Desde os meus primeiros votos, lá nos distantes anos 80,
sempre votei nas esquerdas, porque para mim a direita sempre representou o
opróbrio social, o tipo de política mais abjeta que se poderia imaginar, pois
jamais pensavam na classe trabalhadora e apenas defendiam os interesses do
capital. Assim, feliz e confiante, sempre fiz campanha aberta para a eleição do
Lula, e cantando “Lulalá” conseguimos finalmente elegê-lo em 2002. Mas após o
primeiro mandato do presidente Lula, envergonhei-me com sua política de
concessões aos maiores bandidos da república nacional, tudo em nome da
"governabilidade" e em busca de apoio no Congresso Nacional.
Já na eleição seguinte, 2006, não mais votei no PT, e
guinei-me ainda mais à esquerda, optando sempre pelos nanicos radicais. E sempre
anulando meu voto nos segundos turnos. E assim tenho votado desde então, sejam
em eleições municipais, estaduais ou federais. Não votei no PT no segundo
mandato de Lula e nem votei na Dilma. Considerava-me traído pelo PT. Afinal,
onde foram parar todos aqueles ideais de mudança ética e de postura política
responsável? Eu sei: nas mãos da quadrilha do PMDB (eterno governante real
desse país desde a época do Sarney), nas mãos de pa$tore$ evangélico$
estelionatários enganadores de pessoas simples, nas mãos de ruralistas
inescrupulosos que usam trabalho escravo e degradam impiedosamente o meio
ambiente...
Tudo isso é verdade e vergonhoso! Seria necessário mudar, elegendo-se
novos partidos de esquerda para governar o Brasil e dar continuidade ao sonho
um dia embalado pelo PT. Quem sabe o PSOL, ou o PSTU, ou o PCB. Tanto faria,
pois todos defendem os ideais de igualdade e tolerância na sociedade,
levantando a bandeira do trabalhador. Se fariam concessões, se eleitos, não se
sabe, mas se fizessem, buscar-se-iam outras legendas, sempre tentando levar a
política brasileira a um patamar de decência e visões social e ambiental.
Mas há um perigo muito maior: o do retrocesso! E isso é
inadmissível! Não se poderia jamais pensar em retroceder uma vírgula nas
conquistas sociais e nos investimentos em reformas básicas, que é o que
ocorreria numa possível vitória da inescrupulosa direita fascista brasileira.
Ou seja, uma tragédia! Ao se comparar os 8 anos de governo do PSDB, em parceria
com o DEM e o PMDB, com os anos sob o governo do PT, as diferenças são
continentais, a distância entre as políticas sociais promovidas por um governo
e por outro é abismal. Na imagem, apresento apenas um exemplo: investimentos em
saneamento básico. Outras áreas, como mobilidade urbana (principalmente transporte
público coletivo) e habitação popular, apresentam as mesmas características: a
direita nada fez. Nada! Enquanto a política petista, à revelia de todos os seus
problemas morais, foi capaz de mudar a cara desse país. E isso não é discurso
político, são números que só um parvo condicionado seria capaz de contestar.
E o governo Dilma, atendo-me apenas aos números, foi ainda
melhor. Os 4 anos de seu governo representam os maiores investimentos em
serviços públicos já feitos por qualquer outro governo na história desse país
(aproveito para parafrasear o ex-presidente Lula). Não há registros na história
de qualquer outra coisa similar já feita. E desafio qualquer um a apresentar
números tão contundentes como o do governo Dilma.
Ah, dirão alguns, e a corrupção? Bem, ela, infelizmente, é
endêmica nesse país, e ocorre principalmente no nível menos vigiado: o municipal.
Ali estão os maiores ralos de dinheiro público da nação brasileira. Mas por ser
endêmica, é estranho, muito estranho, que só se fale da corrupção petista,
esquecendo-se de toda a patifaria vergonhosa ocorrida nesse país para a
aprovação da reeleição durante os anos FHC, ou do escandaloso processo de
privatização de diversos setores econômicos, conhecido como “privataria tucana”,
ou ainda dos muitos escândalos sufocados da época da ignominiosa ditadura
militar (ou já se esqueceram dos casos Halles, Econômico, Eletrobrás, Lutfalla,
Delfin, Capemi etc.?). Não, não se busca justificar a bandidagem petista com bandidos
de outros tons políticos. Todos são bandidos, e essa é a grande diferença, e
não apenas o PT. Assim, justificar o ódio irracional nutrido contra o PT por conta
da corrupção é apenas exibir com detalhes as dificuldades cognitivas e
informativas daqueles que optaram por esse caminho do rancor político.
Exijamos sim a decência política sempre! Precisamos de
representantes que honrem esse povo trabalhador. E quem não o fizer, que vá
para a cadeia, seja de qual partido for. E não apenas de um partido, como hoje
ocorre nesse país...
Quais as minhas opções reais? Continuar com os investimentos
sociais promovidos pela Dilma, principalmente em educação, saúde e infraestrutura
urbana, ou virar à direita para acabar com esses investimentos que beneficiam principalmente
os socialmente vulneráveis, para retroceder em direitos trabalhistas
extinguindo auxílio maternidade e férias remuneradas, como pretende o PSDB e
seu candidato do famoso helicóptero, para entregar de vez esse país aos
bandidos das igreja$ evangélica$, como pretende a companheira de chapa da
candidatura do PSB. É, acho que a opção é clara.
Não, não cairei no discurso pueril e inconsequente de ódio
ao PT, como alguns mais incautos fazem ao ouvir o canto da sereia emitido por
uma imprensa cooptada. Serei mais responsável com meu voto dessa vez e
escolherei aquilo que realmente poderá ser o melhor para o país.
Por isso, declaro: dessa vez, #SOUDILMA