamos todas as acusações ao Hamas listadas nele. Lembramos e reafirmamos que este relatório não profissional foi publicado sem a consulta a qualquer um dos líderes ou autoridades do Hamas. O relatório iguala vítimas e carrascos e nega o direito de nosso povo de resistir à ocupação, que é incompatível com a lei internacional que garante o direito de um povo (em território) ocupado à autodefesa."

Um dos líderes do Hamas, Ismail Haniyeh, disse que "esta guerra selvagem teve apenas um lado e todas as ferramentas de destruição e assassinato foram usadas. Os restos da destruição ainda são provas do crime contra a Faixa de Gaza e acreditamos que os líderes da ocupação israelense devem ser entregues aos tribunais internacionais".
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