Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador Dinossauros. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dinossauros. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Mamute 2.0

Expedição ártica encontra restos clonáveis do animal extinto
http://br.sputniknews.com/ciencia_tecnologia/20151008/2368062/expedicao-artica-encontra-restos-de-mamute-clonaveis.html
Sputnik Brasil
Publicado em 8 de outubro de 2015

Uma expedição científica às Ilhas Lyakhovsky, na costa da Sibéria, descobriu restos clonáveis de pele e presas de marfim de um mamute lanoso – última espécie de mamute a se adaptar às regiões árticas.

A expedição exploratória internacional, liderada por cientistas da Universidade Federal do Nordeste da Rússia (UFN), em Yakutsk, foi realizada em duas etapas entre os dias 11 de agosto e 29 de setembro, segundo explicou Semyon Grigoriev, líder da equipe de exploradores e diretor do Museu Lazarev do Mamute, em uma conferência de imprensa na quarta-feira (7).

De acordo com o cientista, a equipe encontrou seis espécimes de fósseis de mamute lanoso adequados para a extração de DNA.

© Wikimedia Commons
Mapa das Ilhas Lyakhovsky
"As Ilhas Lyakhovsky são consideradas o continente dos mamutes", disse Grigoriev, explicando a escolha do local para as explorações.

"Para começar, ao lado de arqueólogos nós realizamos uma escavação na localização mais ao norte onde o homem antigo viveu, não muito longe da aldeia de Kazachye onde encontramos uma enorme quantidade de ossos de mamute, e também de ferramentas antigas", relatou o cientista russo.

"Então, depois de esperar um longo tempo pelas condições climáticas certas, seguimos para o principal alvo da nossa expedição, a Grande Ilha Lyakhovsky, onde encontramos uma grande quantidade de restos únicos", continuou Grigoriev, citando amostras de pele e dentes da espécie extinta.


"A pele é o mais interessante para nós, para o nosso projeto ‘Renascimento do Mamute’, porque os nossos colegas coreanos consideram a pele como o melhor material para uma tentativa de clonagem através da extração de células viáveis", explicou o cientista.

A expedição da UFN, batizada de “Ecúmeno Nordeste”, envolveu 16 pesquisadores de seis países e foi possível graças a uma doação de dois milhões de rublos oferecida pela Sociedade Geográfica Russa.

"Consideramos a expedição um sucesso; afinal, a partir de aparentes pequenas expedições, grandes descobertas científicas podem ser feitas", concluiu Grigorev, cuja equipe está agora se unindo a pesquisadores coreanos para analisar os restos do mamute em busca de células primárias bem conservadas, viáveis para a clonagem.

Um acordo de cooperação foi assinado em 201 entre a administração do Museu Lazarev do Mamute, sob a tutela do Instituto da Ecologia Aplicada do Norte, da UFN, e a fundação sul-coreana Soam, de pesquisa biotecnológica, dentro do projeto "Renascimento do Mamute".

O animal se tornou uma espécie de símbolo nacional da Rússia, devido à grande quantidade de fósseis encontrada no subsolo do país. Os cientistas já elaboraram o mapa genético da espécie e esperam poder criar um cromossomo vivo do mamífero extinto depois de algumas modificações com base no DNA do elefante asiático. Se bem sucedido, o resultado da experiência poderia ser implantado no óvulo de uma elefante fêmea para ser fecundado.

A ideia soa como ficção para muita gente, inclusive para grande parte da comunidade científica, que se mantém cética quanto à capacidade tecnológica de que dispomos atualmente para bancar uma experiência desse porte. Apesar de tudo, se os entusiastas da clonagem na UFN estiverem certos, imagine o quadro: daqui a alguns anos ou décadas, talvez, poderíamos ver manadas de mamutes desbravando novamente a Sibéria.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Como surgiram os dinossauros?

Alexander Kellner
Museu Nacional / UFRJ
Academia Brasileira de Ciências

Fonte: Ciência Hoje
http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/cacadores-de-fosseis/como-surgiram-os-dinossauros
Publicado em 01/01/2010

Alexander Kellner apresenta em sua primeira coluna de 2010 o estado da arte na pesquisa sobre a origem do mais famoso grupo de répteis fósseis e mostra como novos achados estão ajudando a esclarecer essa questão.

Desenhos de dinossauros do Triássico, período a que pertencem os registros mais antigos desses animais (ilustração: Langer,M.C.; Ezcurra, M.D.; Bittencourt, J.S. & Novas, F.E. 2009. The origin and early evolution of dinosaurs. Biol. Rev. 84:1-56).

Vamos começar o ano em grande estilo. Além de convocar o leitor para eleger o principal achado da paleontologia em 2009 – a primeira vez que uma iniciativa desse tipo é realizada (veja paleocurta) –, nesta primeira coluna de 2010 abordaremos um dos temas mais interessantes da pesquisa sobre dinossauros: a sua origem.

O momento não poderia ser mais propício, pois nos últimos anos diversos novos fósseis foram encontrados, ajudando os pesquisadores a formular algumas hipóteses sobre quando e onde esses répteis surgiram. Em um grande esforço de apresentar os principais dados sobre essa discussão, colegas brasileiros e argentinos, coordenados por Max Langer (USP-Riberão Preto), publicaram uma extensa revisão sobre o tema na Biological Reviews.

O que é um dinossauro?

Nos últimos anos, a descoberta de novos fósseis ajudou os cientistas a formular hipóteses sobre quando e onde os dinossauros surgiram.

O ponto de partida para se estabelecer a origem dos dinossauros é determinar quais são as espécies que devem ser classificadas nesse grupo. Ao criar o termo Dinosauria (que pode ser traduzido como "répteis terríveis") em 1842, o paleontólogo inglês Richard Owen tinha apenas três gêneros em mente: Megalosaurus, Iguanodon e Hylaeosaurus.

Quase 170 anos mais tarde, temos mais de 500 gêneros com 1.000 espécies denominadas, das quais apenas cerca de 700 são consideradas válidas. Talvez o leitor se surpreenda um pouco com essa discrepância, mas o motivo é bem simples: em muitos casos, espécies foram estabelecidas com base em exemplares muito incompletos e fragmentados, cujo estudo posterior demonstrou não possuírem características capazes de permitir a distinção de uma espécie de outra.

O consenso entre os pesquisadores determina que, para ser considerado um dinossauro, o animal obrigatoriamente tem que pertencer a um de dois grupos: Saurischia ou Ornithischia.

As principais características que distinguem os dinossauros dos demais répteis (incluindo os dinossauromorfos basais, que reúnem espécies proximamente relacionadas aos dinossauros) são encontradas, sobretudo, na bacia, pernas e patas. Entre as mais facilmente identificáveis está a região da bacia (pélvis) onde se encaixa a perna, que é chamada de acetábulo. Enquanto os répteis primitivos possuem o acetábulo fechado, coberto por uma parede óssea, os dinossauros – tanto os saurísquios como os ornitísquios – têm o acetábulo perfurado. Até nas aves, que são consideradas dinossauros, pode-se observar um acetábulo perfurado.

Bacia (pélvis) de um réptil primitivo (A), um dinossauro ornitísquio (B) e um dinossauro saurísquio (C). A região onde se encaixa a perna, chamada de acetábulo (ac, em vermelho), é perfurada nos dinossauros, mas coberta por uma lâmina óssea nos répteis primitivos. O osso mais escuro é o púbis, voltado para trás nos ornitísquios (B) e para frente nos saurísquios (C), condição também encontrada nos répteis primitivos (A).

Quando, onde e quem?

Os registros mais antigos confirmados de dinossauros são provenientes de rochas do Triássico, com aproximadamente 230 milhões de anos. Os depósitos principais estão situados na Argentina (Formação Ischigualasto) e no Brasil (Formação Santa Maria). Restos de possíveis dinossauros triássicos foram encontrados em alguns outros países, mas são muito fragmentados, o que dificulta a sua identificação. Assim, o que se pode dizer é que a origem dos dinossauros provavelmente se deu na parte sul do supercontinente Pangeia (que reunia todos os continentes de hoje), talvez no Brasil ou na Argentina.

As principais formas argentinas são Herrerasaurus, Pisanosaurus e Eoraptor, enquanto as brasileiras são Staurikosaurus e Saturnalia. Porém, existem pegadas com cerca de 233 milhões de anos que poderiam pertencer a dinossauros, o que sugere que a origem desses répteis poderia ser ainda mais antiga.

Origem e domínio

Talvez o aspecto mais problemático de toda a discussão esteja centrado na seguinte pergunta: que tipo de réptil deu origem aos dinossauros? As pesquisas apontam que os "répteis terríveis" se desenvolveram a partir de animais relativamente pequenos, presentes em ambientes terrestres há aproximadamente 233 milhões de anos. Existem duas hipóteses concorrentes: esses ‘protodinossauros’ poderiam ser formas bípedes, tais como o Marasuchus, ou formas que se locomoviam (pelo menos em parte do tempo) sobre as quatro patas, como o Silesaurus.

Os cientistas discutem se a origem dos dinossauros se deu a partir de formas bípedes, como o ‘Marasuchus’ da Argentina (B), ou de formas quadrúpedes, como o ‘Silesaurus’ da Polônia (A). Ilustrações: ‘Marasuchus’ de Maurílio Oliveira (KELLNER, A.W.A. & CAMPOS, D.A. 2000. Brief review of dinosaur studies and perspectives in Brazil. An. Acad. Brasil. Ci. 72: 509-538); ‘Silesaurus’ de Jerzy Dzik (Dzik, J. 2003 A Beaked Herbivorous Archosaur with Dinosaur Affinities from the Early Late Triassic of Poland. J. Vert. Paleont. 23: 556-574).

Aliás, diga-se de passagem, este último dinossauromorfo basal foi um dos achados mais interessantes dos últimos anos. A descoberta de Silesaurus na Europa (Polônia) demonstra que os répteis que antecederam os dinossauros eram mais diversificados do que se supunha e não estavam restritos à América do Sul (como o Marasuchus da Argentina e o Sacisaurus do Brasil). Sempre é bom relembrar que, durante aquele tempo, os continentes estavam todos juntos (formando a Pangeia), o que facilitava a distribuição dos animais por áreas bem amplas.

Reconstrução de ‘Staurikosaurus pricei’, encontrado em rochas do Triássico da Formação Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Essa forma brasileira é um dos mais antigos registros de dinossauros do mundo e surgiu antes do domínio desses répteis na Terra (ilustração: Maurílio Oliveira).

Com base no registro atual dos dinossauros, pode ser estabelecido que apenas cerca de 20 milhões de anos após o seu surgimento esses répteis começaram a dominar os ambientes terrestres. Esse domínio se deu por meio de formas herbívoras como o Plateosaurus da Europa e o Unaysaurus do Brasil e de espécies carnívoras como o Coelophysis e o Tawa da América do Norte – descoberto recentemente.

Mas um ponto parece curioso: apesar dos novos achados, os pesquisadores continuam indecisos com relação às duas hipóteses que procuram explicar o sucesso dos dinossauros. Esses répteis teriam sido mais bem adaptados às condições ambientais da época – particularmente por serem bípedes – ou então tiveram ‘sorte’ e passaram a ocupar nichos ecológicos abertos após a extinção de alguns competidores no final do Triássico?

As pesquisas continuam e, seguramente, as descobertas nos depósitos triássicos do Rio Grande do Sul vão contribuir bastante para as discussões relacionadas à origem dos "répteis terríveis".
Powered By Blogger